- P R Ó L O G O -

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Corria entre as árvores e desejava que meu tio estivesse dormindo e não me esperasse acordado.

Ao trancar a porta atrás de mim tive a visão de meu tio sentado em sua poltrona no canto da sala com sua cinta em cima de suas pernas. Minha respiração começou a desregular-se. Seus lábios tornaram-se em um sorriso malicioso enquanto os meus começaram a tremerem.

"Você não devia estar na cama, ratinha?" - disse se levantando enquanto começava a se aproximar de mim enquanto dava passos para trás. "Sabe que eu não gosto que chegue tarde. Estava com algum garoto?"

Balançei minha cabeça negativamente mas logo tornei por me assustar ao ouvir o som do estalo de seu cinto.

"PALAVRAS RATINHA!" - gritou me encurralando na parede.
"Não!" - disse segurando as lágrimas que insistiam em querer sair por meus olhos.
"Não minta para mim".
"M-Mas eu não estava mesmo, tio Robert".
"Quem me garante disso? Por isso deve ser punida!"

Gritei ao sentir seu cinto se chocar contra minha face. Logo estava caída no chão enquanto tentava esconder meu rosto de suas mãos e seus pés que insistiam em tentar me chutar. Depois de alguns minutos apenas sentindo o peso de suas mãos em minha barriga e rosto ouvi sua risada ecoar por toda sala enquanto minhas lágrimas de faziam presentes por todo meu rosto junto de meus gritos suplicantes.

- Você... É igualzinha a sua mãe, aquela vagabunda. Seu pai foi um covarde ao se juntar com aquela cobra, por isso morreu, POR ISSO ESTÁ QUEIMANDO NO INFERNO!
- CALE A SUA BOCA!

Não me contive ao dar um grande chute em sua garganta, resultando assim ao mesmo acabar por desmaiar ao meu lado. Pude respirar por uns 3 minutos até ver uma pequena linha de sangue começar a sair de seu pescoço. Não, não, não. Não podia ter o matado. Aquilo não podia estar acontecendo.

- Sr.Robert? Está tudo bem aí? - Disse Morgan, a vizinha que vivia a vir aqui provalememte para transar com meu tio.

Ao ela entrar por aquela porta ela veria isso, chamaria a polícia e me levariam para a penitenciária ou um orfanato.
Ao ouvir mais um grito da mesma, corri até meu quarto e juntei a única coisa que ainda me importava na vida, meu colar dado por meu pai. Corri até a porta dos fundos e após olhar pela última vez para aquela propriedade que passei os últimos 14 anos da minha vida, fiz única coisa que me satisfaria naquele momento: correr.
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[...]
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Após 3 horas correndo por estradas percebi que nem eu sabia onde estava, restava continuar andando e tentar achar algum lugar para ficar. Olhei em meu relógio que marcava 21:00 da noite em ponto. Se alguém me visse agora provavelmente pensaria que estava em uma briga por conta de todos os hematomas em meu rosto e corpo, oque era "verídico".

Estava com fome, sede, sono e frio. Não estava perto de sair da cidade ainda e precisava sair dali o mais rápido possível. Senti alguém me observar perto dali porém não podia perder o ritmo então continuei andando. Logo senti minhas pernas começarem a fraquejar e minha visão começar a escurecer e a última coisa que me lembro é ver duas esmeraldas olhando diante para mim.

mystery girl   - | H.S | -Onde histórias criam vida. Descubra agora