Fuga

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A tensão era palpável no ar, sufocante como a névoa que se acumulava nas profundezas da floresta. Kakuzo, com os nervos à flor da pele, olhava fixamente para a porta, as mãos suadas escorregando na madeira. Hidan acabara de sair, e a oportunidade que ele tanto ansiava finalmente havia surgido.

— Saori-chan, venha! — sua voz, normalmente rouca e áspera, agora carregava um tom de urgência que a pequena garota não conseguia ignorar. Ela hesitou por um instante, sentindo um frio percorrer sua espinha, mas a mão grande e quente de Kakuzo a puxou para fora daquela sala claustrofóbica.

— Tio Kakuzu, será que conseguiremos sair? — sua voz saiu em um sussurro, carregada de medo e incerteza. Os olhos castanhos, grandes e brilhantes, buscavam nos olhos de Kakuzo alguma esperança, alguma garantia de que tudo daria certo.

— Relaxa, eu vou dar um jeito. — ele forçou um sorriso, mas seus olhos não transmitiam a mesma confiança.

Correndo pelos corredores escuros e úmidos, a menina sentia o coração disparado. A cada passo, a sensação de que estavam sendo perseguidos aumentava, como se sombras invisíveis os espreitassem nas trevas.

Mas a esperança de liberdade foi cruelmente esmagada quando se depararam com Hidan, parado na porta, a expressão impassível. Seus olhos, de um tom platinado quase irreal, percorreram a figura de Saori, antes de se fixarem em Kakuzo com uma raiva bruta.

— Kakuzu, porque a garota não está trancada no quarto? — a voz de Hidan era como o açoite de um chicote, cortando o silêncio daquela noite.

Kakuzo não respondeu. Seu olhar, frio e calculista, se fixou no rosto da menina. Com um movimento rápido, soltou a mão de Saori e se aproximou dela, sussurrando em seu ouvido:

— Assim que possível, corra o mais rápido que pode.

— Mas... — Saori tentou protestar, mas a voz de Hidan a interrompeu.

Com um rugido selvagem, o platinado avançou sobre Kakuzo, iniciando uma luta brutal. Socos e chutes ecoavam pelos corredores, madeira e ossos rangendo em uma sinfonia de dor e violência. Saori assistia àquela cena horrível com os olhos arregalados, as lágrimas rolando pelo seu rosto pálido.

Aproveitando a distração de Hidan, Saori se virou e correu em direção à saída, mas seus pés tropeçaram em um galho caído e ela caiu no chão, gemer de dor. Quando abriu os olhos, se deparou com Zetsu, sorrindo maldosamente, bloqueando sua única rota de fuga. O desespero tomou conta de seu coração, e ela soube que estava perdida.

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Madara Uchiha coçou o queixo, um gesto que, apesar da idade avançada, ainda denotava a profunda concentração do homem. A menção ao Jashin e o desaparecimento de Saori haviam acendido uma fagulha de desconfiança em sua mente.

— Hmm, Jashin, não é?

Murmurou, afundando em pensamentos profundos. A ideia de que Hidan estivesse envolvido em um culto tão obscuro não era nova para ele. Afinal, todos sabiam da devoção do homem ao deus da morte. Mas o que o intrigava era a persistência de seus bisnetos, e a sensação de que havia algo mais nessa história.

Havia um ano que o templo de Jashin havia sido fechado, tornando o acesso ao local praticamente impossível para desconhecidos. Madara sabia disso por experiência própria. Ele e Fugaku haviam enviado agentes para investigar o local semanas atrás, e todos haviam retornado com a mesma resposta: o templo estava abandonado há anos.

No entanto, a insistência das crianças o deixava desconfiado. A cada relato, a cada detalhe, uma nova peça se encaixava em um quebra-cabeça que ele não conseguia completar.

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⏰ Última atualização: Oct 03 ⏰

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