{Capítulo 1}

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   E, mais uma vez, encontro-me no mesmo parque de sempre, a passear a minha cadela, Anya.

   Anya, é uma cadela de raça "husky". Sempre gostei muito desta raça. Ela, a minha cadela, tem um olho azul e outro castanho, caraterístico da sua raça. Alguns cães desta raça, ou têm os olhos claros ou então um de cor diferente do outro. Normalmente, estes cães têm o pêlo preto e branco, mas vê-se também de pêlo beje e branco ou então só brancos.

   Anya, foi-me oferecida pelo meu pai no ano passado. Ainda era um cadela indefesa, quando veio para os meus braços, ou seja, Anya tem cerca de um ano. Foi o melhor presente que alguma vez me poderiam dar, porque Anya parece compreender-me quando estou triste ou quando o meu trabalho corre mal, ou até mesmo, quando estou prestes a chorar mas não o quero fazer. Quando me vê assim, Anya vem para a minha beira, na cama ou no sofá e deita-se nas minhas pernas, começando a lamber-me a mão, como se a dizer "estou aqui para o que precisares". Pode ser ridículo, mas a minha cadela é mesmo assim.

   Algumas crianças estão a brincar nos escorregas ou nos baloiços e o ambiente é muito bom. Ouve-se os risos de alegrias, ouve-se gritos quando o pai ou mãe empurra demais o baloiço e este vai muito alto, ouve-se choros porque cairam.

   Está a ficar escuro e, por isso, aos bocados, as crianças estão a desaparecer do parque.

   Só venho passear Anya depois do trabalho e normalmente saio às 18h. Aos fins-de-semana, também venho passeá-la, mas normalmente venho correr e fazer um pouco de ginástica até a este parque, mas trago-a sempre comigo.

   Hoje é sexta-feira, o que quer dizer que a minha tia vem jantar à minha casa, acompanhada com o meu pai.

   A minha tia sempre foi como uma mãe para mim, desde os meus 14 anos, quando a minha mãe faleceu de cancro na tiróide. Eu não dormia, não comia, não convivia com os meus amigos e a minha tia ajudou-me a ultrapassar isso, sendo a mãe que eu já tinha perdido. Ainda não ultrapassei muito bem a morte da minha mãe, mas agora tenho 21 anos e compreendo que tenho de deixar para trás o passado, mas uma mãe é uma mãe.

   Estou agora a caminha da minha pequena casa com a Anya presa a uma trela que levo na minha mão, conduzindo-a comigo.

   A minha casa é razoávelmente longe do parque. Levo cerca de 15 minutos a chegar a minha casa.

   Quando chego, abro o pequeno portão branco, entro no meu jardim e vou em direção à porta branca. Procuro a chaves no meu casaco de couro e quando encontro rodo-as na pequena fechadura e abro a porta. Entro em casa e o ar quente invade a minha cara, fazendo com que a minha pele se arrepia-se com a mudança de temperaturas. Tiro o meu casaco e penduro-o no bengaleiro. Tiro a trela a Anya e deixo-a andar livremente pela casa.

   Anya é uma cadela inteligente, pois sabe onde deve fazer as suas necessidades, entre várias coisas.

   Dirijo-me à cozinha e começo a fazer o jantar, calculando que o meu pai e a minha tia iriam chegar pouco tempo depois.

   E, como calculei, a campainha soa, pouco tempo depois, por toda a casa. Deixo o que estava a fazer e vou até à porta, abrindo-a.

"Tia!" Digo quando a vejo e abraço-a. A minha tia estava a trabalhar longe de Holmes Chapel, o que fazia com que ela viesse só ao fim-de-semana até a casa.

"Clancy!" Ela diz e retribui o abraço. Olho por cima do ombro da minha tia, enquanto a abraço e vejo o meu pai a sorrir, certamente orgulhoso.

"Pai..." Chamo-o e desfaço o meu abraço com a minha tia e começo um abraço com o meu pai. E, o meu pai abraça-me. O meu pai também é um homem ocupado. Ele é advogado e, de vez em quando, passa a semana fora, para tratar dos seus casos e esta foi uma dessas semanas. "Tinha saudades tuas!" Eu admitit. A verdade é que eu sou muito ligada à família e se passar um pouco sem o meu pai ou a minha tia, que foram os que me apoiaram mais, morro de saudades.

"Eu também tinha saudades tuas, Clancy..." O meu pais diz, com a sua voz um pouco rouca, indicando que estava cansado. Eu sorrio com as suas palavras e parto o abraço.

"Vou ver a comida. Entrem!" Disse, e eles entram, seguindo-me até à cozinha. "Tia, será que podias colocar os pratos e isso, na mesa?" Pergunto docemente à minha tia e ela assente.

   Pouco tempo depois, os bifes e o arroz que preparei estão em cima da mesa e nós estamos em volta desta a comer.

"Então, a Anya tem-se portado bem?" O meu pai pergunta.

"Sim, ela ainda é um pouco pequena e só quer brincar, então no outro dia chegou com o meu chinelo à minha beira e atirou-o para cima do meu colo, para eu brincar com ela." Informo e o meu pai ri-se um pouco.

"A tua cadela é um amor!" A minha tia diz.

"Sim, ela é." Digo e continuo a cortar o meu bife.

   Durante um pouco de tempo, só se ouvia os talheres a bater nos pratos, mas a tia decide quebrar esse barulho.

"E tu, ainda arranjas-te um namorado ou assim?" ela pergunta e eu engasgo-me com a água que estava a beber. Nunca esperei que este assunto fosse puxado.

"Tia, para quê? Para ele me chatear a cabeça?" Pergunto, retoricamente. "Já me basta o meu pai..." Digo a brincar e este olha para mim com um sorriso e eu retribuo o sorriso como se dissesse 'desculpa'.

"Não, para te chatear, não! Para te chatear a cabeça chega o teu pai como tu disseste..." Ela diz e eu rio em conjunto com a minha tia.

"Vocês falam mas não conseguiam viver sem mim." Ele diz, na brincadeira. Mas é verdade, pois eu nunca conseguiria viver sem o meu pai ou sem a minha tia.

"Pois, claro." A minha tia diz, ironicamente. "Mas, voltando ao assunto..." Ela diz e eu reviro os olhos. "Era para alegrar esta casa, assim eram três nesta casa e tu, de certeza, que eras mais feliz. E, se te acontecesse alguma coisa e eu ou o teu pai não estivessemos aqui, o tal rapaz estava e ajudava-te."

"Eu não sei, tia." Digo e abano a minha cabeça negativamente. "Acho que ainda não estou preparada..." Digo meio a perguntar.

"Tu é que sabes, mas se te apaixonares, o rapaz é sempre bem-vindo à família."

"Eu sei que é!" Digo e sorrio. Reparo que o meu pai não está a falar muito. "Pai, o que se passa? Estás muito calado e não estás a contar as tuas piadas secas..." Eu estou realmente muito preocupada.

"Estás a crescer depressa demais e eu não quero isso..." Ele admite e olha-me nos olhos.

"Pai, sabes que serei sempre a tua menina. Nenhum rapaz me vai roubar de ti, mesmo que me apaixone."

"Sim, eu sei. Sabes, eu amo-te muito e não te quero te perder como perdi a tua mãe. De um dia para o outro. " Noto que ele está quase a deixar cair uma lágrima e levanto-me, indo até à sua beira. Abraço-o e deixo-o chorar. Passamos algum tempo assim, mas quando vi que ele estava mais calmo larguei-o.

"Tu vais-me ter sempre ao teu lado. Eu amo-te, pai!" Ele volta a abraçar-me, mas logo me larga. "Vou arrumar a cozinha. Tia, ajudas-me?"

"Sim, claro."

"Pai, se quiseres podes ir para a sala, ver televisão." Eu digo e ele assente indo para a sala.

   Arrumei a cozinha e lavei a loiça com a ajuda da minha tia e fomos até à sala. Sentamo-nos com o meu pai, no sofá e ficamos a ver um filme que passava.

"Está a ficar tarde, é melhor irmos Arthur." A minha mãe informa o meu pai e levantando-se do sofá. Pegam nos seus casacos e levo-os até à porta. Dou dois beijos a cada um e abro a porta.

"Boa noite e até para a semana. Conduz com cuidado, pai! Amo-vos!" Digo, antes de fechar a porta.

   Estou cansada e já se faz tarde, por isso, deito um pouco de comida a Anya e vou para a minha cama. Visto o meu pijama, trato da minha higiene pessoal e volto para a cama. E adormeço, assim que me deito.

Anya {harry styles}Onde histórias criam vida. Descubra agora