Anne

Dia 1

Hoje era dia, tudo começou quando ele abriu seus olhos, devia ter ficado na cama, quase caiu no banheiro depois do banho, se não fosse um ninja experiente, teria quebrado o pescoço, sujou a roupa quando tentava tomar café e ler ao mesmo tempo e como um último aviso para não sair de casa deu uma topada com o pé no canto do móvel. — Mas que dia de merda — E nem começou...

Se tivesse escolha não estaria saindo de casa, mas era dia de pegar missões com a Hokage, mesmo sendo um dos heróis da quarta guerra ainda era um ninja de Konoha e essas missões pagavam suas contas no fim do mês. Normalmente eram missões simples, como escolta, guarda costas, patrulha... Já não tinha mais um time nem pique para ir para muito longe ou qualquer missão de ranking alto, não que não conseguiria, ainda estava em plena forma, mas não era o que ele queria.

Assim que saiu de casa Kakashi atravessou a rua dobrou a esquina e deu de cara com uma senhora cheia de sacolas de compras. — Sabia que não devia ter saído de casa. — Nunca que iria deixar a senhoria levar tudo sozinho, já conhecia ela de outras ocasiões, prontamente a ajudar carregou suas compras até a casa dela ouvindo com atenção todas as histórias que a idosa contava pela milésima vez, sabia que aquele desvio iria lhe custar algum tempo de uma grande bronca que iria levar da Hokage, que nunca acreditava que ele ajuda as senhoras com suas compras.

Decidiu ir por cima dos telhados e ganhar tempo, e por sorte não ter mais ninguém que ele precise ajudar ou cumprimentar. Mas o dia estava complicado, sim, no caminho encontrou um gato em cima do telhado e uma menina chorando no chão pedindo ajuda. Odiava gatos, mas odiava mais o choro da criança, sem falar que ela o tinha visto e se não ajudasse ela falaria para alguém e ele ficaria tão envergonhado que nem a faixa que cobria seu rosto ajudaria.

Pegou o gato com as pontas dos dedos para caso ele quisesse se soltar não faria questão de segurar, sabia que o felino não se machucaria. Depois teria que explicar para seus ninkens aquele cheiro do bixano, antes que eles o atacassem ou não quererem ficar mais ao seu lado. Revirou os olhos com esses pensamentos ainda descendo com o gato na mão. Deixou-o no colo da menina que lhe agradeceu com um grande sorriso.

Seguiu para o grande prédio Kage. Como esperado levou aquele sermão sobre seu atraso e outro pelas "desculpinhas que já não colavam mais". Já estava acostumado com o sermão e com as pessoas não acreditarem no que ele dizia para justificar seu atraso.

_ Kakashi, essa missão é de acompanhante, sei como você gosta de livros e ela é uma autora muito famosa e ficará na vila por uma semana lançando seu novo livro. - a Hokage falava com um sorriso torto no rosto, esperando para saber se ele tinha alguma reação de curiosidade, mas impaciente com a cara de tédio dele continuou - Kakashi, você não tem graça nenhuma, esperava que você ficasse no mínimo curioso! - no fundo ele não se continha em curiosidade, mas não daria esse gostinho para ela. Ela suspirou decepcionada. - A autora é a Anne, já ouviu falar? - foi como um grande balde de água fria, de todos os autores que poderiam estar na vila tinha pegado logo ela para ser seu acompanhante? — Merda — mas mesmo assim não mudou o semblante nem a voz para responder a Hokage.

_ Sim, já ouvi falar. - ouviu falar muito mal, mesmo sabendo que a fonte não era muito confiável, ele já tinha em sua cabeça como ela era chata, mandona e extremamente fútil. Foi o que Jiraya lhe falou um vez que tocaram no nome dela.

_ Ótimo, ela chega hoje as duas da tarde, esteja no portão para recebê-la. E Kakashi sem atraso! - ela falou sério juntando as sobrancelhas e batendo de pulso fechado na mesa.

Maravilha, ficaria de babá a semana inteira de uma mulher fresca e chata. Nem sabia por onde começar, se levaria ela para almoçar, se faria um tour pela vila, se levava ela direto para o hotel e ficaria esperando em uma sombra de árvore lendo meu livro... essa última opção seria a mais agradável de todas. Talvez se isso acontecesse deixaria seu dia mais tranquilo, mas como era um homem azarado e pessimista provavelmente seria uma das duas primeiras opções. — Droga — Já se imaginou carregando dezenas de sacolas e sendo obrigado a percorrer toda vila com a mulher mandona em suas costas.