Madeira de Eucalipto

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Ponto de visão do Hyunjin

Eu poderia começar a contar a minha história como todas as outras, seja narrando minha infância, ou contando as desgraças da minha adolescência, e quem sabe, contando sobre as brigas escolares que já presenciei. Por algum motivo, as pessoas gostam de algazarra — preciso dizer que estou incluído nisso. Quando eu me divertia nos intervalos da escola, não fazia ideia que a minha vida após a formatura seria tão perturbada.

Claro, sempre estive ciente de que os adultos estão sempre cheios de problemas, principalmente os que ainda estão se adaptando aos horários novos, às rotinas e às metas; Quando me formei, não liguei muito para isso e, sinceramente, me arrependo. Mas, por favor, não me achem um burro. Durante os últimos anos escolares, terminei dois cursos de linguagem e no final do ano letivo, era fluente em inglês e italiano. A Coréia poderia sim, me proporcionar muitas oportunidades para uma carreira desejada, mas eu sabia que não era pra ser. Eu sempre fui apaixonado pela Itália.

Agradeço eternamente à minha mãe, que me apoiou desde o começo, quando aos quatorze anos, lhe contei que queria morar na terra da bota. Mesmo sabendo que sentiria minha falta, ela fez o que pôde para me fazer feliz, ajudando-me principalmente com o dinheiro da passagem — a qual era bem cara, na concepção de nós dois. Meu padrasto foi um carrasco no começo, mas também foi solidário e além de emprestar dinheiro, deu inúmeros conselhos sobre o país. Ele pegou tudo da internet na noite anterior, quando estava prestes a dormir.

O engraçado é que eu já sabia de absolutamente tudo. Acho que ele não entendeu realmente o que eu quis dizer com: "Sou fanático pela cultura italiana desde minha juventude", quando ainda estávamos nos conhecendo. Minha mãe me olhou estranho quando quis me adaptar aos hábitos italianos, porque passei a beber todo o café dela — bebida que inicialmente eu detestava —, ela me xingou muito e quase levei uma pisa. Arrisquei ficar com os dentes amarelados para me sentir familiarizado com o pessoal da Itália e recebi de bônus o ódio gratuito da minha mãe!

Viajei sozinho aos vinte e um anos atrás de independência, com duas malas extremamente pesadas cheias de roupas e pertences, muito dinheiro que foi guardado durante muitos anos e uma positividade invejável. Estava feliz e qualquer pessoa teria notado o quanto eu estava me preparando para aquela mudança de vida gigantesca. Vi inúmeros pontos turísticos da cidade de Taranto — onde decidi morar —, até mercados e drogarias pela internet; aluguei em um site confiável um apartamento e verifiquei corretamente onde cursaria turismo, para não cair em golpe.

Desde a minha chegada, me sinto exausto excessivamente.

Fico pouco tempo em meu apartamento — penso seriamente que teria sido melhor ter ido atrás de uma van e não um lugar extenso como aquele — , assim, passo boa parte dos meus dias na faculdade e quando tenho tempo livre, caminho pelas ruas, com um copo de café em mãos, ouvindo muita algazarra. Italianos são quietos nem de longe! Eles elevam o tom de voz naturalmente, xingam toda hora e dão risada de forma contagiosa. Particularmente, eu amei quando descobri. Sou muito escandaloso e exagerado em tudo, assim como eles. É o meu jeito. Fala sério! Eu nasci para viver na Itália!

Entretanto, há certas coisas negativas também, como tentar ignorar o cheiro de cigarro toda vez que piso em literalmente qualquer lugar. Aqui podemos criar nosso próprio cigarro e eu achei a ideia de cururu, porque alguma hora, alguém vai fazer muita merda. A Itália pode facilmente ser o Chernobyl 2.0, há tanta radioatividade nas mãos das pessoas! Uma coisa nova que aprendi foi que uma pessoa não precisa ser fumante, mas se ela viver um dia em qualquer cidade da Itália, o pulmão fica podre do mesmo jeito!

Logo a renda apertou e precisei adicionar o que mais temia em minha rotina: um emprego de meio período. Claramente eu sabia que o dinheiro acabaria uma hora ou outra e aí iria precisar encontrar um meio de conseguir pelo menos um salário mínimo. Meu professor contou na segunda semana do curso sobre uma empresa prestigiada que está disposta a contratar novos funcionários após a formatura.

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