Eu havia acabado de acordar após uma longa noite sem sentido algum pra mim. Era ano novo, nova vida, novos ares, afinal, também era dia do meu aniversário de 14 anos. Quando me aproximei de meu banheiro, percebi algo estranho, algo estranho, algo que normalmente não acontecia. Embora eu relutasse para acreditar, minha serpente havia saído do seu aquário sem ajuda nenhuma. Suspiro e caminhei lentamente pelo quarto, procurando ela por baixo dos moveis.
-Seraphine? Seraphine? Cadê você, serpente levada?! - Balbucio levemente enquanto olho por baixo da cama.
Por fim, dando-me conta de que não acharia a serpente tão cedo, andei até a pia de minha suíte e lavei o rosto. A essa altura, minha mãe estava aos berros me chamando, o que fazia minha cabeça doer infinitamente. Terminei de me lavar, tomei um banho e desci bufando para tomar o café. Peguei uma das panquecas maravilhosas de minha mãe e a observei.
-Querido, beba o suco, vai te fazer bem! -Disse a mesma com um sorriso no rosto.
Minha mãe não era tão velha, na realidade ela tinha seus trinta e tantos, mas parecia muito mais nova que o normal. Sorri de leve ao ver o sorriso dela e bebi o suco lentamente, enquanto senti o vento que partia de uma janela atingir meu cabelo e me tontear de frio. Finalmente, terminei meu suco e me arrumei para ir à escola.
Parecia mais um dia normal, porém eu mal sabia que aquele dia mudaria tudo em minha vida. Ao pisar no chão, senti algo grudar em meus tênis novos. Olhei para baixo e percebi um liquido vermelho que escorria do arbusto até a calçada. Respirei fundo e afastei os galhos do arbusto e ali estava ela. Meu coração quase saiu da boca ao ver Seraphine sem a cabeça e o sangue escorrendo de se corpo. Meu estomago revirou, meus olhos se encheram e eu respirei fundo. Minha amiga de anos, minha única amiga, ali, jogada. Gritei com tudo que tinha para minha mãe vir até mim. Assustada, a mesma se deslocou até a calçada, vendo a serpente decapitada, Ela balançou a cabeça e Suspirou, me fazendo um cafuné enquanto insistia que o ônibus estava chegando e eu necessitava de ir para a escola, assim, ela cuidaria disso e me faria chocolate quando eu retornasse. Aquilo estava em minha mente o dia inteiro.
Caminhei para o ônibus com os olhos focados no nada, afinal, mais nada passava por minha mente sem ser: "Que ser humano cruel machucaria um animal tão indefeso quando uma Píton Asiática?". Me sentei no último banco, sozinho novamente. Não haviam outros alunos presentes no veículo, a grande maioria viajou com os pais para a Praia, e somente eu havia ficado. O motorista tocou em direção a escola enquanto eu observei a janela por um longo período de tempo.
-É! Parece que vai chover -Disse o motorista- Parece que essa chuva vai ser bem forte!
-Na verdade, a previsão do tempo estava marcando sol, eu realmente não entendo. -Respondi com dúvidas.
Ao chegar na escola, ainda estava muito vazio, apenas um garoto novo, do qual eu nunca havia visto. Ele tinha os olhos azuis e era um tanto quanto baixo.
-Ei, você é novo aqui né?
-Na verdade, eu nem estudo aqui!
-Como assim? Então veio fazer o que aqui?
-Vim te ver, Krown...
Eu fiquei confuso nesse momento, por esse motivo apenas dei uma risada leve enquanto o garoto me encarava meio tenso.
-O que foi? -Perguntei curioso-
-Não importa...
Nesse momento reparei que o garoto me encarava de leve e se levantou, retirando algo que parecia com uma longa varinha em forma de um cone fino. Reparei o nervosismo dele e ele suspirou, percebendo que ninguém mais estava ao redor. Lentamente eu me afastei reparando que a varinha possuía uma ponta fina e afiada. Nesse momento, o garoto fez algo que eu nunca havia visto na vida. Ele fez aquela varinha flutuar nas mãos. No mesmo momento entendi tudo, assustado, arregalei os olhos sentindo o frio percorrer minha espinha.
-VOCÊ! VOCÊ MATOU A SERAPHINE!
-Aquela maldita serpente me atacou quando eu fui lá matar você... Droga, falei demais!
Eu me virei e corri o mais rápido que pude escola a dentro. Rapidamente senti algo passar voando perto de minha orelha, ele havia... Jogado a varinha na minha direção? Corri pelos corredores e vi a varinha voltar. Aquilo passou por cima de minha cabeça e ele a agarrou no ar. O garoto parecia controlar com a mente aquele objeto afiadíssimo.
-Vamos, Krown, basta deixar eu te matar e eu vou embora -Gritou o garoto, andando atrás de mim. Eu o olhava de longe, quando de repente me virei e ele estava a centímetros do meu rosto, me encarando como se visse algo em mim.
-Buh
Como ele apareceu tão rápido? Como ele dominava aquela coisa? Antes que minha mente respondesse essas palavras, eu o vi se afastar de leve e a varinha voar em minha direção. Nesse momento fechei os olhos e senti o medo percorrer minhas veias, era o Fim.
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Lua Sangrenta
ActionO ano era de 2018. Em Los Angeles havia uma comissão secreta governamental, que preparava crianças superdotadas para que trabalhassem como assassinos. Essa comissão se chamava Lua Sangrenta.