Wanting them (Sariette + S/n)

De volta ao lar

- Bora Led! Pedala aí nessa porra! - gritei por cima do ombro de meu irmão, empolgada ao já conseguir ver o muro colorido da escola á distancia, mesmo que estivesse vários e vários quarteirões a frente.

- Folgada pra carai, velho! - Led rebateu, aumentando apenas um pouquinho o ritmo de suas pedaladas, e então riu - Eu to te dando uma carona, garota! Ponha-se no seu lugar!

- Tá, tá, tá - revirei os olhos, brincalhona - To muito agradecida, maninho! Thank you very much...Agora bora bora, q eu to morrendo de saudades da minha bichinha - insisti, dessa vez falando bem mais docilmente.

- É muito amor, né mana - ele riu novamente - pena que ela gosta é de outra coisa - provocou, estufando o peito pra se exibir como se fosse grande coisa, e seria mesmo se tivesse de músculo metade do que tinha de marra... mas não tinha né kk

- Eu sou só amor mesmo - rebati inabalável - E grandes merdas Juliette gostar da coisa se da sua coisa ela não gosta - zombei, sabendo que meu irmão também era caidinho por ela, embora não fosse nem de longe como era comigo.

E também nem tinha como ser.

Ju e eu somos melhores amigas de infância, ou seja, são quase 10 anos de amizade e grude nas costas, e Led pode conhecer ela a tanto tempo quanto, mas nunca na mesma intensidade. Com Lucas sim, ele tem o mesmo tipo de relação que eu tenho com ela... exceto que nenhum deles é apaixonado um pelo outro, mas isso aí a gente deixa em off.

É por isso que ele tá nessa calma toda pra reencontrar Lucas, e eu aqui quase infartando de ansiedade. Quanta falta essa infeliz me faz em um pouco mais de um mês, que INFERNO de vida que eu não posso ter umas feriazinhas sem morrer de saudade dessa menina.

Mas pelo menos minhas férias foram bem massa. Fomos pra São Paulo visitar familiares dos meus pais, e passamos uns dias na capital, outros no interior, curtimos piscina, shopping, museu, chácara... teve de tudo um pouco e a melhor parte foi que Led e eu fomos pra CCXP e foi DO CARALHO, valeu cada bico que nós pegamos pra poder bancar e mais um pouco. Pra ficar melhor só se minha peste fosse junto mesmo, mas Juliette nem curte tanto filme de herói e nem tinha dinheiro também pra pagar, então tive que me contentar não tendo os comentários absurdos da minha paraibana no evento, e consequentemente, sofrendo exageradamente de saudades dela.

- Agora desce ué, esse fogo todo no cu pra chegar aqui e agora me empaca!?? - a voz agora insuportável do meu irmão me desperta dos meus pensamentos. Cara como a puberdade é humilhante pros meninos né, morro com essa voz de gralha esquisita que o Led tá tendo nos últimos meses kkk

Desci um senhor pescotapa nele no momento que tava com os pés firmados no chão e saí correndo portão adentro, rindo um pouco dele me xingando enquanto empurrava a bike pro estacionamento, mas meu foco estava em procurar Juliette pelo pátio. Hoje eu estava bem atrasada, então Ju já devia estar pra entrar na sala.

- Aaahhhh muléstia, finalmente mulher!!! - ouvi a voz #dela antes de ver aquele rostinho lindo que as vezes eu queria tatuar no meu coração. Ela estava bem ali, no cantinho do corredor que dava pra nossa sala, me esperando com um sorriso gigantesco no rosto, e dando pequenos pulinhos no lugar quase caindo pro lado com a mochila excessivamente pesada pendurada num ombro só.

- Juliette sua demonia, QUE SAUDADE - exclamei, acabando com a distancia entre nós com dois passos e rapidamente a envolvendo num abraço de urso, até chegando a erguê-la do chão.

- Ai S/n e tu acha que só tu??? Eu tava a um tiquinho assim de pegar o carro de mainha e ir pra São Paulo te buscar de volta - mostrou um espacinho entre os dedos e quase caiu pro lado logo em seguida. Ela levava livro demais.

- Passa pra cá - falei risonha, já pegando a mochila dela e colocando no meu ombro - Você ainda vai acabar com a minha coluna Juliette - fingi irritação enquanto caminhavamos na direção da sala, a nossa era a última láá no fim do corredor.

- Oxi, problema teu, tu que fica insistindo em carregar esse trem, eu já disse que não precisa não - respondeu indignada, me fazendo sorrir suavemente, tudo era motivo de braveza pra Juliette e eu achava adoravel, ficava enchendo o saco dela só pra isso.

- A mochila mais pesada que tu, Juli, vire gente - fingi seriedade.

- Pois me devolva que tu vai ver - ela rebateu imediatamente, vindo pra pegar a mochila.

- Não - soltei simplesmente, desviando de sua mão e rindo.

- Diacho de não, me dê! - disse mandona, tentando mais uma vez. Dessa vez eu a agarrei pelo ombro, abraçando seu corpo pequeno contra o meu.

- To vendo tua saudade, mal me viu e já tá brigando comigo - provoquei, sentindo ela deitar a cabeça no meu ombro.

- Não to brigando - ela ficou emburrada por 2 segundos - mas eu dou conta sim viu - me deu um tapinha na barriga.

- Tá bom Ju - beijei sua cabeça e então senti só uma brisa passando do meu lado.

- Mana, vambora! Não tá vendo que o corredor tá vazio - Led me gritou enquanto corria com Lucas rindo ao seu lado.

- Bora, Juliette! Se tu ficar pra fora mainha vai te arrancar o coro - foi a vez de Lucas avisar.

- Primeiro dia de aula cara - eu reclamei ao mesmo tempo em que Juliette replicava para que seu irmão cuidasse de sua própria vida. Ri baixo enquanto alcançavamos a porta e Juliette a abria.

Era o primeiro dia depois da volta das férias, então fiquei apenas um pouco surpresa quando não reconheci alguns dos rostos sentados esperando pela aula. Eu conhecia todo mundo da nossa série, mesmo que a maioria só de vista, e tinha umas duas garotas que eu nunca tinha visto pelos corredores antes. Não liguei muito, todo ano tinha transferência pra nossa escola e Juliette, como a boa extrovertida e fofoqueira que era, logo já estaria me passando até CPF e mapa astral das duas.

O choque veio quando vi ela, toda loira e risonha, sentada lá na penúltima carteira da fileira do meio, dois assentos pra trás de onde Led e Lucas já estavam sentados com seus cadernos, e cercada pelos garotos habituais do fundão.

Sarah Andrade.

A terceira parte do que custamava ser, até alguns anos atrás, a nossa trindade inseparável.

Ouvi quando Juliette puxou ar também surpresa e desviei os olhos da loira distraída, me comunicando brevemente pelo olhar com Juliette, que logo deu de ombros e se sentou num dos assentos livres da fileira do canto. Me sentei na carteira de trás e voltei meu olhar pra loira, que agora olhava na nossa direção.

Segurei seu olhar até que ela mesma desviasse, não devia nada a ninguém.

E muito menos a Sarah Andrade.

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Comentem o que acharam gente, digam se querem q continue e tals.