betty | wanda + natasha

One

O ar levemente gelado balançava os cabelos avermelhados da garota. Os olhos verdes capitando cada parte da estrada onde o carro de sua mãe avançava. Não fazia ideia de quando chegaria no seu destino final, então apenas se perdia em pensamentos avulsos enquanto escutava uma música qualquer em seu celular.

Sua mãe havia dito sobre morar no interior por um tempo, mas a garota não sabia que tal dia chegaria de fato. Tudo tão rápido. Seu pai saindo de casa abruptamente, sua mãe tentando engolir o choro e Natasha apenas tentava fingir que nada daquilo estava a atingindo. Ela só tinha 17 anos.

Dois dias depois lá estava sua mãe arrumando suas malas e dizendo a garota que mudar seria algo bom para elas, pelo menos por um tempo, morar onde sua avó residia. Ela afirmava a Natasha que sair da loucura da cidade iria fazer bem.

De início, Natasha aceitou, afinal, sua mãe estava destruída e tentava manter o barco, não seria ela que acabaria com qualquer resquício de felicidade de sua mãe. Mas ao chegar na casa já conhecida pela garota, começou a repensar.

Quando os pés tocaram no chão, Natasha olhou bem o local: havia árvores, grama verde e podia escutar alguns barulhos. Logo mais à frente viu a senhora que sorria sem parar para as duas recém chegadas. Sua avó.

- Finalmente – a senhora dizia enquanto agarrava Natasha em um forte abraço – querida, você está linda.

- Obrigada, vovó - disse a mais nova, aos poucos se afastando da mais velha, observando quando sua mãe se aproximava da senhora.

- Como foram de viagem? – ela perguntou assim que soltou sua mãe.

Natasha deixou sua mãe contar os detalhes que ela não estava muito afim de dizer. Adorava sua avó e estava feliz por revê-la, mas Natasha não fazia o tipo de falar sobre essas coisas, principalmente se tratando de assuntos que só surgiam para esconder os reais sentimentos ou ignorar as mágoas.

Pegou as suas coisas e as de sua mãe e levou para a casa de sua avó, deixou em um canto qualquer e sentou-se no sofá.

Fazia anos que não pisava naquela cidade tão calma, as poucos lembranças que tinha eram suas com seus avós, alguns primos e amigos. Nada muito nítido.

– Peggy vai amar saber que você voltou - Natasha foi tirada de seus pensamentos quando escutou o tão conhecido nome sair da boca de sua avó.

– Peggy? Peggy Carter? - os olhos levemente arregalados despertaram um riso em sua avó - não sabia que ela ainda morava por aqui.

Bom, Natasha claramente tinha lembranças de Peggy. As duas eram praticamente coladas quando eram mais novas. A garota sorriu com a lembrança.

– Ela ainda mora no mesmo lugar - sua avó disse - talvez ela esteja em casa por agora.

Natasha sorriu, pensando se sua amiga de infância se lembrava dela. Esperava que sim.

Após se acomodar de vez na casa, Natasha decidiu tomar um banho rápido e ajeitar alguns objetos pessoais no pequeno quarto. Havia decidido que assim que terminasse de arrumar, iria visitar Peggy.

—

Algumas coisas poderiam mudar confirme os anos, mas assim que a ruiva colocou seus olhos em Margaret Carter, não conseguiu segurar o sorriso. A morena olhou confusa, mas assim que notou quem era a garota parada em sua frente, se jogou em seus braços com uma força fenomenal.

– Nat - disse quando se separaram - não sabia que apareceria por aqui, faz tanto tempo.

– Eu sei, não deveria ter sumido assim - suspirou - a vida anda maluca, sabia que talvez voltasse para uma visita, mas não nas atuais circunstâncias.

Peggy abriu espaço para Natasha entrar em sua casa e as duas seguiram para quarto da maior. Quando sentaram na cama confortável, a ruiva tratou de contar alguns acontecimentos de sua vida, deixando os mais irrelevantes de fora.

O assunto terminou quando Natasha revelou como foi contar aos pais que ela definitivamente não era hétero e da saída repentina do seu pai de sua vida.

– Garota, não acredito que saiu do armário por conta de algumas bebidas na cabeça - Peggy disse rindo - estou magoada por não ter feito parte desses momentos da sua vida, mas já que está finalmente aqui, irei relevar tudo isso - Natasha riu - e como vocês estão lidando com essa saída do seu pai?

— Bom, eu sabia que eles não estavam tão bem quanto antes, mas não pensei que algo assim aconteceria - disse - ainda não tive tempo de absorver tudo, minha mãe me arrastou para cá tão rápido, não estou assimilando todas as emoções.

— Tempo ao tempo - Peggy segurou em sua mão - mas não vamos pensar sobre isso. Não agora.

— Tudo bem - Natasha disse, estava aliviada por não ter que falar mais sobre seu pai - e você? Quero saber sobre sua vida, estive fora tanto tempo.

Peggy contou sobre sua nem tão calma vida no interior. Havia terminado a escola recentemente, tal como Natasha, passava parte do tempo ajudando sua mãe na floricultura da família, mas também disse como adorava se jogar nas festas dos ex-colegas. Ao fim completou que recentemente havia contato para todos sobre sua bissexualidade.

— Meu deus, preciso te levar em alguma festa - disse animada - espero que esteja solteira, as garotas daqui nem se comparam com as da cidade.

— Definitivamente solteira - ergueu as mãos - mas também não estou tão ansiosa para ter algo sério.

— E não estou falando disso, garota desapegada, apenas um romance de verão - disse animada - apenas me acompanhe em algum programa meu e vou te mostrar.

A conversa se arrastou por mais um tempo. Peggy contava sobre seu último relacionamento desastroso enquanto Natasha contava sobre sua fama de "garota-problema" na cidade. Não era algo que se orgulhava, mas sabia que não poderia fazer algo para mudar isso.

No fim do dia, quando chegava em sua casa, Natasha já não se sentia tão fora de casa. Ver sua antiga amiga e comer a solyanka que sua avó tinha feito havia trago um pouco de conforto, mesmo que momentâneo, em sua mente.

Talvez ela realmente precisasse passar um tempo naquela cidadezinha pequena, como sua mãe havia dito por anos. Talvez ela goste de verdade de ficar por lá.

—

Oh meu deus, apenas limpando a poeira dessa minha conta.
Trazendo uma ideia que tive para cá, inspirada na música Betty da Taylor Swift e com um shipper que gosto muito.