***— Ah, que saco!
Eu olhei para o lado, para a mulher ruiva com peitos falsos, que xingava os mosquitos que a picavam. Ela parecia histérica enquanto batia eles para fora de seus braços. Prendi o sorriso, mordendo o interior das minhas bochechas e ofereci:
— Quer um pouco de repelente? — apontei com meu polegar para a mochila em minhas costas.
Ela me olhou e gemeu:
— Por favor! — implorou. Enquanto eu tirava o frasco de repelente da bolsa, ela continuou a reclamar — Juro que isso não passou pela minha cabeça. Também, como poderia? Fui praticamente obrigada a estar nesse lugar! Não! — ela ergueu um dedo em riste — Praticamente, não; completamente. Eu fui totalmente obrigada a vir para cá!
— Bom — passei o frasco para ela e coloquei a mochila de volta para meu ombro. —, eu tenho outro reserva, então, pode ficar com esse.
Ela suspirou com toda frustração que estava sentindo. Apesar do chilique, ela não parecia ser uma pessoa ruim. Metida? Talvez. Mas, isso ficou claro quando reconheci seus sapatos Fontaine e suas roupas de grife. Ela usava uma blusa branca de gola e um short cintura alta, na cor rosa-bebê, com um cinto da Gucci. E sim, ela estava de saltos altos desenhados por Ryle Christ, o marido da minha prima, Mia.
— Obrigada. — Agradeceu e estendeu uma mão para mim. — Sou Lizeth Langford, mas, por favor, me chama de Liz.
— Maya. — eu me apresentei, oferecendo um sorriso simpático para ela.
Sua sobrancelha alçou com curiosidade:
— Só Maya?
Sorri, soltando sua mão para que ela começasse a passar o repelente nos braços. Encolhi os ombros, me desculpando. Eu já estava tão acostumada com as pessoas me reconhecendo na faculdade e em qualquer lugar dos Estados Unidos, que eu nem me preocupava mais em dizer meus sobrenomes.
— Lazzari-Cross. — falei. — Mas, por favor, só Maya.
E lá estava! A reação igual a de todo mundo.
Os olhos da garota aumentaram bastante, seu queixo caindo de choque. Ela, literalmente, demorou uns trinta segundos para conseguir falar de novo.
— Oh. Meu. Deus! — Ela pontuou as palavras, as mãos balançando como se fosse um fã diante do seu ídolo. Torci o nariz porque eu não era nenhuma famosa. Ela começou a sorrir. — Você é da família da Mia Lazzari, não é? Tipo, a modelo mais linda e maravilhosa da atualidade? Esposa do perfeito e, com todo respeito, muito gato, Ryle Fontaine Christ?
— Ahn... isso. — Eu estava acostumada com essas reações. As pessoas de negócios costumam conhecer meus pais e meus tios. As que amam esportes, costumam conhecer meu primo Benton e o marido da minha prima, o Kent. E tem as pessoas como essa que está na minha frente agora, que costumam conhecer Mia e Ryle. E meus sobrenomes ajudam todas essas pessoas a me conhecerem.
Eu sei, existem outros Lazzari e outros Cross pelo mundo. Mas nenhum deles tem essa junção tão chamativa e poderosa como Lazzari-Cross.
Eu e meu irmão temos. E isso chama atenção até no inferno.
— Minha nossa, que legal! — Liz voltou a falar enquanto andávamos para o lugar onde o guia estava levando nosso grupo. Ela levantou um pé rapidamente, apontando para o sapato: — Está vendo esse sapato? Foi o Ryle quem desenhou! Presente de aniversário do meu pai.
— Percebi. — Dei um sorriso amarelo.
— Sério? Conhece todos os sapatos dele?
— Não, mas conheci pelo pequeno F dourado que fica na parte de trás.