S E C R E T S

P R Ó L O GO

Meu coração gela, assim que o carro estaciona em frente ao cemitério.

Fazia exatamente quatro anos que não pisava ali, e um sentimento de culpa me invade ao lembrar disso. Após a morte de minha irmã, Joalin, não consegui ficar na cidade por muito tempo.

Minha mãe, que sempre cuidou da gente se afogou nas bebidas e seu estado foi ficando cada vez mais deplorável.

Meu pai, que já não será assim tão presente, ficou ainda menos.

Então eu tive que me reerguer, de um jeito ou de outro, eu precisava daquilo, Joalin precisava, e eu não podia deixar isso ficar barato, por ela.

Deixo a flor azul em cima do seu túmulo e acaricio sua foto. É difícil aceitar que ela nunca mais estará ao meu lado. Suspiro, e saio com a promessa que seria mais assíduo, eu nunca mais a abandonaria.

- Tem certeza que já quer voltar hoje? - Noah, meu sócio e melhor amigo questiona - Você voltou hoje, está sensível, sabe que a imprensa vai cair matando..

- É isso que eu espero, já tenho que pensar em como vou me vingar do May.

Noah suspira, alto o suficiente pra me deixar irritado, mas resolvo não falar nada. Apesar de ser meu melhor amigo, ele não concorda com essa ideia de que eu use a irmã May para me vingar. Mas eu não vejo outra saída. Quero que ele sinta o mesmo que eu senti.

- Não tá pensando em matar ela, né?

- Claro que não Urrea, quero me vingar a altura, mas não sou um assasino.

- Menos mal, já estava imaginando o quanto gastaríamos pra te tirar da prisão e limpar o nome da empresa.

Reviro os olhos em resposta, e já sinto meu celular vibrar em notificações. Algum paparazzi já havia me fotografado no cemitério. Porra. No lugar mais inconveniente possível.

Assim que o carro estaciona em frente a empresa já percebo uma movimentação diferente. Repórteres com as mesmas perguntas de sempre.

" Como se sente ao saber que mesmo depois de quatro anos, ninguém foi preso pela morte de sua irmã?"

" Você ainda acha que Bailey May foi o culpado?"

"Você quer vingança?"

Só Deus sabe a vontade que eu estou de parar e responder a todos. De dizer que sim, quero vingança. Sim, acho que Bailey é o culpado. E que me sinto um péssimo irmão por ninguém ter ido preso ainda. Mas preciso ter calma. Não quero estragar tudo antes mesmo de começar.

Me sento na cadeira em meu escrito e ligo o notebook. Passo a observar mais uma vez as redes sociais da família May. Apesar de ser uma família reconhecida e ligada a política da cidade, desde o incidente eles passaram a ser mais reservados, principalmente Bailey.

Ele nunca mais postou nada com nenhuma outra mulher, nem indo a festas, bebendo, aproveitando a vida.. Eu até sentiria pena, mas tudo isso é pouco.

Esse sofrimento fingido dele é pouco.

Eu quero que ele sofra de verdade, assim como eu sofro até hoje. E para isso preciso começar a me aproximar de uma de suas irmãs. Pego uma foto de ambas e tento escolher entra ela.

- Sabe que Nour é mais fácil.. - Noah diz entrando em minha sala e sentando na cadeira da frente. - Any nunca foi muito com a sua cara.

- Era por esse motivo que eu queria ela...pelo desafio.

- Lembre-se que você só tem exatamente cinco meses, para cuidar de tudo. É melhor não arriscar.

Suspiro e considero a fala de Noah, ele está certo. Pego a foto de Any e jogo no lixo. Meu alvo será Nour.

Espero que a família May esteja pronta para o caos.