Tudo era tão verde

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  Lillian é um nome puro, que me inspirava inocência. Vindo de uma mulher alta e esbelta, o corpo coberto de sardas que simbolizavam constelações vizinhas no céu, o cabelo ruivo me lembrava o calor das brasas e seus olhos apagados me deixavam um grande mistério. Contudo, essa mulher era minha natureza. Vivia no coração da floresta, uma beleza desconhecida.

  Equilibrada, com uma calma inacreditável imitava o movimento das ondas e só assim as folhas se mexiam no vento, deslizava os dedos no ar e então os pássaros cantavam, levantava os olhos ao céu e então decidia se era dia ou noite. O coração da floresta.

  Mas nem sempre se aguentava, seus sentidos permeiam cada parte verde da vida. Se machucava, doía.

  Lillian se desprendia da calmaria e só pensava em destruir, qualquer coisa que entrasse mais fundo no seu coração. Fechava os punhos então a neblina se alastrava, se desconfiava de qualquer movimento então tornava o sol escaldante, se se instabilizava quebrava galhos e os deixavam cair no caminho. Era dura com quem entrava lá, e consigo mesma. Estava no seu limite e quem quer que fosse já teria fugido, mas como eu disse antes: Lillian era minha natureza.

  Seu coração receava o pior, então pôs-se a chorar, e se Lillian caísse aos prantos a floresta inundava pela chuva, gotas pesadas cairiam sobre este desconhecido, e estranho eu.

  Deslizei meus dedos entre os seus, e assim reconheceu o seu lar, seu coração abalado se acalmou e logo o céu se abriu. Suas lágrimas precipitaram sobre mim, mas nada que não suportasse para a conhecer de perto. A ruiva estava em paz, e só assim a floresta voltou a ser verde. 

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