Prólogo

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A linda e simpática Bernadete lavava os copos usados mais cedo. A jovem trabalhava no bar de sua tia limpando mesas e entregando pedidos quando pequena, hoje ela assumiu os negócios da família e trabalha como bartender.

Terminando de secar o último copo, saía de trás do balcão para fechar o estabelecimento quando um velho barbudo e barrigudo adentrou o local. Vestia uma camiseta branca encharcada de vômito, provavelmente dele mesmo, e calças rasgadas. O cheiro de bebida alcoólica podia ser sentido de longe. Aparentava ser um mendigo, porém Bernadete o conhecia e sabia que não iria para casa tão cedo se o servisse.

O velho se aproximou do balcão e se sentou em um dos assentos. Se preparava para fazer o pedido quando a bartender o interrompeu.

— Richard, — disse a mulher — eu já fechei por hoje.

— Ah minha jovem, não faz isso comigo. Acabei de vim do Frederico, ele me expulsou por causa das dívidas...

— As que você também me deve?

— Por favor, — o velho implorou, entristecendo o semblante — sabe que eu não consigo dormir sem beber.

Reconhecendo a necessidade do senhor, que buscava a ajuda da jovem desde que assumiu o bar, ela acabou cedendo-lhe uma bebida. Richard ficou feliz pela compreensão da jovem, era uma das poucas pessoas que ainda o apoiavam.

Enquanto Bernadete preparava uma batida, a mesma que Richard pedia toda vez, uma mulher entra no local. Sua entrada foi anunciada pelo tintilar do sino pendurado em frente a porta. Ela se senta a um assento de distância do velho e pergunta:

— Ainda está aberto?

A jovem estava prestes a responder negativamente à pergunta da mulher, mas foi interrompida.

— Claro, a noite acabou de começar. Um Bob Marley para a madame, por favor.

Ficou frustrada pela comodidade dos dois clientes, mas resolveu acelerar o preparo das bebidas. Imaginou que quanto antes bebessem, mais cedo iriam sair do bar para fornicarem em algum canto escuro.

— Eu sou Richard, prazer! — Disse o velho, estendendo a mão.

— Me chamo Victoria, é um prazer conhecê-lo também.

Victoria não era jovem, mas também não aparentava passar dos cinquenta. Não possui verrugas no rosto e sua pele não está enrugada, mas seu cabelo já atingiu o auge da idade, estando esbranquiçado. Vestia um longo vestido vermelho, bem justo, com saltos pretos e jóias por todo o corpo. É uma senhora culta, tanto suas roupas e jeitos, quanto seu vocabulário.

— Nunca te vi por Vêneto antes, está de passagem?

— Não, — respondeu, sorrindo — me mudei para esta bela cidade hoje mais cedo e pretendo ficar por um bom tempo.

— Fico feliz em ouvir isso.

Uma troca de olhares repentina surgiu entre os dois, ambos pareciam flertar um com o outro de forma sutil. Os olhares cessaram quando Bernadete trouxe as bebidas e as pôs na mesa, alertando ao velho com os olhos para que se apressasse.

— Então, Victoria. Já visitou a praça? Ela fica esplêndida a essa hora. — O velho tentava propor um encontro, de forma sutil.

— Ah, senhor Richard. Por que não pulamos a conversa fiada e vamos ao que realmente importa?

— Do que está falando? — Perguntou, se fazendo de desentendido.

— Eu sei que você quer me levar para a cama. Estou certa, senhor Richard?

A Partida Da Sua VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora