Capítulo único

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História narrada por Rock Lee

Mais um dia indo pro escritório. Meu trabalho?! Sou advogado.

Entrei na faculdade cheio de sonhos e esperanças de fazer o mundo um lugar melhor, mas já sou formado há três anos, e desde o dia da minha formatura, eu venho trabalhando no escritório da minha família, fazendo a mesma coisa: elaboração de contratos.

É chato e monótono. Esse nunca foi meu sonho. Meu grande sonho sempre foi ser promotor de justiça. Ir para os tribunais, defender a lei e a justiça! ... Ah como eu sonhava com isso...Mas esse era o MEU sonho. O sonho do meu pai para mim, era um pouco diferente. O sonho dele sempre foi me ver trabalhando no escritório da família, e um dia assumi-lo. E como um bom filho, eu não quero decepcionar o papai. Faço de tudo para ver um sorriso no rosto daquele velho. Rio pensando no amor que sinto por meu pai. Realmente faço tudo para agradá-lo. Enterrei no fundo do peito meu sonho de ser promotor, e me contentei com o emprego no escritório da família.

No fundo não é tão ruim. Eu ganho bem o bastante para pagar meu aluguel e as minhas despesas, sou o filho do patrão, e tenho emprego garantido pro resto da minha vida. Pro resto da minha vida... fazendo contratos... eu me canso só de pensar. Vim caminhando distraído com esses pensamentos até que finalmente cheguei. O escritório da minha família. Parei na porta, olhei a antiga placa.


Família Maito Lee & Advogados Associados - Desde de 1960


- Desde 1960, e até o restante da minha vida... - suspirei cansado ao, mais uma vez, me dar conta de que jamais sairia dali.

O legado da minha família. O escritório que foi aberto pelo meu avô, que passou para o meu pai e que um dia será meu. Minha herança. Para o resto da vida fazendo contratos...

Eu penso nisso todos os dias, mas hoje em especial, este pensamento está me atormentando mais. Talvez porque hoje seja meu aniversário, e estou completando mais um ano de uma vida que não é a que eu sonhei. Olhei uma segunda vez para a placa. E de repente, todo o meu futuro passou diante dos meus olhos. Como um vislumbre dos anos que se seguiriam. Pude me ver perfeitamente aos sessenta e poucos anos, com os cabelos grisalhos, na mesma mesa, vestindo um terno marrom e um óculos fundo de garrafa, digitando mais um, de milhares de contratos. Fui acometido por uma enorme ansiedade. Senti um pouco de falta de ar e o coração acelerado. O que está acontecendo? Estou tendo uma crise de pânico? Não posso entrar aí! Meu pai não pode me ver assim.

Dei um passo para trás e olhei ao redor, procurando por qualquer lugar onde eu pudesse me refugiar. Do outro lado da rua havia um lugar interessante. Uma pequena padaria. Era um lugar novo, havia aberto há menos de uma duas semanas, mas eu ainda não tinha isso lá.

- Ótimo! Talvez eles tenham algum chá para vender.

Atravessei a rua ainda um pouco desnorteado e entrei. O lugar era muito charmoso. A decoração, não era como a das outras padarias ao entorno. Era de uma leveza e doçura sem igual. Uma padaria ao estilo francês. Só de estar ali dentro eu já me sentia mais calmo, mas ainda me sentia um pouco desnorteado. Fui até o balcão e me sentei em um dos banquinhos. Uma garçonete simpática veio me atender.

- Bom dia, o que deseja?

- Bom dia, um café...- respondi pela força do hábito, até lembrar que estava nervoso demais para tomar café - ...Café não! Desculpe, vou querer um chá, por favor.

- É claro, algo para acompanhar? - ela disse sorridente apontando para a linda vitrine de doces.

- Bem... eu não sei ao certo... Eu não como muitos doces - respondo sem graça e a menina me olha estranho, como se eu fosse algum tipo de alienígena. E daí que eu não como doces? Foi assim que minha família me criou. Não é tão incomum assim, é?!

Sweet Baker (GaaLee)Onde histórias criam vida. Descubra agora