capítulo único.

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— Você sumiu hoje.

Foi a primeira coisa que Nico ouviu ao entrar na pequena tenda da enfermaria. Will nem ao menos tinha se virado, mas ele sabia que era o garoto ali, só ele aparecia tarde assim.

As pequenas lamparinas iluminavam o local, onde anteriormente havia apenas o loiro, arrumando algumas ataduras em suas gavetas. Ele se virou a tempo de ver Di Angelo dando de ombros.

— Dia difícil? — Perguntou ao perceber o olhar cansado do loiro, que assentiu sorrindo de lado e continuando a o encarar, como se esperasse ele responder o porque de não ter aparecido o dia inteiro.

Nico pegou uma das almofadas amarelas do pequeno sofá que tinha ao seu lado e a colocou em uma das macas que ficavam no canto da "enfermaria", lado a lado, se deitando logo depois.

— Era dia de captura a bandeira, eu estava me escondendo. Não iria correr o risco de ser obrigado a participar.

Will revirou os olhos mas não conseguiu conter uma pequena risada, porque bem, isso era a cara de Nico. Ele evitava qualquer situação naquele acampamento em que tivesse que interagir com alguém. Por mais que o loiro tentasse mudar isso, mesmo aos poucos, ele sabia que o outro tinha milhares de formas de sumir quando necessário.

Will se preocupava, achava que era importante que ele fizesse amigos, que percebesse que ninguém ali tinha medo dele, mas era complicado quando as únicas pessoas que Nico fazia questão de interagir eram Hazel, Reyna e Jason, que ficavam naquele constante bate-volta do acampamento romano para o grego. E isso fazia Solace parar para pensar as vezes no motivo de Di Angelo ter resolvido ficar lá, sendo que praticamente todos os seus amigos ficam fora a maior parte do tempo.

O loiro nunca iria admitir que seus pensamentos as vezes o levavam para a compressão de que: talvez ele tentasse fazer o outro ter mais amigos ali para que ele quisesse ficar por algum motivo aparente.

Que idiota. Como se alguma coisa fosse fazer Nico Di Angelo, a pessoa mais teimosa que ele conhecera, a tomar una decisão contrária da sua própria. Mas a vontade de fazer com que ele sentisse que deveria ficar era maior. O menor não se aproximava de ninguém, a não ser de Will, depois de tanta insistência. Talvez isso fosse o bastante. E quando parava para pensar nisso, Solace realmente sentia que conseguia ajudar nem que fosse um pouco. E isso por enquanto era bom o bastante.

Will deixou de lado as ataduras, já com a bancada quase toda arrumada depois de um dia tão complicado que se repetia tantas vezes. Se algum pai assistisse três minutos do captura a bandeira deles, com certeza repensaria a ideia de deixar seu filho ir para um acampamento tido como tão seguro. Esse pensamento o fez rir. Nico levantou uma das sobrancelhas.

— Você é tão estranho. — Disse. — E coloca uma música aí, se eu quisesse ficar num lugar pequeno e deprimente eu estaria no porão do castelo do meu pai.

— E eu que sou estranho? — Rebateu, revirando os olhos e indo até o pequeno aparelho de som que tinha ali. Trazia seus cds de casa para lá sempre já que amava música e não tinha como ouvir na internet por conta de ser praticamente um sinalizador para monstros.

O loiro pegou outra almofada do travesseiro, a colocando na maca que estava junta a do menor, se deitando ali também e encarando o teto daquela tenda, depois de dar play em um de seus cds.

Midnights (solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora