Sentado atrás da mesa de madeira polida enquanto o fogo crepitava baixo na lareira do outro lado da biblioteca, Logan MacRae examinava os livros contábeis com o desespero de quem sabia não ter recursos suficientes para manter a propriedade funcionando por muito mais do que alguns meses, uns seis meses se a sorte lhe sorrisse ou talvez se Deus tivesse um pouco de piedade e voltasse a abençoar as terras que estavam na família há mais de dez gerações.
— Eu sabia que iríamos encontrar uma solução – soltou eufórico Finley, seu braço direito em Loch Cannon. Aliás, como filho do administrador de seu pai, eram como irmãos e chegaram a servir juntos na Guarda Negra, testemunhas oculares da queda de Napoleão em Waterloo.
A maldita batalha.
Se não tivesse sido convocado e deixado Loch Cannon nas mãos de administradores inexperientes, logo após a morte do pai, não estariam à beira da ruína.
Logan sentia os pelos do corpo arrepiarem ao pensar naqueles que tiravam o sustento das terras de Loch Cannon. E uma pontada de vergonha o atingia quando pensava que seria lembrado como aquele que terminou com uma dinastia de poderosos chefes de clã. Seus antepassados, bravos guerreiros, deveriam estar se revirando nos túmulos.
— Do que fala, Finley? – Logan se apoiou com as mãos no tampo da mesa e levantou-se para encarar o amigo.
— Meu pai deixou escapar certa vez que havia um testamento deixado pela condessa – mencionou ele. — Algo que era mantido muito escondido porque não era sinônimo de boa sorte.
— Minha mãe? – perguntou Logan, coçando a cabeça por não lembrar de herança alguma que sua mãe tivesse deixado.
— A própria. Sua mãe, como bem sabe melhor do que eu, era de um clã rival. – Logan concordou com a cabeça. — Pois bem! Seu dote foi uma propriedade que fica nas cercanias de Inverness.
— Como meu pai nunca falou sobre essa herança? – soltou Logan, arregaçando as mangas pelo calor súbito que lhe subiu pelo rosto.
— Acho que é porque a consideravam maldita, como estava falando – explicou Finley. — Mas talvez isso não passe de lenda, meu amigo. – Ele desenrolou o documento amarelado em cima da mesa e apontou para uma cláusula. — Olhe que interessante.
Logan estreitou os olhos e começou a ler.
— Aqui diz que somente mulheres podem herdar a propriedade e como meu pai não teve filhas não importou para ele que eu soubesse – ponderou.
— Continue a ler – incentivou Finley.
— Oh meu Deus! – exclamou Logan. — Mais abaixo diz que na falta de herdeiras mulheres, a propriedade apenas pode ser herdada pelo primogênito varão se ele se casar.
— Exatamente – comemorou o amigo. — Resolvemos os problemas. Você se casa, recebe a propriedade como herança, a vende e usa o dinheiro para salvar Loch Cannon da completa ruína. E assim não vai entrar para a história como o maldito cão que terminou com o nosso clã. E o melhor de tudo, não vai precisar vender a propriedade para qualquer inglês oportunista.
— Como se fosse realmente fácil me casar com a fama que tenho – pigarreou de volta. — Pelo amor de Deus, quem vai querer casar comigo?
Logan sabia que não havia se esforçado muito para que pensassem o melhor dele. Sequer havia considerado a ideia de se casar depois que teve o coração partido. Não que ele não fosse responsável ou trabalhador. Ao contrário ele costumava ser esforçado e ajudava o pai em tudo que podia. Apenas não gostava de se apegar sentimentalmente às mulheres. Simplesmente viveu como se não houvesse amanhã até que encontrou o pai morto em sua cama e sobre ele recaiu as responsabilidades de Loch Cannon.
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Honra e Paixão - Duologia Sentimentos - 02 *AMOSTRA*
Historical FictionVocê pode ler completo na Amazon e também pelo Kindle Unlimite: https://amzn.to/3eiaMz2 Sinopse Esperando se esconder da desonra da qual foi vítima, Lady Isla Sinclair, irmã do Duque de Ross, decide se refugiar na antiga propriedade da família nas T...