Corta,pesa e embrulha, carrega a peça,reza e luta,não faço oque eu faço porque quero fazer,na selva de concreto foi o jeito que achei pra sobreviver,desde moleque eu sonhava em brilhar no mundo inteiro,ser jogador ou mc,mente de um pivete brasileiro,mas porcos do Planalto roubam nosso dinheiro,polícia oprime em favelado mete medo e nem falei do preconceito,moleque novo na favela leva bala só por ser preto, é como querem exigir respeito? polícia mata,joga na mochila do pivete peça de 1kg que nem vende na quebrada.O crime não compensa a ambição vai lá encima depois da primeira recompensa,e pra saber como eu entrei ? Puxa a cadeira e senta,na sexta série não tinha preocupação,só queria saber de pipa e bola,em casa não tinha televisão,pulava o muro da escola pra fumar maconha com meus irmão,o moleque tinha 16 e já era espelho facção,jogava o pacote na minha mão e falava "Ae menó toma vintão,leva ali pra cima esse pacote e fica tranquilão,quando tu voltar te lanço mais dez pra ficar firmão"Esse era meu ganha pão.Do sétimo ao oitavo eu tava no corre,entregava prensado,pó e base,com catorze comprei minha primeira nave,cortava giro e tirava onda,nono ano e ensino médio passava longe,achava que o mundo não derrubava,com 16 tive minha primeira passagem,assalto a mão armada,"todo mundo no chão ou rola bala,passa toda grana do caixa,desliga a porra do celular velha desgraçada" "Pá pá" polícia foi comunicada "Mão na cabeça vagabundo" era só soco e chute na minha cara. Com dezoito voltei do inferno carregado de ódio,mente desejando prata e abalado no psicológico,sem opção e aprendizado voltei pro corre,agora era faccionado,comandava o crime organizado,novão e ambicioso "Pode vim até exército que eu encaro"De um lado os amigos de infância e aliado,entrando no corre pra ter arroz e feijão no prato. Só produto de qualidade e mercadoria gringa,tem a pedra que faz o noiado vender a mãe só pra poder dá uns trago,tem prensado e haxixe verdinho da marijuana,carga colombiana me inspira a escrever e me tira da neurose e do drama,tem a coca boliviana,a branca da boa deu um tiro e perna bamba. Com vinte e três meu vulgo rodava na língua de todo mundo,todos tinham respeito e educação,era mó função cada semana era mais um placo de dinheiro pro meu calção, pescoço pesava pelo ouro corrente 18 quilate,as cachorra tudo late quando colava no baile,com a Glock na cintura maquinado e de navona dando fuga nas viatura,mas nem tudo era felicidade,vi vários parceiro morto na missão por pura maldade,vi na minha frente toda a bosta,amigo de infância levando bala rendido com as mãos nas costas,mas pivete vai em paz,logo logo tô aí pra nós trocar umas ideia como antes meu rapaz. As vezes sonho em voltar no tempo a alguns anos atrás,soltar pipa e jogar bola,empinar de bicicleta se ralar assopra que sara,tenho saudade até da minha coroa me descendo a vara,tentava me educar pra que o mundo não educasse, me perdoa mãe não tive outra opção se não fosse o crime quem ia me dá oportunidade ? Comércio obscuro, encheu meu bucho, é assim que vivo,assim que faço o meu dinheiro sujo.