Almas Gêmeas

Capítulo Dois

TONKS

No dia seguinte, quando eu acordei a casa estava silenciosa. Por um momento, achei que os três tivessem ido embora, mas quando eu cheguei na cozinha vi Remus tomando leite, olhando a paisagem pela janela.

- Bom dia! - eu o cumprimentei alegremente. Não iria fingir que eu não estava feliz por ele estar ali. Era um tremendo clichê, mas eu percebi que eu ainda tinha uma queda por ele.

- Bom dia, Dora.

Eu sorri.

- Cadê o Sirius e James?

- Sirius está armando alguma coisa para Lily e James.

Ergui a sobrancelha. Não estava surpresa pelo comportamento do meu primo, mas era surpreendente que Remus não estivesse junto.

- E porque você não está com eles? - perguntei enquanto eu preparava um café expresso para mim.

- Eu estava dormindo quando eles saíram - Remos explicou. - Mas acho que Sirius não queria interferência.

- Por que acha isso? - perguntei curiosa.

- Porque ele teria me acordado se fosse um plano com o qual eu concordaria.

- Faz sentido - concordei sorrindo enquanto eu me sentava em frente a ele. - E o que você acha que ele vai fazer? - perguntei em tom de conspiração.

- Uma idiotice, sem dúvida.

Eu ri.

- Como pode ter certeza?

- Conheço meus amigos.

- Admiro muito a amizade de vocês.

- E você tem amigos que fazem idiotices, às vezes?

- Quem não tem? - eu sorri e falei sobre meus amigos.

Remus me ouvia com atenção, como se realmente estivesse interessado na minha sem graça. Não que minha vida fosse chata, só era comum (exceto pelos tombos e quedas). Diferente da badalada vida dele em Londres.

- Não é verdade - ele respondeu quando eu comentei como nossa vida era diferente. - Sirius e James estão sempre em festas, mas eu prefiro ficar em casa. Logo que mudamos para lá, eu realmente ia a todas as festas, mas, com o tempo, elas foram perdendo a graça e atualmente só vou quando não posso evitar.

- Por mais que eu ame meus dramas coreanas, eu gostaria de ir em várias festas!

- Você gosta de dramas asiáticos? - ele perguntou curioso.

- Você gosta? - perguntei sempresa.

- Já assisti alguns, mas eu prefiro animes.

- Eu também! Quais são seus preferidos? - perguntei empolgada. Eu também amava animes.

Depois disso passamos o resto da manhã falando de tudo o que que gostávamos e não gostávamos. Nunca imaginei que tivessemos tantas coisas em comum.

Eu o admirava por sua inteligência e lealdade e me encantava no carinho com o qual ele me tratava, mas sempre havia sido algo totalmente platônico e inalcançável. Só que dessa vez, havia algo diferente. De alguma forma, Remus não parecia mais alguém inacessível para mim.

Enquanto cozinhavamos o almoço, rindo e brincando, eu lembrei do que li no meu horóscopo de hoje: Graças a um encontro ao acaso, poderá conversar com a pessoa que gosta olhando nos olhos dela. A euforia e felicidade vai inundá-lo. Sua forma de ser, fará de você um parceiro desejável e atraente, algo que essa pessoa já percebe e se entregará da mesma forma fazendo o relacionamento entre os dois ir adiante. Você tem tudo para encarar o romance com leveza e bom humor agora. 

Remus realmente era essa pessoa? Ele era minha alma gêmea e não apenas meu crush da pré-adolescência?

- Dora, cuidado! - Remus exclamou, mas era tarde demais. Distraída, peguei a panela quente e queimei a mão.

- Ai!

Remus veio até mim e então me levou até a pia, colocando minha mão embaixo da torneira.

- Isso não funciona, sabe? - resmunguei observando-o por cima do ombro.. Já havia queimado a mão diversas vezes para saber. 

- E o que funciona então? - Remus perguntou sério, mas eu não prestava mais atenção. Ele estava muito perto. Ele era bem mais alto do que eu, mas do jeito que estávamos, quase abraçados, nossa diferença de altura era irrelevante. Ali, envolvida pelos braços dele, enquanto a água escorria inutilmente na minha mão dolorida, eu só conseguia pensar como seria beijá-lo.

Era um absurdo. Ele era o melhor amigo do meu primo. Ele era bem mais velho do que eu. Ele devia me ver como uma irmã caçula. Mas ainda assim aquele desejo não passava

Ele era um jovem atraente e eu queria ser beijada por ele.

- Um beijo para sarar - eu respondi e, sem pensar, me ergui na ponta dos pés e encostei meus lábios nos deles.