Uma Linda Mulher

I

Sakura
Três dias antes.

Meu pai, Kizashi, era um homem muito bom porém viciado em jogos, ele nunca ganhava mas mesmo assim continuava jogando e fazendo muitas dividas, uma delas foi o motivo pelo qual ele foi assassinado. Papai pediu dinheiro emprestado para um mafioso muito conhecido em Suna por emprestar dinheiro e cobrar o triplo do que lhe foi pedido, ninguém em sã consciência faria negócios com um homem desse tipo, papai sabia disso mas seu desespero por jogos subiu à cabeça e ele assinou aquele maldito contrato.

Os dias foram passando e logo tornaram-se meses, eu podia ver o desespero estampado em seu rosto mas ele insistia em dizer que estava tudo sob controle, passei a fazer hora extra todos os dias na biblioteca para juntar dinheiro e ajudá-lo, mas seu vício estava fora de controle e ele jogava cada vez mais com o pretexto de que a sorte estava a seu favor e ele conseguiria o dinheiro para pagar a divida.

Estava voltando do trabalho quando vi uma grande aglomeração frente a nossa casa, algumas viaturas estavam estacionadas na calçada e uma ambulância mantinha sua sirene ainda ligada.

- OTOSAN! - Corri o mais rápido que pude, meu coração estava acelerado e as lágrimas molhavam meu rosto.

Todos me olhavam com pesar e naquele momento eu sabia o que me aguardava caso entrasse em casa mas não tinha coragem, minhas pernas ficaram bambas e o ar era como fogo me queimando por dentro.

- Não... por favor não... otosan.

Caminhei lentamente em direção a porta que estava aberta com alguns policiais conversando, eles me olharam e abriram caminho para que eu pudesse passar. Cada olhar de pena, o som alto da ambulância, o cheiro de polvora na sala, os móveis quebrados pelo chão, tudo estaria fixado em minha mente para sempre.

Pude ver o corpo no chão da cozinha com um lençol branco o cobrindo, as luzes estavam apagadas mas era possível enxergar claramente graças aos últimos raios de Sol daquela tarde, já deveria ter anoitecido mas parece que o dia quis dar seu último adeus.

Me pego pensando em como ele gostava de observar o pôr do sol, era como se fosse a maneira dele de ter a mamãe sempre por perto, e agora ela o iluminava por uma última vez.

Me ajoelhei diante daquele corpo e levantei lentamente o tecido branco, seu rosto ainda estava corado e sua expressão era tranquila, olhando assim ele parecia estar apenas dormindo. Ergui um pouco mais o tecido e pude ver a marca de um tiro em seu peito, ainda sangrava bastante e sua camisa do Akasuna, seu time de beisebol favorito estava completamente banhada em sangue.

- Eu não tenho ninguém otosan, você era minha única família... - Segurei sua mão fria fazendo um carinho com o polegar. - Você era tudo o que eu tinha, por favor não... me deixe.

Durante muitos anos fomos só nós dois, uma dupla imbatível de pai e filha. Minha mãe Mebuki havia morrido durante meu parto, ela estava muito fraca e não resistiu, meu pai sempre dizia que nós éramos muito parecidas exceto pelo meu cabelo naturalmente róseos, dela herdei seus olhos verdes como jade e sua implacável personalidade.

Não sei o que aconteceu depois daquele dia, um dos policias disse que eu desmaiei de tanto chorar e que tiveram que me levar até o hospital mais próximo. Após o sepultamento de papai tive que prestar alguns depoimentos para a polícia e fazer mais alguns exames para terem certeza de que eu estava bem, como eu ainda sou menor de idade ligaram para alguns parentes de mamãe que viviam em Konohagakure uma cidade um pouco distante de Suna, eu não os conhecia mas segundo o delegado minha tia seria responsável pela minha guarda até que eu completasse dezoito anos.