Line Without a Hook

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Ela mirava o teto.

Seus dedos passeavam pelos cabelos ruivos de Zelda, que dormia tranquilamente sobre seu peito, sua respiração compassada acalmava sua mente barulhenta.

- oh, baby, I'm a wreck when I'm without you. I need you here to stay.
I broke all my bones that day I found you
Crying at the lake

A música lhe veio a mente, e ela passou a cantá-la, baixo o suficiente para que a ruiva não acordasse, praticamente um cochicho.

- Was it something I said to make you feel like you're a burden?
Oh, and If I could take it all back
I swear that I will pull you from the tide

Seus dedos continuavam a correr pelos fios ruivos da mulher ao seu lado, sutilmente. E a chuva que caía lá fora fazia um barulho agradável.

-Darling, when I'm fast asleep
I've seen this person watching me
Saying, "Is it worth it? Is it worth it? Tell me, is it worth it?"
Guess there is something, and there is nothing
There is nothing in between

Sentiu Zelda se ajeitar, passando a mão pela sua barriga. Um sorriso fraco surgiu em seus lábios. Gostava daquela sensação. Da simples sensação de ter Zelda se aninhando ao seu lado.

-And in my eyes, there is a tiny dancer
Watching over me, she's singing
"She's a, she's a lady, and I am just a girl"
She's singing, "She's a, she's a lady, and I am just a line without a hook"

Ela era como essa música, às vezes achava que Zelda era boa demais para ela, perfeita demais para ela. E a ideia de não ser boa o suficiente para estar com a ruiva, de um dia ter que deixá-la ir, porque era melhor, lhe deixava com o coração apertado. Um pé atrás.

Lilith havia parado de cantar, submersa em seus pensamentos. E Zelda havia acordado em algum momento, que ela não notara.

A mão da Zelda subiu até o vão entre seus seios, traçando um desenho invisível, fazendo com que Lilith olhasse em sua direção.

- Ainda acordada, Lily? - A ruiva ergueu a cabeça para olhar a morena.

Lilith a fitou, apenas lançando-lhe um sorriso de canto.

- Você é boa até demais pra' mim, Lilith - Ergueu o corpo, ficando sobre seu cotovelo.

- Sabe que odeio quando faz isso. - A morena a repreendeu.

- Você está acordada em plena madrugada cantando, Lilith. - A ruiva percorreu seu rosto com o olhar - O que há de errado?

"Acontece que você é linda, perfeita, boa demais. E eu não tenho certeza se eu te mereço, mas mesmo assim, eu quero casar com você, passar os dias dessa maldita eternidade com você, compartilhar um futuro com você. Eu quero ter tudo isso com você e só com você, Zelda. Porque eu te amo e pensar na possibilidade de ter que desistir de você, me machuca profundamente, como uma faca sendo cravada em mim."

Ela queria dizer tudo aquilo, cada palavra, olhando nos olhos da ruiva. Queria simplesmente demolir todas as barreiras que um dia havia construído, mandar tudo se danar e finalmente dizer tudo que pensava todas as noites em que ficava acordada enquanto a outra dormia. Mas ainda não estava pronta, ainda não tinham chegado àquele nível, sentia isso, e não queria assustar Zelda, sufocá-la com um descarrego emocional.

- Nada, Zelds. Eu só... estou pensativa. - Suspirou.

- E qual o motivo dessa mente barulhenta? - O olhar da ruiva procurava respostas para suas perguntas.

- Nada com o que se deva preocupar, querida. - Lilith lhe deu um sorriso fraco para tentar demonstrar que estava tudo bem.

Os dedos de Zelda desenharam o formato dos lábios morena, curvados em um pequeno sorriso. Ela não sabia o que estava acontecendo com a outra mulher, mas poderia se quisesse. Entretanto não o fez, não queria invadir a privacidade de Lilith. Se a morena ainda não estava pronta para dizer o que pensava, estava tudo bem. Ela havia construído barreiras ao longo da vida para se proteger de cicatrizes profundas. E ela esperaria o quanto fosse necessário, pacientemente, até que a a outra mulher estivesse finalmente pronta para dizer em voz alta seus sentimentos.

- Eu te amo. - A ruiva disse praticamente em um sussurro.

O coração de Lilith acelerou. Zelda havia dado um passo e a estava ajudando à dá-lo também. E ela podia sentir parte do que queria dizer perto de ser finalmente dito. As palavras estavam na superfície, esganando-a para serem finalmente libertadas.

- Eu também te amo. - Um sorriso preguiçoso surgiu em seus lábios. Ela finalmente havia relaxado. Parte da tensão antes sentida havia ido embora.

Zelda se abaixou, unindo seus lábios aos da morena. Sutilmente, assim como o momento pedia. Ela sentira como se tivesse dado um passo a mais e havia conseguido fazer com que Lilith também desse esse passo.

A ruiva voltou a se aninhar no vão entre o ombro e o pescoço de Lilith, dando um beijo em seu ponto de pulso.

- Você não é uma linha sem um anzol, Lilith.

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I can feel all my bones coming back

And I'm craving motion

Mama never really learns how to live by herself

It's a curse

And it's growing

You're a pond and I'm an ocean

Oh, all my emotions

Feel like explosions when you are around

And I've found a way to kill the sounds

Line Without a HookOnde histórias criam vida. Descubra agora