Eu preciso de um conselho

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Raul já arrumava as malas para o dia seguinte, estava realmente animado para o dia que vinha a seguir. Finalmente iria para Inglaterra! Para Londres! Raul ainda passou as noites anteriores tentando se convencer de que aquilo era real. Não era um sonho.

Ele é acordado dos pensamentos por uma batida na porta. Carla, sua irmã mais velha, entra.

- Ra, podemos conversar?- diz Carla.

- Ah? Claro.

- Eu queria te dizer uma coisa.- Carla parece muito nervosa. - Eu..... sougay- diz tão rápido que foi quase impossível de entender. 

Mas Raul entendeu, porém, perguntou sem acreditar;

- Pera, que? acho, acho que não entendi direito.

Carla respirou fundo, foi incrivelmente fácil falar com o resto da família, já que sabia que eles levariam o assunto tranquilamente. Mas ela conhecia seu irmão mais novo, sabia que ele nunca gostou do assunto. De qualquer maneira, Lucas, o irmão do meio, colocou em sua cabeça que não importa o que o Raul achasse, ela iria continuar sendo amada pela família. Okay, não foi com essas palavras, mas ele quis dizer isso.

- Raul, eu gosto de garotas.- disse mais calma.

- Pera, você o que?- Raul estava surpreso, surpreso não, desesperado, não, decepcionado, com raiva, inveja, ciúmes . Nem ele sabia o que estava sentindo. Ele simplesmente não sabia como reagir, não sabia que expressão estava fazendo, mas provavelmente era de nojo, nojo genuíno, de sua irmã, nojo de si mesmo por ser assim, por ter uma irmã assim.

 Ele voltou de seus pensamentos quando se deu conta que ele realmente estava com uma cara de nojo, pois sua irmã saiu correndo do quarto, e podia ter jurado ter visto uma sombra de uma lágrima, sua irmã nunca chorava. Em seus 16 anos de vida, não se lembrava de uma vez que sua irmã chorou. Ele realmente fez merda.

Mas Raul não teve tempo de pensar em ir atrás de sua irmã, a campainha tocou logo em seguida. Logo ele se lembrou do amigo ¨Como posso ter esquecido do Odara?¨

Correu e abriu a porta e se assustou com a cena. O Odara, Odara Saidi, seu amigo desde a infância, estava chorando, e não tentava disfarçar! Ele não teve tempo de dizer nada, (e desconfiava que quanto mais de boca calada, melhor, pois fez estrago sem ao menos reproduzir algum som, imagina se falasse) pois Odara já o abraçava.

Depois de tentar acalmar o amigo, ele o levou para seu quarto. Os dois estavam se olhando, nenhum queria dizer nada, mas Odara quebrou o silêncio;

- Desculpa...

- Não peça desculpas, você não falou nada de errado.- Raul diz tentando amenizar a tenção.- Vai me dizer por que está chorando??

- Bem, eu não sei nem por onde começar.

- Por que não começa pelo começo? 

- Boa ideia- Diz Odara suspirando, mas com um sorriso.- Eu fui me despedir da minha família.- Raul se ajeitou na cama, sabia da relação difícil de Odara e sua família.- E não foi nem um pouco bom. Eles me disseram coisas, coisas que prefiro não lembrar. No fim, acharam que eu tinha voltado para o lado ¨certo¨ novamente, quando eu disse que eu era o que era, que tinha nascido assim, ele me colocaram para fora de casa novamente.- Odara já estava com os olhos brilhantes, visivelmente lutando contra as lágrimas.

- Como assim você é o que é? Odara, acho que tem uma parte dessa história que eu não estou sabendo.- Raul foi insensível ao perguntar aquilo devido o estado do amigo, ele sabia disso, mas não pode se conter.

- Raul, eu fui expulso de casa, eu não saí por conta própria. Eu fui expulso, pois eu....- Odara hesitou, sabia de que seu amigo não gostava desse assunto, toda vez que alguém tocava nisso ele ficava visivelmente desconfortável. Mas mesmo tomou coragem, e falou- Eu sou gay.

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⏰ Última atualização: Mar 21, 2021 ⏰

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