Lua Sangrenta

A Sala B (por Elliot Kira)

Havia acordado com um pouco de dor nas costas. Meu ombro já estava melhor depois da missão da noite anterior. Caminhei lentamente pelo corredor de minha casa, até chegar ao banheiro e me preparar para a próxima missão. Abro meu notebook e vejo a mensagem d'A Comissão:

NOME: KROWN MERLOTT

IDADE: 14 ANOS 

DATA DE NASCIMENTO: 01/01/2004

OBJETIVO: ANIQUILAÇÃO

MOTIVO: IRRELEVANTE

LOCAL: ESCOLA ST. MARCH - LOS ANGELES (CALIFÓRNIA)

Suspirei olhando as informações e fechei o notebook. Meu velho companheiro de trabalho ainda estava ali comigo. Leon, como eu o chamava, era um presente d'A Comissão. Uma adaga que canalizava energia e podia se transformar em qualquer objeto que eu quisesse, além de que, em sua forma de adaga (que mais parecia uma agulha de tricô), poderia ser coordenada por minha mente. Rapidamente a guardei no bolso e parti para minha missão. Caminhei passo após passo em direção à escola. Suspiro a cada passo, cada pegada no meio da terra. A Comissão estava agora em outro patamar. Não que eu não gostasse de aniquilação, eu realmente amava, mas aquilo era demais.

Eram 06:25h da manhã, e eu já havia chegado na escola. Quando vejo o garoto se aproximar, lentamente o observo de forma fria. Talvez eu estivesse tempo demais n'A Comissão, talvez eu devesse sair. O Garoto anda até mim e me faz algumas perguntas, das quais respondo sem ânimo algum. Enfim, o tempo passara, estava na hora de executar a ideia. Assim que usei Leon, o fazendo levitar, vi o garoto fugir assustado. Observei as costas dele se afastando e com um movimento, fiz Leon voar na direção dele, o que faria um belo estrago se o tivesse acertado. A adaga passou voando pela orelha dele, quase o acertando por milímetros. Com ódio, chamo a Adaga de volta, andando devagar atrás dele.

-Calma, assim que eu te matar vou embora, prometo -Sorri, me divertindo com aquilo.

O garoto fixava meus olhos com medo, enquanto corria na direção contrária a minha. Quando se distraiu percebi que era o momento certo. Usando um de meus dons, desapareci e reapareci em sua frente, olhando seu rosto assustado enquanto fechava os olhos. Se havia alguma coisa que eu amava antes de matar era o cheiro que exalavam de medo. Meu sorriso surgiu enquanto a adaga saltou de minha mão em direção ao garoto. Estava perto, muito perto. Não havia meio do garoto fugir. Foi quando percebi... A adaga acertou algo antes de encostar nele e caiu no chão. Irritado, girei meu corpo e chutei o vento, fazendo a adaga voar na direção dele, mas nada... Havia algo de errado. Foi quando eu o vi, vi pela primeira vez o olhar de alguém tão poderoso quanto eu, mesmo sem treinamento nenhum.

O garoto estava com os olhos negros, sem pupila, apenas negros como a noite. Eu conseguia ver minha alma e todos os meus medos refletidos no olhar dele. Aquilo não era normal, eu nunca havia visto nada parecido. Meus olhos pesaram e um sono enorme veio até meu corpo, um cansaço indescritível, algo que eu não conseguia controlar. Caminhei até Krown com dificuldade, segurando Leon na mão, que em poucos segundos se transformara em um machado. Desfiro um golpe de cima para baixo, mas a porta de um armário se rompe e fica em sua frente. Aquele garoto era como eu, era tão poderoso quanto. Eu não poderia matá-lo, talvez a Comissão também precisasse dele. Mas... Qual o motivo dela mandar eu o matar? Ele parecia não saber controlar os poderes e isso me fazia questionar se deveria ajudá-lo ou exterminá-lo. Tentei a sorte de desferir mais um golpe, mas quando me aproximei de sua aura, senti micro-agulhas cortarem meu corpo aos pouquinhos, como se rompessem meu tecido celular. Gritei de dor, achei que fosse morrer. Mas então, Krown simplesmente... Desmaiou, esgotou suas forças ali mesmo. Estava evidente que a Comissão precisava de alguém como ele e ele precisava da Comissão. O Apoiei em meus ombros e caminhei lentamente para fora, usando meu dom de me mover pelo espaço tempo para surgir na Comissão. Adentrei as portas com o garoto e logo alguns homens engravatados correram até mim, me ajudando a ir para A Sala B com ele.

O coloquei deitado levemente na cama, olhando seus olhos fechados. Seu corpo estava tão destruído quanto o meu. Olhei para baixo e minha voz sumiu ao perceber que as minhas roupas estavam rasgadas e meu corpo sangrando pelos poros. Tentei controlar minha respiração quando vi Elder, o enfermeiro entrar na sala. Ele anda até Krown, observando o moreno com cuidado. Krown parecia um tanto mais novo. Ele usava roupas negras e possuía varias pulseiras no braço direito. Em seguida entraram os meus colegas de trabalho: Mary Ower, Emma Snow, Genshi Yamadai e Gabriella Waldorf. Enquanto a grande maioria olhava horrorizada para Krown, a mais velha, e também mais irritada, decidiu falar.

-Você deve estar comendo merda, Kira, não é possível -Rugiu, Emma.

-Ah na moral, garota, eu hein, eu salvei esse garoto. Ele é um de nós!

-Ah sim, mas não acha que A Inspetora vai ficar um tanto quanto irritada quando perceber que você descumpriu as ordens dela?

-Que se foda, Emma. Eu não ia assassinar um dos nossos!

-Pessoal, vamos manter a calma aqui, Okay? -Disse Genshi enquanto comia um pedaço de torta de limão fresca, antes de tomar um tapa de Gabriella- Qual foi?

-Sabe as regras, Genshi, nada de comer n'A Sala B! -Ralhou a morena, que observava Genshi com certo brilho no olhar. Não era pra menos, afinal, o garoto realmente era encantador.

Nesse meio tempo o Enfermeiro aplicou uma dose de um soro usado para acordar alguém. Enquanto as brigas aconteciam, Krown abre os olhos e observa todos.

-Onde... Onde eu estou?