Oslo, Noruega
03 de setembro de 2006─ Não se atreva a dar mais nenhum passo, Beatrice! ─ Falei, autoritário.
Beatrice nem sequer olhou para trás. Ela praticamente marchava pelos largos e compridos corredores do prédio e eu a seguia feito um cão bravo, prestes a atacar.
Eu, então, agarrei seu braço com tanta potestade que eu sentia que podia quebrá-lo.
─ Me solte agora! ─ Ela pediu, com a voz baixa, provavelmente para evitar uma cena no meio da faculdade. Mas, mesmo em baixo tom, seu pedido ainda era agressivo.
─ Você achou que sua brincadeira não teria consequências?
─ O único aqui que eu vejo sofrendo alguma consequência é você. Não se esqueça quem começou essa palhaçada!
─ Se queria chamar minha atenção, parabéns, Beatrice! Você conseguiu. E agora não será nada fácil sair dos meus holofotes.
Ela soca meu antebraço e consegue se soltar. Ela corre até o elevador no final do corredor e eu a sigo novamente. Eu chego a tempo de segurar a porta e de ver Beatrice apertando sem parar o botão de fechar a porta.
Há mais dois caras no elevador. Dominic Manferrari e o chaveirinho dele que não faço ideia de como se chama. Ambos param de conversar assim que chego e nos observam sem entender nada. Beatrice se encosta no espelho do elevador e eu aperto o botão para que as portas se fechassem.
─ Espera! ─ O pedido é acompanhado do som de saltos altos batendo no chão e rapidamente Marian Santoro chega a tempo de segurar a porta novamente.
Marian aperta o botão para o nono andar e permanece próxima a porta, enquanto Dominic e seu amigo estão no canto direito e Beatrice e eu à esquerda.
─ Vai me colocar na capa do jornal desta vez, não é, Marian? ─ Dominic quebra o silêncio.
─ Se eu fizer isso ninguém lerá o jornal ─ retrucou.
─ Deixe de ser tão cruel, Mai. Não custa nada.
Olho de relance para Beatrice e ela parece detestar cada segundo disso. Seu olhar não se desvia do chão. O elevador continua subindo e eu só sairei daqui junto de Beatrice.
─ Desista, Manferrari.
─ E se eu pular? ─ Perguntou ele, e pela primeira vez desde que entramos no elevador o olhar de Beatrice se levantou, discretamente. Ela se mostra interessada na pergunta de Dominic.
─ Do que está falando? ─ Pergunta Marian.
E então Dominic literalmente pula, fazendo o elevador balançar.
─ Para com isso! ─ Marian pede, se segurando na porta.
Dominic pula novamente e seu colega ri.
─ Para com essa porra! ─ Beatrice esbraveja. ─ Nós vamos acabar ficando presos.
Dominic pula de novo. Agora seu colega também pula, rindo como um idiota.
─ PARA! ─ Marian e Beatrice gritam em uníssono.
E eles pulam outra vez.
─ Já deu dessa criancice ─ resmungo.
Mais dois pulos sincronizados e o elevador balançou tão forte que todos nós nos esforçamos para ficar de pé. A luz começou a piscar sem parar e o elevador ainda chacoalhava. O colega de Dominic caiu em cima de Marian, fazendo-a derrubar sua bolsa. As unhas de Beatrice arranharam meu braço ao procurar por qualquer superfície que ela pudesse segurar para não cair. E Dominic acabou trincando o espelho ao se desequilibrar.
Foi como um terremoto. Breve, porém avassalador.
Agora o elevador não estava mais subindo, ou sequer descendo. Ele estava parado. E não voltaria a se mover tão cedo...
NOTAS.
- veio aí
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FRIENDS & ALIBIS
Romanceㅤㅤㅤ Provas, trabalhos, festas e atitudes promíscuas fazem parte da rotina de qualquer estudante da Oslo University. Veterano ou calouro, todos escondem um lado de si. ㅤㅤㅤ Em uma maldita inconveniência, Beatrice se vê presa no elevador de sua faculda...