Em manhã pacata despreocupado caminhava
Caí então numa fresta que o planeta atravessava
Ouvi gemidos putrefatos dos cães infernais
E súplicas imensas das almas atormentadas
Ouvi rochas cantando e em frenesi fundindo
Numa dança abissal que alma alguma entenderia
Nas incongruências minerais e das farpas avarias
Em breve estado liquefeito meu corpo incorreria
Do abismo veio rasgando voz tal que derreteria
E quebraria os espigões que tanto me fustigavam
Quando tudo se desfez em completa escuridão
Bradou de baixo a criatura tão solene lição:
Volta despreocupado, pois tem bom coração
E desfruta borbulhante tua vida fugaz
Não ouça o que o santo de porcelana a ti prega
Pois o inferno só engole quem a si mesmo nega
Soprou-me ágil para cima do mundo
Com olhos cerrados desafiando a gravidade
Vento úmido de vil caráter sulfúrico
De volta pra superfície, me lançou a entidade.