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Alguns dias mais tarde Chloe e Lucifer estavam próximos, bastantes próximos. Ela aprendeu mais sobre ele cada dia. O momento de pressão que viviam fez com que nunca se separassem. Explorar um pouco mais da ilha foi fácil o Lucifer fez um bom patrulhamento da área com as suas asas e pelo menos encontraram água potável de uma cascata não muito longe da praia. Cocos e peixe continuavam a ser o único alimento seguro, bagas e cogumelos podiam ser venenosos e ela não arriscou. O abrigo tinha sofrido uma séria atualização, estava maior. Já não dormiam sobre a areia e folhas e o vento já não entrava durante a noite, mas os braços um do outro ainda eram o seu melhor abrigo e esse calor era algo fundamental para os manter exatamente onde eles queriam. Mas não queria admitir!

A Chloe via-se cada vez mais insegura sobre os seus sentimentos. Ela sabia que nunca estaria à altura do Anjo/Diabo... ainda nem podia perceber o estranho fascínio que ele tem por ela. Mesmo assim uma mulher podia sonhar e era isso mesmo que ela estava a fazer... banhada na água límpida do riacho que fluía da cascata. Perdeu-se no tempo, pensando nos seus braços à volta da sua cintura, no peso do seu corpo e nos seus lábios macios e treinados. A fantasia era vivida na sua mente e ela sentiu o calor acumular, a face corar antes de tentar afastar os pensamentos. Ela tinha de voltar à praia ou o Lucifer viria procurar por ela... e seria muito embaraçoso explicar o tom rosa nas suas bochechas. Ela tinha de ignorar esses pensamentos daquela fantasia tola.

Ela vestiu-se e voltou. Ele estava junto da fogueira, apenas de calças. Aquele tronco nu deixava-a fantasiar um pouco mais e ela passou por ele tentando agir normalmente. Ela ficou calada quando se sentou do lado contrário da fogueira.

"Tudo bem detetive?" Ele pergunta.

"Sim." Ela nem olhou para ele enquanto examinava as unhas que ficavam cada vez mais irregulares com o tempo.

"Detetive..."

"Eu disse sim." Ela olhou para ele dessa vez. "O melhor que posso estar." Ela acrescenta. Ela não pretendia ser tão dura... não com ele... "Desculpa Lucifer." Ela já tinha perdido a conta do número de vezes que tinha se desculpado desde que ela percebeu a sua natureza. Ela não o deveria desrespeitar... ele é um anjo... ela podia ser punida por má educação? Por ser rude? Ela não sabia, mas mesmo assim ela não se sentia completamente à vontade.

"Bem... eu posso desculpar se..." Ele tocou na própria bochecha com o indicador com um sorriso insolente.

Os olhos dela arregalaram. Ele queria mesmo um beijo? No rosto... mas... calma Decker, não é nada de mais. Ela levantou-se e sentou-se ao lado dele. "Tu és impossível... e um idiota." Ela inclinou-se e beijou-o no rosto. Delicado e breve, nada de mais.

"Receio que um beijo não seja suficiente depois de insultar e ser tão rude." Ele diz ainda mais presunçoso. Ela revirou os olhos e suspirou. "Isso não são pontos extra!" Ele alertou para a sua atitude. Ele estava a adorar a brincadeira.

Ela pegou o seu rosto com as suas mãos e beijou cada lado da sua face. O beijo mais sonoro e repenicado que podia lembrar de uma avó. Ele ficou meio aturdido, mas recuperou rápido. Ela ficou a apenas uma pequena distância do seu rosto. "Assim foi melhor?" Ela provocou um pouco, ele não estava habituado a este tipo de coisas.

Ele ficou em silêncio por apenas alguns segundos. "Eu estava apenas a brincar, mas..." Ele olhou-a nos olhos, sentindo a tensão que se criou com a proximidade. Ela podia sentir, juntamente com o calor e fantasias que ainda tinha na cabeça. Tensão e sentimentos... eles eram ótimos a oprimir tudo isso... por anos... e ajudados com cada separação ao fim do dia... ele geria o seu bar, dormia com mais meia dúzia de galdérias que a deixavam com... ciúmes. Mas a cada manhã era ela que iluminava o seu dia, o seu sorriso crescia com ela. Ela notou e aqueceu o seu coração. Ele importava-se com ela, profundamente e ele mostrava-lhe todos os dias subtilmente.

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