Prólogo

612 64 34
                                    

Um balde de água foi derramado na cabeça de Bright, mas ele não ficou furioso, pelo contrário. Bright tinha um sorriso de orelha a orelha no rosto, como se, levar aquele banho de água gelada, tivesse lavado a sua alma. A melhor parte de toda aquela situação, era ver o sorriso de Win, largo como o seu próprio sorriso. Ver aquele garoto se divertindo era a melhor das visões, e nada mudaria o seu pensamento a respeito. Quando Win sorria, era como um túnel se iluminando. Quem estava por perto, sorria junto. Não existia tristeza perto de Win, ou qualquer outro sentimento semelhante. Bright achava que, se a felicidade fosse uma pessoa, aquela pessoa seria Win.

— Não apareça aqui de novo se não quiser levar outro banho de água fria! — Win gritou, da janela, ainda com o balde vazio em suas mãos.

Win não estava com raiva. Ele se divertia com a cena. Sentiu dó de um Bright ensopado no gramado da sua casa, verdade, mas, mesmo assim, era uma cena engraçada. Ninguém nunca fez uma serenata para ele, então Win não soube como se comportar. A mistura de sentimentos que sentia acabou deixando a sua mente em branco e sem funcionar, ainda que, dentro do corpo, estivesse tudo uma bagunça. A timidez, o nervosismo, a ansiedade, e a paixão, tudo aquilo queimava dentro de si, e o fazia se sentir vivo. Era a melhor coisa que já havia sentido.

Só que, Bright era um garoto igual a si. Win não estava pronto para namorar com um homem, mesmo que se sentisse atraído por ele. O medo de se libertar e mostrar quem realmente era para o mundo, o deixava paralisado e, de repente, ele sentia como se não sentisse nada de extraordinário dentro de si. Sentir atração por um homem era definitivamente um assunto que gostava de evitar. O problema mesmo, era que Bright parecia não perceber a sua tensão em relação ao assunto, e nem como Win fugia de todas as formas dele. Bright era muito persistente e Win estava começando a ter vontade de ceder. Perigoso demais.

— Não gostou da serenata? — Bright perguntou, sem precisar gritar. As bochechas estavam doendo pelo sorriso ali, há minutos, mas ele sequer o desfez. Sendo sincero, ficar sério perto de Win era uma raridade. — Eu escolhi uma música romântica.

Aos olhos de Bright, All This Love, da banda DeBarge, era uma música romântica, e cantar ela para Win, pareceu a ideia perfeita, porque, na maioria das vezes em que se encontravam, fosse na escola, no fliperama, no cinema, ou em qualquer lugar escolhido pelo destino, Win estava com um walkman pendurado no pescoço ou colado nos ouvidos. Era um sinal de que gostava de música. Músicas calmas e românticas. O problema mesmo, era Bright, gritando desafinado na sua janela.

— Eu estou avisando. — Win rebateu, mudando de assunto. Daquela vez, o sorriso diminuiu e ele apontou o indicador no ar, ameaçando o rapaz ali embaixo, começando a tremer por causa do frio. — Não apareça aqui de novo, Bright.

Voltar atrás era impossível, e Bright estava satisfeito com a sua tentativa de declaração com uma cantoria sem ritmo e nada bonita.

Win sumiu da janela, entrando no quarto, e Bright abaixou a cabeça, enfim, descansando o pescoço dolorido por ter olhado para cima por muito tempo. Era o fim da tarde e o sol estava se pondo, e ver a beleza do dia finalizando, do sol indo embora, ofereceu a Bright um sentimento agradável chamado esperança. Aquela magnífica visão deu a Bright esperanças de que Win seria o seu namorado algum dia.

Amor ArdenteOnde histórias criam vida. Descubra agora