Last dance

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Recomeçar.

Palavra fácil de falar, mas difícil de executar.

Sair da cidade onde nasci para recomeçar em outro país, com cultura e língua tão diferentes, não estava sendo fácil. Mas eu estava me adaptando.

Afinal, todo mundo sempre gostava de uma boa festa. E, graças aos céus, eu também. E amava meu trabalho.

— Alice, os balões chegaram! — uma das minhas funcionárias gritou.

— Já estou indo! — gritei de volta.

Minha empresa ainda era pequena. Não éramos muitos. Yerin e Sunhee, Wonho, o rapaz do grupo que carregava nossas caixas, e eu, dona e proprietária da Party! Organização de eventos. Sim, o nome era o bordão da minha drag queen favorita. Beijo, Adore Delano. E não, eu não ficava no escritório o dia todo. Eu gosto da ação. De ver o resultado.

Terminei de acertar os detalhes com um cliente futuro, guardei o celular e fui ajudar Yerin com os balões.

— Pronto. O que temos? — perguntei observando a quantidade de balões ali. Eu não gostava deles, mas tinha sido exigência da cliente. Pessoas ricas. — Painel?

— Sim. E ela quer uma cara do Mickey aqui. Já estou imaginando as crianças chorando. — ela estremeceu.

— Alguém tentou convencer ela do contrário? — perguntei já separando os balões por cores.

— Sunhee e toda a sua delicadeza. Não teve sucesso. — ela bufou. Se Sunhee não tinha conseguido, ninguém mais conseguiria.

— OK, então também não vamos conseguir. — me dei por vencida.

— O que não vamos conseguir? — a voz de Wonho ecoou pelo local.

— Convencer a cliente a não fazer um painel com a cara do Mickey. — Yerin respondeu.

— Felizmente não estaremos aqui para ouvir as crianças chorarem. — ele riu, pegando o aparelho que usávamos para encher os balões.

— Mãos à obra? — Sunhee chegou carregando a base para o painel de balões.

— Sim! — gritamos todos juntos e fomos encher nossos balões. Montamos o painel, e até que ficou bonito, e organizamos toda a decoração. A cliente chegou e quase chorou ao ver tudo arrumado. A festa seria linda. Juntamos nossas coisas e voltamos ao escritório, combinando de pegar tudo no dia seguinte.

— Céus, hoje foi cansativo. — me joguei na cadeira.

— Alice, tem um rapaz lá fora pedindo pra falar com a dona. — Yerin entrou de fininho na minha sala. Ela tinha um papel com seu nome pregado com fita adesiva na blusa da Party!. Talvez culpa da minha hesitação em lhe chamar pelo nome hoje a tarde. Eu ainda tinha alguns problemas em diferenciá-las.

— Belo crachá. — apontei e ela riu. — Enfim... Cliente? — perguntei endireitando a postura.

— Não sei, mas ele é muito bonito. — ela riu.

— Homens bonitos seriam colírios para os meus olhos cansados agora. — eu ri e ela me acompanhou. — Pode mandar entrar.

Não que Hoseok, ou Wonho, como ele gostava de ser chamado, não fosse um homem bonito. Ele, de fato, era, mas eu estava tão acostumada com sua pele branca, sua boca bonita e seus braços musculosos, que já não sentia mais aquele formigamento na ponta dos dedos sempre que ele se aproximava.

Yerin saiu da sala e ouvi sua voz sussurrada do lado de fora. Segundos depois a porta foi aberta e um rapaz de pele amorenada, cabelos escuros e incrivelmente bonito passou por ela. A camiseta preta se ajustava muito bem ao seu corpo musculoso e ele me sorriu sem graça.

After PartyOnde histórias criam vida. Descubra agora