◇ Epílogo ◇

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--- Mamãe! Mamãe!

Mamãe está dormindo no chão.

Ela está adormecida há muito
tempo.

Eu escovo o cabelo dela do jeito que ela gosta.

Ela não acorda.

Eu tento acordá-la.

--- Mamãe!

Minha barriga dói.

É fome.

Ele não está aqui.

Estou com sede.

Na cozinha, eu puxo uma cadeira para a pia e bebo água de lá.

A água respinga no meu suéter azul.

Mamãe ainda está dormindo.

--- Mamãe acorda!

Ela não se mexe.

Ela está fria.

Eu vou buscar o meu cobertor, e eu cubro a mamãe, e eu deito no tapete verde pegajoso ao lado dela.

Mamãe ainda está dormindo.

Eu tenho dois carrinhos de brinquedo.

Eles correm pelo chão, onde a mamãe está dormindo.

Eu acho que Mamãe está doente.

Eu procuro algo para comer.

No freezer eu acho ervilhas.

Elas estão frias.

Eu as como lentamente.

Elas fazem o meu estômago doer.

Eu durmo ao lado de mamãe.

As ervilhas acabaram.

No congelador tem algo.

Cheira engraçado.

Eu o lambo e minha língua gruda.

Eu o como lentamente.

Tem um gosto ruim.

Eu bebo um pouco de água.

Eu brinco com meus carros, e eu durmo ao lado de mamãe.

Mamãe está tão fria, e ela não acorda.

Arrombam a porta eu cubro a mamãe com o meu cobertorzinho.

Ele está aqui.

--- Foda-se. Que diabos aconteceu
aqui? Ah não, a filha da puta. Merda. Foda-se. Saia da minha frente, seu merdinha.

Ele me chuta, e eu bato minha cabeça no chão.

Minha cabeça dói.

Ele chama alguém e vai embora.

Ele tranca a porta.

Me deito ao lado de mamãe.

Minha cabeça dói.

A policia está aqui.

Não. Não. Não.

Não me toque.

Não me toque.

Não me toque.

Eu fico do lado da mamãe.

Não.

Fique longe de mim.

A policial pega meu cobertor, e ela me agarra.

Eu grito.

--- Mamãe! Mamãe!

Eu quero a minha mamãe.

As palavras se foram.

Eu não posso dizer mais nada.

Mamãe não pode me ouvir.

Eu não tenho palavras.

---◇

--- Dean! Dean! --- Sua voz é urgente, puxando-o das profundezas de seu pesadelo, as profundezas do seu desespero. --- Eu estou aqui. Eu estou aqui.

Ele acorda e Cass está debruçado sobre ele, agarrando seus ombros, sacudindo-o seu rosto cheio com angústia, olhos azuis arregalados e marejados de lágrimas.

--- Cass. --- Sua voz é um sussurro ofegante, o gosto do medo manchando sua boca. --- Você está aqui.

--- Claro que eu estou aqui.

--- Eu tive um sonho...

--- Eu sei. Eu estou aqui, eu estou aqui.

--- Cass. --- Ele respira o seu nome, e é um talismã contra o pânico correndo por seu corpo.

--- Calma, eu estou aqui. --- Ele se enrola em torno dele, seus membros tão familiar aos dele, transmitindo calor em seu corpo, fazendo-o esquecer das sombras, fazendo-o esquecer do medo.

Cass é o sol, ele é a luz... Ele é seu.

--- Por favor, não vamos brigar. --- Sua voz é rouca quando envolve seus braços em volta de Cass.

--- Ok.

--- Os votos. Não obedecer. Eu posso fazer isso. Nós encontraremos uma maneira. --- As palavras saiam correndo de sua boca em uma queda de emoção, confusão e ansiedade.

--- Sim. Nós vamos. Nós vamos sempre encontrar uma maneira. --- Cass sussurra e seus lábios estão no dele, silenciando-o, trazendo-o de volta para a realidade.

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549 Palavras

◇100 tons de Destiel *parte 03*◇Onde histórias criam vida. Descubra agora