Minha mãe odeia tanto a família Urrea, que Linsey, irmã do Noah, chegou a ir morar no Alasca com a avó, só pra não ter que olhar mais na cara dela

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Minha mãe odeia tanto a família Urrea, que Linsey, irmã do Noah, chegou a ir morar no Alasca com a avó, só pra não ter que olhar mais na cara dela.

Eu nunca soube se eu realmente odiava eles, ou se por tanto minha mãe falar mal, eu acabei pegando um pequeno ranço
Na verdade, pelo Noah.

A Sra.Wendy nunca me fez nenhum mal, ela se quer já falou comigo.
O pai do Noah, Sr.Marco, é separado da mãe dele, eu o via com frequência quando era menor, ele até me deu um picolé, minha mãe surtou.
Depois que Noah completou 15 anos, eu vi seu pai pouquíssimas vezes, tudo piorou quando Linsey foi pro Alasca, e isso já faz 4 anos.

Meu coração batia cada vez mais rápido, e quase saiu pela boca quando minha mãe entrou na sala com uma cara nada boa, e quando eu digo nada, quer dizer nada boa mesmo.

O jeito que ela me olhava era como se fosse me fazer virar churrasquinho ali mesmo, na frente de todos, era aterrorizante.

Não preciso nem dizer o rumo que a reunião tomou depois que minha mãe e a Sra.Wendy se encararam.

-Sra.Ale, eu irei pedir uma última vez para mantermos o foco na reunião, seja lá o problema que tiver com a Sra.Wendy, que resolvam fora da escola, estamos aqui pra falar sobre seus filhos e uma suposta agressão dentro da sala de aula.

-Mas Diretor Foster, eu não lembro em momento algum de ver o Noah agredir alguém, ele apenas separou a briga, porque ele está aqui? 

Falei sem pensar? Ah sim, eu sempre faço isso.
Se eu me ferro no final? Sim, com certeza.
Se eu acabei de garantir minha morte hoje? Não tenha duvidas sobre isso.

-Você está defendendo esse daí? -Minha mãe pergunta, apontando o dedo com uma cara de nojo.

-Não fale com meu filho como se estivesse falando com qualquer um.

Todos os olhares iam para as mães ali presente.

Tudo estava voltando aos eixos. 
Quando minha mãe disse algo que machucou até a mim.

-Não é atoa que o Marco foi embora e abandonou vocês. Quem ia querer criar um filho que só lhe taria desgostos e decepção.

Foi tudo muito rápido.
Eu só pude ver o momento em que os olhos de Noah se encheram de água e ele saiu dali, batendo a porta com muita força.
Eu me levantei logo em seguida e olhei bem na cara da minha mãe;

-Você é um ser desprezível.

E então sai.

Eu não vi pra onde o Noah foi, mas pelo que eu conheço, fui direto ao campo de futebol e o encontrei no lado mais alto das arquibancadas.

Eu não sabia como me aproximar ou começar um diálogo, nunca tive uma conversa normal com o Urrea.

Nossas conversas eram baseadas em insultos, ou um "eai?" quando nos esbarrávamos em algum lugar.

E então eu apenas me sentei ao seu lado e fiquei lá em silencio.
Sem emitir qualquer tipo de som.
Por exatos 45 minutos.

E então eu me levantei e parei em sua frente. 
Eu já havia planejado o que eu ia dizer, mas quando seus olhos encontraram os meus a única coisa que eu fiz foi tomar meu rumo em direção a saída do colégio.
Sem nem olhar pra trás

Quando cheguei não vi o carro da minha mãe, ela já tinha ido.

Isso com certeza seria o melhor pra mim, assim eu podia pensar em alguma explicação no caminho, talvez meu pai até me defendesse.

É, eu estava super errada na ideia do meu pai me ajudar.

Eu sempre fui uma pessoa de bom humor, alguém raramente me via chorar, mas naquele dia, eu queria que minha cabeça explodisse em mil pedacinhos e que o resto do mundo fosse a merda.

Eu pensei em agir da maneira certa com calma e responsabilidade, mas eu surtei.
Eu gritei, chorei, falei muito palavrão, bati a porta do meu quarto, me tranquei lá dentro, troquei de roupa, arrumei uma mala e sai pela sacada.

Travei quando vi Noah Urrea sentado no chão na varanda do seu quarto.

-Pretende fugir de casa Hidalgo? 

Apenas concordei que sim com a cabeça.

-Sobe pela trepadeira do meu quarto.

-E porque eu faria isso? 

-Porque eu não poderia te deixar sair de casa no estado em você se encontra, anda logo, sobe aí, tô te esperando lá dentro.

Então eu subi ao quarto de Noah. Eu já tinha uma noção de como era o quarto dele, já o espionei algumas vezes da minha janela.

As paredes eram azuis e vermelhas, repleta de posters de times americanos pra quem ele torcia, haviam fotos dele com o Josh, e o resto de seus amigos.
E.. uau, não havia nenhuma foto da Liana, a cabra.

O quarto era um pouco bagunçado, porém cheiroso. Cheiro de Noah Urrea.

-Admirada?

-Muito, eu imaginava algo macabro sabe, tipo um culto satânico onde você sacrificava cabras com seu instrumento gigante, mas eu gostei dessa versão. Agora estou mais aliviada em saber que não sacrifica animais,isso seria um problema pra mim, já que sou uma gatinha.. Meu Deus, eu estou falando muita merda, me desculpa por isso, e por hoje mais cedo...

Noah se senta na cama e me olha com atenção fazendo com que eu core no mesmo segundo.

-Obrigada por hoje, foi muito útil você ter passado 45 minutos do meu lado, sem dizer nada, foi exatamente o que eu precisava.

-Eu não sabia o que falar, ou fazer.

-Fez a coisa certa.

-Se é assim, então tá bom. -Mordo meu lábio inferior para evitar um sorriso.

-Vamos dormir, amanhã começa nosso plano de fulga.

-Como assim fuga?

-Levamos suspensão de uma semana, sem contar que todo dia durante a aula, eu, você e Josh teremos que ajudar a cuidar de crianças em uma escolinha no centro da cidade, e amanhã, será o nosso primeiro dia. 

Demoro alguns segundos pra raciocinar.

-E a Liana?

-O pai dela comprou o diretor. O que será dela? Não sei, nós terminamos.

-Sinto muito..

-Está tudo bem. Enfim, aproveita a cama, ela é uma delícia.

Olho com nojo pra cama.

-Eu não vou dormir nela. 

-Ah é? Porque não? 

-Vai saber o que rolou nisso aí.

Noah ri, e sai do quarto, em poucos minutos ele volta e coloca um colchão do lado de sua cama.

-Satisfeita? 

-Agora sim, obrigada.

Noah sempre dormiu com a varanda de seu quarto aberta, por causa do calor, e eu não estava dormindo quando ele coloca uma coberta fina sobre mim.







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⏰ Última atualização: Jun 18, 2021 ⏰

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