𝘵𝘩𝘦 𝘧𝘢𝘭𝘭 𝘰𝘧 𝘐𝘤𝘢𝘳𝘶𝘴

74 10 3
                                    

Inspirado no texto "Method and Madness" da @acosmis-t no Tumblr
Avisos: angst (sentimentos ruins), sexo implícito e traição
Esse conto também foi publicado no perfil @angelospectral do Tumblr
Não está revisado!

×××

Ele apenas sentia os minutos passarem por si e o dia mudar do lado de fora do chalé de Poseidon. Os dias se acumulavam no canto do quarto, as coisas não pareciam progredir nem decair, estava parado.

Depois do Tártaro, as coisas não ficaram melhores. Todos os dias eram motivos para uma briga nova com sua então ex-namorada, Annabeth. Os pensamentos que rondavam sua cabeça incessante eram sempre os mesmos: se ele tivesse sido mais rápido, se ele tivesse sido mais forte. Se, se, se.

Com o longo dos minutos depois do fim de seu relacionamento, ele começou a se afundar em uma lama movediça que não o libertava. Estava irritado com tudo, consigo mesmo. Era incompetente até para salvar a mulher que mais se importava, sua tão amada sabidinha. Sua raiva não ficava mais dentro de seu peito, como costumava ser durante seu relacionamento. Agora ele deixava-se explodir com qualquer um, com qualquer situação, por menor que fosse.

Um dia, bateu de frente com um filho de Ares que tinha o dobro dos músculos de Percy e com certeza ele tinha mais horas de sono, além de provavelmente estar se alimentando da forma certa. Aquilo era tudo que o filho de Poseidon não tinha no momento.

Os primeiros ataques foram bem recebidos, ele desviava, acertava uns socos e se mantinha em pé. Porém, quando perdeu o equilíbrio, a coisa piorou. Recebeu pontapés no abdômen e socos no rosto, até ficar zonzo. O rapaz não continuou pois uma garota apartou a briga. Ele não viu quem era.

Aquela foi a primeira vez que Luca o salvou de alguma coisa, de alguma enrascada sem precedentes. Ela convenceu o filho de Ares a desistir daquela briga e dispersou a multidão de campistas que observavam o grande herói do Olimpo levar uma surra. Decadente, ele sabia disso.

Quando não havia mais ninguém por perto, a filha de Hermes levantou o rapaz e o levou para o chalé 3, a pedido dele. Ela ainda tentou convencê-lo a ir para a enfermaria, mas Percy conseguia ser extremamente teimoso. No banheiro à frente do quarto principal, ela pegou um kit de primeiros socorros e voltou para o quarto em que o rapaz estava. Sentou-se em sua cama, na frente dele, e começou a fazer seus curativos.

— Você é muito boa nisso para uma filha de Hermes — comentou, fazendo uma careta quando ela passou o algodão com álcool em sua sobrancelha. Ela o encarou, sua sobrancelha com uma falha na ponta erguida e uma expressão de confusão.

— Já tive que fazer meus próprios curativos muitas vezes — explicou, voltando a se concentrar em colocar os adesivos brancos no corte acima da sobrancelha dele.

Aquela foi a primeira vez que ela se dispôs a cuidar dele. Depois, virou uma rotina. Percy brigava, se machucava, Luca apartava a briga, o arrastava para o chalé de Poseidon e fazia seus curativos. Aquilo aconteceu mais vezes do que ela poderia contar. Ele estava sempre entrando em brigas feias e ela estava sempre tentando tirá-lo delas.

Soava como os anos em que eram mais novos, quando ainda estudavam juntos em reformatórios para crianças problemáticas demais. Tanto ela, quanto Percy, já tinham sido calejados várias e várias vezes. Tal como depois da batalha com os romanos, eles se aproximaram novamente por ambos estarem machucados demais, calejados.

Houve, claro, momentos em que os socos acertavam o rosto élfico de Luca e quem tinha que cuidar deles, era Percy. Passando álcool, colocando curativos brancos e tendo certeza que ela não o odiava. Tal como antes de se separarem, ela sabia como perdoar todas as coisas que ele a enfiava.

a queda de Ícaro ・ ⁽ᵖʲ ˣ ᵒᶜ⁾Onde histórias criam vida. Descubra agora