Capítulo 4

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❝𝑰'𝒎 𝒘𝒆𝒍𝒍 𝒂𝒄𝒒𝒖𝒂𝒊𝒏𝒕𝒆𝒅 𝒘𝒊𝒕𝒉 𝒗𝒊𝒍𝒍𝒂𝒊𝒏𝒔 𝒕𝒉𝒂𝒕 𝒍𝒊𝒗𝒆 𝒊𝒏 𝒎𝒚 𝒃𝒆𝒅.❞ 𝐻𝑎𝑙𝑠𝑒𝑦 - 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙


Meu corpo estava pesado, quente... Molhado. Demorei os segundos mais lentos possíveis para conseguir abrir meus olhos, e mesmo estando ciente de que estavam abertos, precisava fazer uma grande força para mantê-los assim. A escuridão pintava grotescas formas em minha mente, mas eu sabia que estava sozinha - não havia barulho algum. Puxei ar nos pulmões e foi então que finalmente pude acordar; Uma dor latejava o fundo de meu crânio, tão forte que quase me fez manter os olhos fechados definitivamente. Havia água no chão, com certeza, mas haviam outro líquido ali, grudando minhas madeixa no que parecia concreto.

Sangue.

Normalmente eu gritaria, pediria por ajuda, mas algo me dizia que não era uma boa ideia.

Tentei erguer o corpo, mas falhei. Respirei fundo novamente, forçando meus braços a responderem meus comandos, e eles obedeceram eventualmente. Consegui apoiar os cotovelos, com muito esforço, e com isso inclinar meu corpo, quase me sentando. Havia uma dor muito grande me ocorrendo pelo o corpo, mas ela se espalhava tanto que era difícil identificar sua origem, só o que eu sabia era que eu sangrava.

Aos poucos o que era a completa escuridão, foi cedendo em meus olhos, me permitindo ver ao menos o mínimo. O local era grande demais, repletos por enormes vitrais, alguns contendo apenas alguns pedaços de vidro, que provavelmente foram quebrados com o tempo - ou crianças. Algumas fileiras de bancos se seguiam até o fundo, e a porta de madeira estava fechada. Percebi que estava no altar, logo abaixo das imagens que antes me confortavam, e que agora apenas completavam o tenebroso cenário.

Tem algo errado comigo.

Mais do que aquilo parecia uma história de terror, eu sentia que algo estava fisicamente errado. Meu corpo todo adormecia de dor, mas a latência atrás de meu crânio era algo insuportável. Com toda a força que eu pode reunir, ergui a mão até a parte de trás de minha cabeça, especificamente acima da nuca.

O que?!

Meus dedos afundaram contra o tecido mole. Pude sentir os ossos ao redor, mas o espaço era grande o suficiente para que meus dois dedos pudessem afundar alguns centímetros. Aquilo me desestabilizou. O ar arranhou meu peito e não saiu mais por meu nariz ou boca, apenas ficou ali, preso. Meu corpo tremeu, sem nem perceber a dor física que ainda estava ali, e o pânico tocou minha alma.

- Amelia? - Uma voz ecoou, e eu percebi que vinha da porta antes fechada.

Então ali estava ele. Carlisle corria em minha direção, o semblante apavorado e abaixo dos olhos haviam camadas brilhosas do que eu imaginava serem lágrimas. Eu continuava ali, os dedos dentro da camada craniana, os olhos arregalados, os lábios abertos e sem respirar.

- Amelia! - Ele se ajoelhou ao meu lado em pressa, tocando meu rosto com ambas as mãos. - Amelia, meu amor...

- ... - Meus lábios se abriram para direcionar qualquer coisa a ele, mas uma vez que o ar perdeu seu rumo, eu o puxei com a garganta em desespero.

O homem pareceu perceber, e então o desespero também lhe tomou a face. Rapidamente ele se posicionou atrás de meus ombros, deitando minha cabeça contra suas coxas. Ambas as mãos foram de encontro ao meu peito, onde em um empurrão só foi o necessário para que o ar fosse obrigado a sair.

- Respire, Amelia! Por favor, meu amor... - Ele agora me tinha envolvida nos braços. - Não posso perde-la!

E em uma grande e intensa puxada de ar, estalando finalmente toda a dor que antes eu tinha esquecido, de uma vez só, deixei um grito escapar agonizando pela a garganta.

✞ 𝐋𝐎𝐒𝐈𝐍𝐆 𝐆𝐀𝐌𝐄 ✞Onde histórias criam vida. Descubra agora