O amor é confuso. Meus medos se chocam em um grande acidente espacial dentro do universo que habita dentro de mim. Quem nunca sentiu medo de amar? Seja por traumas do passado ou por inseguranças do presente. O medo é o lado sombrio do amor.
E agora estou tão feliz que você arranjou tempo para me ver. Como vai a vida, me diga, como vai a sua família? Eu não os vejo faz um tempo. Você esteve bem mais ocupado do que o normal.
Nós jogamos conversa fora, falamos sobre o trabalho, o clima e coisas clichês. Esse é o nosso tempo de rirmos de nós mesmos, sem nos preocupar com o tempo. Mas você está na defensiva, sem se libertar por completo para nosso momento, e eu sei o motivo...
A última vez que nos vimos, tempos atrás, você me deu rosas e eu as deixei solitárias para morrer.
O medo de amar me impediu de enxergar o quanto suas atitudes eram doces. A insegurança de mim mesma te ofendeu. Meus traumas incendiaram seus sentimentos mais sinceros.
Pois agora estou aqui engolindo meu orgulho em pé na sua frente e dizendo que sinto muito por aquela noite. Noite fria, o inverno da minha alma. Eu sempre volto minhas memórias para dezembro, com luzes de natal ao fundo, neve sob a cabeça e sorrisos ao vento... Aquela intensa liberdade de amar se transformou em saudades.
Eu deveria ter percebido o que eu tinha de mais valioso quando você era meu. Eu sempre volto para dezembro.
Eu não tenho dormido. Lembro-me incansavelmente de como eu decidi ir embora. Eu quebrei seu coração e troquei certezas por dúvidas. Juro que não é por maldade, é por inocência de não saber lidar com sentimentos obscuros que habitam aqui dentro.
Seu aniversário passou e eu não te liguei. Então recordo-me do último verão, quando apreciei seu lindo sorriso no banco de passageiro enquanto viajamos para o horizonte distante. Só agora me dei conta no quanto te amava.
Amar deveria ser um ato de certezas. Porém, eu experimentei as incertezas.
Sinto falta de sua pele bronzeada, de seus cabelos longos e de seu sorriso encantador. Você me segurou nos braços bem forte naquela noite de terça-feira, em um momento de puro delicadeza dos meus sentimentos. Você apertou forte em minhas mãos e me impediu de cair no buraco negro. Viu-me chorar pela primeira vez e enxugou minhas lágrimas.
Talvez seja um sonho estúpido, mas se eu tivesse a oportunidade de ter-te novamente, eu te amaria direito. Eu voltaria no tempo e mudaria tudo, mas não posso. Poderia Albert Einsten me ajudar? Provavelmente não, o amor não é uma ciência exata e o espaço-tempo não o explica.
Se sua porta estiver trancada, eu entenderia.
Eu novamente volto para dezembro, mas apenas em meus pensamentos. O medo me fez te perder.