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- Golpe baixo. - Renjun falou enquanto comia hot pot. - Como conseguiu isso?

- É sua comida favorita, aprendi a fazer a muito tempo. - sorriu orgulhoso vendo o mais jovem comer como se não houvesse amanhã.

- Você cuida muito de mim.

- É claro, seus pais me pediram isso e eu prometi, fora que é como se você fosse meu irmão mais novo.

- Se Kulisara te ouvisse agora, ambos teríamos problemas. - os dois riram.

- Não mencione o nome ou ela pode aparecer.

Ficaram brincando um pouco, mesmo que Chittaphon quisesse saber o que havia acontecido, já conhece Renmin a tempo suficiente para saber que ele só dirá quando quiser, não adianta pressionar, esses momentos entre os dois eram especiais e ajudavam a aliviar os pensamentos de Renjun.

Essas duas últimas semanas foram difíceis para Jaemin, seu corpo continuava a lhe fazer passar mal pela abstinência, os remédios o ajudavam na maioria do tempo, sua família nunca o havia visitado e isso não era surpresa pra ele.

- Por que ninguém vem te ver? - seu vizinho de quarto perguntou.

- Não é como se eu fosse importante pra alguém, acho que é melhor assim já que meu pai me rejeita sempre que pode. - falou olhando o chão, a lembrança dos dias em casa lhe fazia sentir um aperto no peito.

- Um riquinho como você tem problemas? Duvido. - então entrou no próprio quarto deixando Jaemin sozinho no corredor tarde da noite.

Jaemin suspirou lembrando de como era em casa, passava o dia fora pra não ter que ver o pai mas nos poucos minutos em que dormia a noite, antes de que entrasse em seu quarto, seu pai sempre o esperava na sala onde começava a menospreza-lo.

- Lembrou que tem casa? - o senhor Na, dono de várias empresas na Coréia do Sul.

- Eu sempre lembro mas tendo você aqui, é melhor ficar longe. - suspirou andando em direção ao seu quarto sem se importar com o que o outro tinha a dizer.

- Com um filho como você, eu também gostaria que ficasse longe, não tem desgosto maior pra mim do que sua mãe não ter te abortado! - outro suspiro que o mais novo soltou, as lágrimas vinham mas não choraria na frente dele, não daria essa satisfação.

- Eu sei que você pediu a ela pra me abortar, por que isso? Eu nem tinha nascido então o que havia feito pra você?! - não conseguiu evitar de se sentir revoltado com isso.

- Antes de você nascer, já haviam me dito que você seria minha ruína! Uma xamã veio até nossa casa quando sua mãe nem sabia que estava grávida, ela disse que o bebê iria trazer vergonha a nossa família! - o mais velho se levantou, em seu rosto havia um ódio e desgosto que machucavam ainda mais que suas palavras.

- Você me trata assim só por causa do que uma xamã disse?! Como pode acreditar nisso?! Você acredita mesmo que isso seja verdade? - jogou a mochila no chão.

- O que você tem feito até agora? Tenho recebido várias fotos indecentes de você com várias mulheres e homens! Se isso não é vergonha, o que é?! - já havia começado a gritar com o filho quando a mãe desce as escadas preocupada.

- O que está acontecendo?! Não acredito que começaram com isso de novo! Querido, deixe nosso filho em paz! - ela pediu segurando a mão do marido que a empurrou a fazendo cair sentada no sofá.

- Ele é seu filho! Não ouse dizer que ele é meu também! Olhe pra ele! Descobri que está planejando se internar numa clínica de reabilitação, isso vai ser uma vergonha ainda maior pra nós! - a mãe olhou o filho preocupada.

- Reabilitação? O que você tem?

- Me faça o favor de não mostrar preocupação por ele ou você que vai ser internada! Sumam da minha frente! - gritou irritado.

- Vamos. - Jaemin pegou a mão da mãe a levando de volta ao seu quarto. - Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem.

- Não tem como não me preocupar! Não escute o que ele diz! Eu vou dar um jeito! - ela pediu.

- Não precisa fazer nada, assim que eu terminar a escola irei sumir de suas vidas e tudo ficará bem. - tentou sorrir mas as lágrimas começaram a sair sem permissão.

- Eu sinto muito por ser incapaz de o proteger, meu filho.

- Não me chame assim, só vai trazer problemas pra você. - falou enquanto ia até a porta.

- Eu vou dar um jeito no seu pai, não suma, por favor. - ela pediu mais uma vez só que Jaemin já estava com quase tudo preparado.

- Só tente viver bem, mãe. - falou antes de ir para seu quarto e se trancar, as palavras de ódio de seu pai ainda circulavam em sua cabeça.

Olhou pela janela, essas lembranças dolorosas continuavam em sua cabeça todos os dias, mesmo quando tentava não lembrar, é como se seu cérebro tentasse o machucar ainda mais como seu pai fazia todos os dias, o terror psicológico que teve que sofrer durante seus 17 anos de vida era profundo demais para sumir tão rápido, até seu vício em sexo era resultado disso, estava sempre atrás de alguém para o manter longe de casa e agora estava assim, nunca contou a ninguém tudo que estava esmagando seu coração, os únicos momentos em que se sentia melhor era quando estava transando com alguém e isso o fazia sentir uma pessoa tão suja quanto seu pai por brincar com os sentimentos dos outros.

Se passou alguns dias em que Renjun evitava Jeno e suas mensagens, não sabia como olhar pra ele e isso estava o irritando, algo incomum para uma pessoa tão calma como ele.

- Jeno, se continuar com a testa franzida desse jeito vai envelhecer mais rápido. - Lucas o estava provocando.

- Agora não, Lucas. - suspirou. - Ou vou acabar descontando em você.

- Devia descontar no treino ou Mark vai te matar, está distraído demais. - brincou de novo e Jeno olhou para o mais velho que só faltava o matar com o olhar.

- Parece que terei que fazer isso mesmo. - suspirou, não estava no clima para treino.

O time estava liberado das aulas para um treino antes do jogo do dia seguinte então estavam todos ali, Mark estava quase batendo em Jeno por não prestar atenção no que o treinador dizia e ainda errar as cestas, como podia estar tão distraído quando teriam um jogo logo? Isso o irritava tanto mas também o preocupava, o que poderia fazer pra acordar o mais novo daquele transe?

it is complicated | norenminOnde histórias criam vida. Descubra agora