Poemas de amor e ódio

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Meu amor é feito de poemas. Poemas intensos, tristes, instáveis e assustadores que viram apaixonantes, encantadores, perfeitos, entregando da forma mais total possível tudo de mim até transbordar em ondas transparentes como água do mar. E mergulho mais fundo, me afogo em lágrimas de insegurança enquanto imploro aos pés de algum qualquer para não ser abandonada. A partida inevitável me atormenta enchendo mais e mais as linhas poéticas encharcadas de lágrimas misturadas com o sangue ainda pingando do meu partido coração.

Meu amor é feito de lágrimas. Prantos inseguros e assustados, tão urgentes que conseguem derramar o oceano dos meus pequenos olhos abaláveis, mas apesar da infelicidade, conseguem derramar alegria nas gotículas salgadas que rolam pela minha face sem ligar para a minha vontade. Inundam mais meu interior do que o lado de fora e assumem o controle, me arrependo e a vergonha me afasta, puxando-me para longe como uma correnteza forte demais enquanto sou somente uma criança, alguém fraca o suficiente para não tentar lutar contra, apenas continuar a ser levada pelo desespero envolto e diluído nas águas como suco em pó.

Meu coração é feito de sangue. Arrancado pelas minhas mãos, eu o entregaria sem pensar duas vezes. Quem tem meu amor, minha poesia e minhas lágrimas precisam dele, mas elas sempre negam e voam para longe de mim parecendo que se queimaram com o fogo ardente do meu interior. Fico aqui, com o órgão vital ainda batendo e pingando o líquido viscoso avermelhado como ketchup se misturando com o mar caindo de forma energética enquanto tento controlar meu corpo trêmulo. Pergunto-me se é o que me falta para estar completa, no entanto, não consigo o encaixar de volta em seu lugar, ele expandiu ou encolheu?

Meu coração é feito de dor. A cada batida dolorida ele implora por descanso eterno e me pergunto o motivo para que estejamos tão cansados, talvez lutar não seja bom para nós, ou a insistência do pensamento sobre ser melhor estar machucada do que machucar esteja verdadeiramente me cortando com lâminas extremamente afiadas e facas perfeitamente amoladas como as da cozinha da minha casa. Meus pulmões faziam de forma preguiçosa o seu trabalho enquanto eu implorava por mais oxigênio, a falta de ar era tão torturante quanto sentir o órgão vermelho batendo frenético contra minhas mãos.

Meu coração é desfeito, lhe faltam pedaços que foram-me arrancados por unhas grandes logo tingidas pelo vermelho intenso. Imploro para tê-los novamente apesar delas não poderem ouvir, estão ocupadas demais dando atenção para si mesmas no espelho, vendo como seu mais novo enfeite fica combinado a sua aparência monstruosa, embora tão bela que seja fascinante como um feitiço, como a mais pura magia feita por algo sobrenatural, por isso tão instigante para malditas pessoas curiosas como eu.

Meu amor é inseguro enquanto nutro de forma genuína uma paixão que quando chegar ao fim terá levado novamente mais um pedacinho de mim. Mas ele ainda me encanta, faz minha poesia florescer dos cantos criativos do meu ser que não foram destruídos por mim mesma como forma de agradar um pouco mais quem é alvo dos meus anseios românticos, deixa que eu cantarole canções belíssimas sobre algo que gostaria de finalmente ter. Ainda estou desamparada quando meu coração implora por esse sentimento tanto quanto pela dor física feita por qualquer objeto cortante que possa me servir. A primeira opção é melhor, portanto sempre a escolho.

Meu amor é contrastante ao ódio. Ódio esse pela pessoa que olho no espelho e ainda me pergunto quem é, embora devesse saber muito bem definir de trás para frente a resposta tão aguardada pelo meu ser. Todos diziam "ame a si mesma antes de amar outra pessoa", mas eu resolvi escutar a baixa voz da teimosia, que sussurrava "vá, se apaixone". Meu amor está desgastando, resta-me o ódio que tenho rezado aos prantos para ser levado pela poesia que mora em mim.

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Meu amor é feito de poesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora