Promessa de dez anos

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— Yeonjun, você poderia fazer o papel da garotinha que pega o buque de flores?

Era uma sexta de tarde, em mais um dos longos dias em que o pequeno Yeonjun passava acompanhando a sua mãe no trabalho. Entretanto, aquela era a primeira vez que era pedido para substituir alguém, especialmente porque Yeonjun não tinha nenhuma sequer experiência em atuação.

O garotinho balançou a cabeça de um lado para o outro freneticamente.

— Por favor, só dessa vez! — Sua mãe segurou-o pelos ombros e colocou um grande sorriso nos* dos lábios. — Eu prometo que não é um papel difícil. Você só precisa pegar o buquê que te jogarem junto com o Soobin.

— Soobin?

A atriz da garota havia faltado, entretanto, o que faria o garotinho que estava sentado comportadamente em uma das cadeiras disponibilizadas pela equipe, esperando a sua vez. Yeonjun estava meio longe, mas conseguia identificá-lo entre o resto da staff mais velha quando sua mãe apontou na sua direção.

Yeonjun pensou mais uma vez. Pensar em atuar fazia seus joelhos tremerem, mas ao mesmo tempo, a ideia de aparecer na televisão agradava o garotinho viciado em séries da Disney.

— Tudo bem! Eu vou.

Sua mãe levou-o até um dos camarins, onde Yeonjun foi acomodado por um cabeleireiro e um figurinista. Mesmo ainda envergonhado, seguiu todas as orientações com confiança, sempre olhando com seus olhinhos curiosos nos espelhos da sala para saber como estava ficando.

Poucos minutos depois, estava pronto. Seus cabelos curtos estavam decorados por presilhas brilhantes e seu vestido cor-de-rosa o deixava igualzinho a uma menina. Estava preparado para o seu primeiro e último comercial.

[...]

— Yeonjun! O que você está fazendo?! — gritou a senhora Choi ao chegar na cozinha.

— Shh, mãe. São sete horas da manhã — respondeu com a voz baixa, sem tirar a sua atenção do que tinha em mãos. — E isso é um sanduíche triplo de geleia. Morango, mirtilo e maracujá. Tem fibra.

A senhora Choi não parecia muito surpresa, por mais que um pouco desapontada.

— Você já tem dezenove anos, Yeonjun.

— Não tem idade para criar-se ótimas ideias — resmungou de volta.

Dez anos depois, o garotinho no vestido cor-de-rosa tornou-se um estudante de música, com o sonho de tornar-se produtor em alguma empresa aclamada de K-pop. Porém, onde ainda estava, seus trabalhos eram meia-boca e vivia aos custos da aposentadoria da mãe, a qual já não trabalhava há uns bons quatro anos.

Yeonjun não gostava dos holofotes, por mais que em tese fosse uma pessoa consideravelmente chamativa. Seu objetivo era apenas ter sua assinatura abaixo de um hit, mas com certeza não imagina-se como o artista a apresentá-la.

Enquanto ainda aproveitava o seu sanduíche triplo de geleia, o telefone do apertado apartamento dos dois tocou. Ao ver que Yeonjun já não dava mais importância quando o telefone fixo tocava — o que ela entendia, uma vez que apenas os ligavam para oferecer novos planos — resolveu atender a chamada.

Tudo que Yeonjun conseguia ver da mesa eram as expressões de sua mãe. Olhos arregalados, inquietação, sorriso crescendo. Com certeza era algum tipo de boa notícia. Questionou-a assim que ela largou o telefone:

— Quem era?

— Yeonjun! — exclamou, animada.

— O que foi?!

De menina a moleque - YeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora