Cap. 11- Eu também gosto de você, loiro idiota.

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𝐏𝐎𝐕 𝐉𝐀𝐌𝐄𝐒

PARQUE | 01 DE MARÇO DE 1986 | 13:51 DA TARDE

Eu senti os lábios macios e carnudos em contato com o meu, criando uma corrente elétrica que se espalhou por todo o meu corpo arrepiando cada centímetro de mim. Nossas línguas dançavam por dominância, nos dando a oportunidade de explorarmos cada canto da boca um do outro.

Meus sentidos pareceram ser desligados, eu já não percebia mais nada ao meu redor. Minha mente se concentrava apenas na sensação daquele beijo. Tão apressado, tão necessitado. Ele era tão cheio de emoções que eu nem sabia que guardava em mim, mas que pelo visto, queriam sair livres há muito tempo. Minhas mãos estavam firmes em sua cintura, mas deslizavam para fazer uma carícia nas suas costas aqui e ali. Uma mão dele apertava firme meu ombro, enquanto a outra estava depositada na minha nuca, puxando de leve alguns fios.

Após longos minutos, que ainda sim não foram o suficiente, o ar fez falta e nos separamos, arfando e com os lábios visivelmente avermelhados. Aproveitei o breve momento para admirar a expressão de Jason, os olhos semicerrados, as bochechas coradas e a boca inchada, com o peito subindo e descendo assim como o meu. Uma visão que não poderia ser descrita como nada menos que maravilhosa. Ainda estávamos à centímetros de distância e eu sentia a sua respiração pesada contra o meu rosto, fazendo eu querer juntar os nossos lábios pela terceira vez.

Mas antes que eu pudesse acariciar suas bochechas como eu queria, Jason se afastou, desviando o olhar para um canto qualquer do parque. Senti meu coração pesar, eu fiz alguma coisa?

-James, hum, o que... o que nós vamos fazer à respeito disso?

Ele me perguntou, ainda não olhando em meus olhos.

-Sobre o quê?

-Isso aqui! Nós-! Nós acabamos de nos beijar, você não vê o problema?

Permaneci em silêncio, digerindo as palavras de Jason em minha mente. Subitamente, elas me atingiram com tudo, ele estava certo. O que nós vamos fazer a partir daqui? Como devemos tratar essa situação?

Quer dizer, eu nunca, nem em mil anos, imaginei que um dia iria beijar um cara, especialmente Jason Fucking Newsted. Se você me dissesse que isso iria acontecer eu provavelmente te socaria até a morte. Mas agora eu não posso negar à mim mesmo que aconteceu, e eu também não posso negar que eu gostei. Porra, eu gostei demais.

Tentei colocar os meus pensamentos em ordem, mas as sensações e emoções que eu senti com o beijo eram tudo o que ocupava a minha cabeça naquele instante. O único sentimento que foi forte o suficiente para sobrepor os outros, entretanto, era medo.

-Você... não gostou?-perguntei, agora ele se virou para mim novamente, encarando os meus olhos com um olhar que eu não consegui decifrar.

-Eu... claro, é claro que eu gostei.

Ele suspirou, abaixando a cabeça logo em seguida e encarando as suas mãos.

-Mas é que, era só pra nos darmos bem, sabe? Só ser bons amigos e tal. Eu nunca imaginei que algo assim poderia acontecer.

-Nós ainda podemos ser amigos, você sabe, né?

-Sim, eu sei. Mas não vai ser a mesma coisa, James. Você entende, não entende?

Ele me olhava com olhos suplicantes, parecendo tão contido em seu próprio espaço pessoal, tão diferente de segundos atrás. E sim, eu entendia. Nós não iríamos conseguir manter uma amizade como se nada tivesse acontecido, simplesmente ignorando a magnitude do que acabou de acontecer. Mas eu também não queria que tudo voltasse a ser como antes, não.

Medicine For My Soul - JamesonOnde histórias criam vida. Descubra agora