Letters to Josie - (Hosie)

O sonho de toda garota universitária

Mystic Falls, 2020.

Josie.

Eu estava surtando. Mas surtando por dentro, pois por fora eu tentava sorrir e convencer todos que passavam ao meu redor que estava tranquilamente caminhando pelos corredores da faculdade em meu primeiro dia de aula. Finalmente, depois de três anos fazendo cursos preparatórios para os vestibulares, consegui entrar para uma faculdade. E, melhor ainda, na mesma cidade onde eu já morava, não tendo despesas com moradia em outro lugar. Demorou, mas o universo decidiu conspirar a meu favor.

Me chamo Josette Olívia Saltzman, tenho 20 anos e estou prestes a ter minha primeira aula do curso de letras na renomada Mystic Falls University.

O motivo do meu surto, além de ser o primeiro dia na realização do meu sonho, é que não faço a mínima ideia de onde é minha sala e sou tímida demais para pedir informações a alguma pessoa desconhecida. E minha querida irmã gêmea, Elizabeth Jenna Saltzman, decidiu se atrasar e não atender minhas ligações. Então é isso, estou andando sozinha por esses corredores enormes da universidade fingindo que está tudo sob controle. Respira Josie. Inspira e expira. Avisto a entrada para os banheiros adiante e agradeço mentalmente aos céus, as deusas, aos meus guias espirituais, enfim. Preciso jogar água em meu rosto e me acalmar para poder encontrar minha sala.

Adentro o local, e agradeço novamente a qual entidade esteja me guiando hoje, pois o banheiro está vazio. Respiro fundo, colocou os livros que estou carregando na pia, abro a torneira, me abaixo na pia e jogo um pouco de água gelada em meu rosto. A sensação é incrível e começa a me acalmar aos poucos. A água sempre teve esse efeito em mim. Após alguns minutos, pego algumas toalhas de papel e começo a enxugar meu rosto, um pouco mais calma.

- Ahhh, Hope, isso, assim! Ahhhhhh!

Dou um pulo, assustada e olho ao redor para verificar se estava realmente ouvindo aquilo. Não podia ser verdade. Eu, Josie Saltzman, não estava presenciando uma cena de sexo no banheiro da faculdade em meu primeiro dia. Não, isso é impossível. Tudo estava fluindo perfeitamente bem, apesar do que já deu errado. Eu não precisava disso para piorar meu dia. Fosse verdade ou apenas uma invenção da minha mente, precisava sair desse banheiro urgente antes que quem quer que estivesse lá dentro tendo um orgasmo, saísse e pensasse que eu era uma pervertida.

- Mais rápido Hope, eu vou gozar. Ahhhhhhhhhhh! - A garota gritou dentro da cabine do banheiro e, acredito eu, se apoiou fortemente nas laterais pelo estrondo e soltou mais alguns gritos.

Definitivamente, eu precisava sair correndo dali. Peguei meus livros que estavam na pia e virei o mais rápido que pude para sair dali. Porém, a velocidade dos gestos foi mais rápida do que meu cérebro pode acompanhar e acabei tropeçando na lata de lixo perto da porta. A mesma caiu no chão e espalhou todo o papel de dentro. Me xingo mentalmente e faço todo tipo de reza para que as pessoas sexualmente ativas não tenham ouvido. Mas é claro que ouviram, pois no mesmo instante a porta de uma das cabines se abre e uma menina morena meio descabelada e suada sai de dentro subindo o zíper da calça colada que vestia. Ela me lança um olhar mortal e passa por mim quase pisando em minha mão que tentava, inutilmente, recolher todo o papel do chão.

Muito bem, Josette, que belo primeiro dia você está tendo! O sonho de toda garota universitária! É por isso que você estou tanto nos últimos três anos!

- Hoje é seu primeiro dia?

Deixo cair os papéis que estava recolhendo no chão novamente ao me assustar com alguém falando comigo. Claro, tinha duas pessoas no banheiro e apenas uma saiu. Ergo meus olhos em direção a voz e sinto meu corpo inteiro congelar diante da garota ruiva parada encostada na pia me observando com olhos azuis e um sorriso lindo nos lábios perfeitos pintados por um batom vermelho. De repente senti meu peito queimar e percebi que estava prendendo a respiração. Forço meu cérebro a se lembrar como respirar, engulo em seco enquanto vejo o sorriso da garota aumentar e a mesma erguer uma sobrancelha.