Baile das Condolências

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*CAPÍTULO 2*

Já fazem alguns dias que convivo com a ideia de ser uma bruxa, mas ainda não me conformo.
— Pronta para hoje? — Ethan pergunta entrando pela minha sacada. Eu contei para meus meninos o que havia descoberto e como eu já esperava, eles me confortaram e estão fazendo o possível para me ajudar com o que podem, principalmente mantendo a boca fechada. — Não corro risco da bruxinha me queimar durante a dança? 
— Bobo! — reviro os olhos e rio, logo em seguida vejo Zach entrar pelo mesmo lugar.
— Deveria me preocupar com a possibilidade de você ter feito um feitiço para que eu me apaixonasse pela senhorita? — Ele diz parando ao lado do primeiro.
— Vocês estão tão engraçadinhos hoje, não é? — digo ironicamente.
— Claro que sim, hoje é um dia especial! — Eles dizem enquanto abaixam se apoiando em em um joelho e me oferencendo flores, chocolates e um livro, orgulho e preconceito para ser específica — Pra que aliança quando há coisas muito melhores?
— Feliz aniversário! E Feliz casamento, para nós! — Diz Zach.
— Exato! Para nós, não para você e aquele babaca filhinho de papai. — Eles me dão muitos beijos e abraços e me acompanham até a recepção.
A família de Benjamin acaba de passar pelas portas e eu vou até eles para cumprimentar. Os filhos passam por mim direto, sem sequer trocar uma palavra, ignorantes. 
Após uma hora de festa, chega o momento do baile. Me posiciono no centro do salão com meu noivo e começamos a dançar, ele me roda e troco de par, envolvendo-me aos braços de Ethan, onde me sinto confortável e amada. Ele chega bem perto do meu ouvido e diz baixinho:
— Fico feliz por você ter me contado. Saiba que eu nunca teria medo de você, ou te abandonaria, não seria capaz, não sou capaz. — sorrimos e vou para o próximo companheiro, Zach.
Encosto minha cabeça em seu peito e dançamos sem falar nada, seu olhar entrega que está orgulhoso por mim, por quem me tornei e que sou preciosa, para sempre sua protegida.
Chegando o final da música, danço com o último e pior parceiro, William, que quando me puxa para perto demonstra confusão em sua face, mas logo coloca seu olhar afrontoso e seu sorriso no canto da boca. Depois de vinte longos segundos aguentando seu ar de superioridade e provocação, o menino decide abrir a boca.
— Parabéns pelo casamento. — diz sem muita empolgação. Interessante, sou parabenizada por meu matrimônio mas não por meu aniversário, afinal, ele se tornou um dia insignificante até mesmo para mim, imagina para aqueles a minha volta. — Imagino o quão feliz você deve estar. Ter um cunhado como eu não é para todos, logo o preço que você paga é caro, aturar meu irmãozinho, coitada! — diz ironicamente.
— Melhor do que te aturar! — digo entre os dentes.
— Tem certeza? — ele me gira, se aproxima, deseja boa sorte e entrega minha pessoa para Benjamin.
 A dança acaba e sou levada a sala de reuniões. Ali estavam os pais do meu parceiro, e os meus, reunidos para a oficialização do nosso casamento. Assinamos no pé da folha e recebemos felicitações. Meu inferno está prestes a piorar. Não aguento ficar mais um minuto perto de todos ali, resolvo dar uma volta no jardim, o mais longe possível. Saio tentando chamar o mínimo de atenção para não ser acompanhada ou ter que conversar com as pessoas, não quero isso agora.
 O pôr-do-sol iluminando meu rosto me traz paz, o cheiro das flores, o canto dos pássaros, quase uma melodia perfeita, se não fosse pelo murmúrio das pessoas na festa. O jardim, meu lugar preferido onde eu sempre recorro quando quero fugir de tudo e todos. Sigo o pequeno labirinto de arbustos para chegar ao banco branco de madeira, que rapidamente percebo estar ocupado. 
— Ah não! Você de novo. — falo sem paciência.
— Não posso fazer nada se para onde eu vou, você vem atrás! — William debocha.
— Eu não venho... — me interrompo, não irei desperdiçar tempo discutindo besteira — Quer saber, eu já respirei o suficiente, irei voltar. — viro e logo paro.
— O banco tem espaço para dois! — ele sorri e senta no canto. Suspiro e me acomodo ao seu lado. — Mal firmou o casamento e já não está mais aguentando? Bom, sinceramente, eu não esperava diferente. — lanço um olhar incrédulo — Calma ai, garota. Não foi um insulto, apenas quis dizer que entendo o motivo da fuga, conviver com ele não é fácil, se eu fosse você faria o mesmo. 
— E fez, não é? Só que por muito mais tempo, não largando apenas ele. — digo sem olhar para o menino. — Podemos ficar apenas em silêncio? — peço já cansada e ele concorda.

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