O valor da fama

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Soobin não era ignorante sobre sua vida pública. Ou, pelo menos, não costumava ser.

Aparecer na tela desde os 9 anos não era o tipo de coisa que trazia consequências desprezíveis. O tipo de pessoa com quem lidava, as viagens que precisava fazer para papéis e a lista de compromissos sempre cheia eram apenas alguns dos fatores que o deixaram extremamente consciente sobre tudo. Era inevitável que amadurecesse mais rápido do que as outras crianças da sua idade.

Depois de seu primeiro papel grande, aos doze, foi quando a realidade bateu. Todos em sua classe, de repente, queriam ser seus amigos (apesar de antes pensarem nele apenas como um babaca antipático), as garotas, davam-lhe cartinhas de amor cheia de figurinhas e letras doces (as quais eram surpreendentemente longas para uma pessoa com quem nunca nem havia conversado) e até mesmo os professores pareceram mais simpáticos.

Para a maior parte das crianças ingênuas, aquilo era incrível, maravilhoso. Mas Soobin já tinha noção do quanto aquelas atitudes eram falsas, e até ia além; não confiava na atitude de ninguém que já soubesse quem era antes de conhecê-lo pessoalmente.

Sua falta de confiança teria sido um problema ainda maior se não tivesse a sua prima, que sempre o espancava quando fazia cara feia para estranhos, e o novo vizinho da casa ao lado, que não tinha acesso à televisão e caçoou de Soobin por se achar famoso — que anos depois tornou-se seu empresário.

No entanto, eles não foram o bastante para restaurar a sua confiança real nos outros, mas pelo menos convenceram-o a fingir; fazer exatamente o que sabia de melhor.

Em meio aquele mar de mentiras que acreditava viver, uma única esperança continuava intacta. Os seus primeiros sentimentos de algo que não se parecia com amizade.

"Pode me chamar de Junnie."

Aquilo era real. Ele sabia que era, por isso não calava a boca sobre. Não importava o quanto seus amigos insistissem, ele a esperaria o tempo todo pois acreditava que era apenas por ela que se apaixonaria de verdade. Não importavam as condições.

E, agora, ele finalmente o tinha por perto. As coisas estavam realmente funcionando. Estava tão feliz que poderia explodir, estava tão feliz que podia apenas esquecer de toda a sua preocupação extra.

Conseguira levar não uma, mas duas broncas de Huening em menos de uma semana, apesar de Soobin ser considerado uma pessoa bem mais consciente.

Uma foto e rumores; para Kai, um péssimo sinal, para Soobin um problema fácil de ser resolvido. Talvez estivesse mesmo certo dessa vez, porém os pontos feitos por seu empresário não estavam errados, e poderiam tornar-se realidade rapidamente sem cuidado.

Porém Soobin estava preocupado demais pensando no jantar que faria para Yeonjun do que nesse assunto, uma vez que era claro que a onda de encontros dos dois não iria acabar no do shopping.

A campainha soou.

— Uau, é incrível como você também fica muito gato em roupas casuais — foi a primeira coisa que Yeonjun falou. — Boa noite!

— Boa noite. E obrigado?

Fazia não muito mais que uma semana desde a primeira vez que o visitou pela primeira vez, e aquele já era o terceiro encontro que tinham. Se contassem com a quantidade de tempo que passavam mandando mensagens ou no telefone, aquela era uma quantidade bem grande de tempo passando juntos, e nenhum dos dois tinham reclamações sobre aquilo. Estava estampado nos sorrisos bobos em sua caras.

— Hum... Que cheiro é esse? — insinuou ao aproximar-se da abertura da cozinha, o que o fez aproximar-se ainda mais da panela sobre o fogão. — Talvez... Teokbokki?

De menina a moleque - YeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora