Gênero: Romance
Escrito pela primeira vez em: 25 de Março de 2021;
Sinopse: Onde Aled e Natallie caminham pela praia em uma noite chuvosa;
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A noite caía, e eu observava o sol se despedindo no horizonte, capturando a deslumbrante paisagem do acostamento à beira da estrada. Um profundo sentimento de contentamento aquecia meu peito enquanto me recostava no banco do conversível vermelho de estimação, as mãos apertando o volante, desviando o olhar na sua direção.
Ela repousava com a cabeça no banco, contemplando as rochas e as ondas do mar quebrando à distância. Não gostava do intensa calor do verão californiano, e apesar de ter nascido naquele estado, eu preferia o inverno de Nova Iorque. Ainda assim, naquele momento, a felicidade transbordava em mim. Um tímido sorriso se desenhava em seu rosto, enquanto a brisa litorânea tocava seu rosto, os olhos fechados, uma expressão serena de quem voava livremente. O velho suéter cinza e o short jeans de cintura alta completavam sua figura.
Lá estava ela, uma visão de beleza. A paisagem mais deslumbrante que já se desdobrara diante dos meus olhos.
– Meu Deus, aumenta o som! – Naty pediu ao ouvir as primeiras notas da nova música que tomava o ar. E eu obedeci. "Cry Baby" ecoou pelas caixas. – Aled? Podemos parar na praia? Por favor!
Cedendo ao desejo dela, mesmo não sendo fã de praias, eu acenei. Ela comemorou, inundando meu peito com uma sensação gratificante.
– Finalmente! – exclamou ela, ao pararmos alguns minutos depois. Saí do carro logo após ela, respirando fundo o ar litorâneo.
A praia estava deserta. O som das ondas quebrando ecoava suavemente. O céu exibia poucas estrelas, e a tonalidade alaranjada da luz de minutos atrás agora cedia lugar a uma neblina tênue.
– Hoje parece... diferente. – ela comentou me olhando de esguelha. Eu sentei, com os pés enterrados na areia fofa. Um som suave de caixa de som sendo ligada ressoou, preenchendo o ar com uma música tranquila, desconhecida para mim.
– Está um pouco mais frio hoje – tentei.
– Só isso parece diferente? – ela inquiriu, sentando-se ao meu lado na areia.
– Sim, acho que sim. O que mais? – respondi, tentando encontrar algo mais.
– Quer dar um passeio pela praia?
– Agora?
– Sim. Vai ser rápido, eu prometo. – ela disse com seu jeito persuasivo característico.
– Tudo bem, vamos – cedi.
Caminhamos pela areia macia, em silêncio. Ela segurava minha mão, enviando arrepios através do meu corpo. Shorts, era disso que ela falava?
– Aled? – ela me chamou, virando o rosto para mim. – Percebeu?
– O que? – confuso.
– Nada – ela pareceu frustrada. O que eu deveria ter percebido?
A noite estava calma. Mas logo algo frio e úmido caiu no meu nariz, antes que eu pudesse dizer alguma coisa. Outro toque frio e úmido na minha têmpora escorreu pelo lado do meu olho.
Levantei a cabeça, olhando para cima ao mesmo tempo que ela.
Então, nuvens pesadas e ameaçadoras se abriram repentinamente, e uma tempestade começou a nos atingir sem aviso. Ela soltou um grito surpreso, e eu já estava correndo, puxando-a pela mão para evitar que ficasse para trás.
A areia levantada pelos nossos passos grudava nas minhas pernas.
A chuva caía em gotas grossas, encharcando-nos até os ossos. Meu cabelo grudava no pescoço, algumas mechas se espalhavam pelo meu rosto.
Eu a puxei para debaixo do teto inclinado de uma antiga cabana de madeira. O lugar costumava ser uma loja de aluguel de pranchas e equipamentos de surfe, mas faliu quando eu tinha cerca de dez anos. Agora, as janelas estavam cobertas com tábuas, e a estrutura de madeira rangia e gemia sob a chuva. Um som peculiar, quase como um suave tamborilar, me fez olhar para baixo por um momento, tempo suficiente para ver um pequeno caranguejo se afastando.
Naty e eu estávamos ofegantes e completamente encharcados. A chuva não nos castigava tanto ali, exceto por algumas rajadas ocasionais de vento que faziam a água voar quase horizontalmente. Esperançosamente, a chuva daria uma trégua o suficiente para nos permitir voltar para casa. Mas o teto da loja nos protegia apenas por cerca de meio metro. Estávamos quase prensados contra a parede fina e áspera.
Uma onda de riso incontrolável tomou conta de mim, uma sensação estranha que subiu como uma onda. O riso borbulhou e se acumulou, chegando à ponta da minha língua, como se quisesse esticar os músculos do meu rosto em um sorriso gigante.
Não havia nada objetivamente engraçado na situação – estávamos presos sob aquela chuva, a pelo menos vinte minutos de casa, e não parecia que a tempestade diminuiria logo...
Mas quando olhei para o rosto dela, com o rosto sujo com o rímel que escorria, não consegui evitar. Comecei a rir.
Ela inclinou a cabeça, um sorriso começando a se formar nos cantos dos lábios.
– Aconteceu algo engraçado e não me contaram?
– Não sei. – eu disse entre risos.
Demorou cerca de trinta segundos para eu finalmente me controlar, mas um leve sorriso permanecia enquanto percebia que Naty me observava fixamente. Por mais clichê que possa parecer, senti-me hipnotizado por seus olhos. Eram olhos azuis incrivelmente intensos e transparentes, que me transportavam para outra dimensão. Tudo nela era perfeito aos meus olhos, desde o jeito que me olhava até a diferença de altura entre nós...
Um riso mais suave escapou dela.
– Tudo bem. Vamos ser sinceros. Não aguento mais isso, Aled.
– O quê? – parei de sorrir por um momento.
– Como você pode ser tão lento?
– Sobre o quê?
– Você não entende?
– Entender o quê?
Ela parou por alguns segundos, como se não pudesse acreditar em tamanha lentidão de minha parte. E então, subitamente, ela se aproximou, na ponta dos pés e colocando as mãos em meus cabelos, e então selou nossos lábios. Fiquei atônito por alguns segundos, sem saber o que fazer; mas logo, a segurei pela cintura, iniciando um beijo lento e doce.
.A racionalidade cedeu, e tudo o que eu queria era estar com ela. Minhas mãos encontraram seu pescoço também. É estranho que eu tenha gostado ainda mais daquele short de cintura alta agora? Eles me lembraram de quando acreditávamos que podíamos fazer qualquer coisa.
Ela parecia ler meus pensamentos. Ela fazia tudo antes que eu pudesse fazer. Parecia que eu não tinha mais segredos diante dela. Ela suspirou, e eu senti arrepios percorrerem meu corpo. Estaríamos tão conectados quanto eu havia imaginado? Toquei sua cintura, e sua reação foi instantânea. Eu me aproximei dela, e seu coração começou a bater mais rápido. O meu acompanhou o ritmo.
Um calor repentino percorreu meu corpo. O mundo parecia mais quente de repente. Eu estava completamente focado em cada detalhe, querendo que aquele momento ficasse gravado para sempre.
Desta vez, éramos apenas nós. Um amor, dois lábios e um refúgio.
Soa familiar?
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𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 | 𝐄𝐦 𝐀𝐧𝐝𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨
Random[em andamento] Onde eu divirto vocês com pequenos contos. Boa leitura! Por: @youregoldwing™ ⭞ Plágio é crime!