As Palavras de Catra

16 1 0
                                    


É estranho expressar sentimentos por meio de um texto. Afinal, eu poderia apenas me declarar para você, certo? Parece tão fácil… como o fluxo de um rio que corre livre e calmamente, fluindo, indo e vindo. É, deveria ser fácil assim. Mas é claro que não é assim para mim.

Eu provavelmente seria como uma correnteza. Violenta, rápida, atropelando todas as palavras certas e me afundando nas incertezas e inseguranças que me rodeiam. É, eu certamente não conseguiria expressar meus sentimentos, meus pensamentos pessoalmente. Mas será que um texto é realmente uma boa ideia? Talvez não seja, mas é minha única saída.

Desde que te conheci, ou seja, desde que éramos crianças, tivemos uma conexão. Protegíamos uma à outra, nos metíamos em encrencas juntas, fazíamos tudo juntas. Éramos melhores amigas, éramos como almas gêmeas, espíritos irmãos… chame como quiser. Eu me lembro de que tinha medo de que você me trocasse por outra pessoa, eu era tão ciumenta, você se lembra, Adora? Quando eu impliquei com você por ter ido comer com a Lonnie? Haha, era tão patético, mas eu temia que me trocasse por ela, que visse qualidades nela que eu não tinha. Tínhamos altos e baixos, mas éramos felizes, ou pelo menos o mais feliz possível que se pode ser vivendo na Horda.

Se passaram anos, nossa relação, nossa amizade havia melhorado. Estávamos melhores do que nunca. Me convenci de que nada poderia nos abalar. Éramos amigas, melhores amigas, mas… de alguma forma, algo havia mudado para mim. Eu de repente estava… sentindo coisas estranhas. Eu não sabia explicar o que era aquilo, e não sei dizer ao certo quando começou, mas eu comecei a pensar que estava apaixonada por você. Mas isso não poderia acontecer, certo? Éramos amigas, não valia a pena estragar nossa amizade com uma besteira como essa, certo? 

Sim, certo. Mas me conhecendo, é claro que eu iria estragar isso. Depois de um tempo, houve toda aquela história da espada. Eu pedi que você ficasse, pedi que não me abandonasse, mas você foi mesmo assim. Não sei por que fiquei tão surpresa. Você sempre foi assim, sempre esteve um passo à frente de mim. Não seria diferente dessa vez. 

Mesmo com você partindo, eu insisti em pensar que você voltaria, que você voltaria para mim, que eu era mais importante. Já meu subconsciente me dizia que não. Tudo à minha volta me dizia que não. Que eu estava me iludindo com algo inútil, que eu devia  desistir dessa ideia. E acho que… estavam certos.

Eu amo você, realmente amo você, mas não podia perder tudo por algo no qual eu não tinha certeza, por mais que quisesse, então eu pensava em somente uma coisa. "Posso esquecer esse sentimento. Posso lutar contra isso, só preciso me esforçar." De qualquer forma, acho que você não se importava, não é? Não preciso me preocupar com o que você vai sentir em relação a isso, à este texto, pois você não sente o mesmo. Me vê como amiga, e eu devia ter percebido isso antes. 

Eu me iludi ao ponto de pensar que o que eu sentia era recíproco, quando você estava apenas sendo minha amiga, quando você estava me apoiando como amiga, apenas… uma amiga, mas eu amo você e me odeio por te amar, eu odeio te amar mesmo sabendo que você me abandonou, eu odeio te amar apesar do fato de você ter se voltado contra mim, eu me odeio por amar tanto você ao ponto de não conseguir destruí-la. Você me afeta, Adora. Me afeta de formas inimagináveis, me afeta tanto que dói, mesmo que eu não queira admitir. 

Eu me sinto em uma fusão de emoções. Eu queria não te amar, eu queria não ter te conhecido, eu queria que nunca tivéssemos ido àquela floresta naquele dia. Principalmente, eu queria que você me amasse do mesmo jeito que eu amo você. Eu queria você do meu lado. Infelizmente, não podemos ter tudo o que queremos.

Claro, dói. Dói o que eu sinto agora, mas isso vai passar. Logo, eu vou superar isso, e vai ser como se nada tivesse mudado, como se nada tivesse acontecido. Voltará tudo ao normal. Você verá. 

Hey, Adora.
Eu amo você.
 

As Palavras de CatraOnde histórias criam vida. Descubra agora