Capítulo 21

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– E aí, como foi? – Alguma das minhas amigas perguntou, assim que saí do hotel. – Que cara é essa, Pati?

– O que aconteceu lá dentro? – Isadora quis saber enquanto me ajudava a tirar a roupa de garçonete.

– Ele disse que estava apaixonado por mim...

– Que lindo, amiga! Mas qual o motivo desse nervosismo? – Amanda perguntou preocupada.

– Preciso de um tempo sozinha – falei, ignorando a pergunta.

– Não, Patrícia. O que houve?

– Depois eu vejo vocês, tá? – Desconversei tentando não parecer aflita.

Após dizer isso, caminhei até a praça perto da minha casa, com a sensação de que apenas lá eu poderia entender tudo que acabou de acontecer.

Deitei na grama úmida e olhei para o céu. As nuvens pareciam formar vários desenhos... Um barco, uma gaivota e um cãozinho que me lembrava o meu abandonado poodle Bochecha.

Depois de alguns minutos com pensamentos leves, a cena que presenciei começou a me afligir de novo e pareceu totalmente sem sentido. Irmã? De onde o Rafa tirou isso?

De repente imagens da reação do meu pai, quando falei do Rafael, vieram a minha mente. O nervosismo, as atitudes estranhas... Será que ele seria capaz de esconder isso por anos?

É difícil acreditar. Ele sempre foi sincero e muito amoroso. Junto com minha mãe ele me fez acreditar no amor verdadeiro... E agora surge essa história?

Levantei e senti uma dor muito forte em minha cabeça. Enxuguei algumas lágrimas no rosto e notei alguém vindo em minha direção.

Era o Rafael. Eu não sabia se queria ficar ali e ouvir o que ele iria me dizer. Mas, talvez, ir pra casa e encarar minha família poderia ser pior.

– Oi, tá melhor?

– Ah, claro! Descobri que tenho um irmão que nunca ouvi falar e estou bem melhor.

– Sem ironia, Patrícia – ele falou sério.

– No momento eu só consigo me expressar através dela.

– Ok. Como quiser então – disse sentando ao meu lado.

Sua seriedade e atitude fria me incomodavam como nunca. E eu só queria parar de sentir essa vontade enorme de gritar com ele e ao mesmo tempo chorar em seus braços.

– Então? Acho que você tem muita coisa para me explicar. Que tal começar falando sobre eu ser sua... irmã? – Estremeci ao pronunciar a última palavra.

– É aquilo mesmo que você ouviu – falou sem demonstrar qualquer sentimento. Esperei por mais, porém ele permaneceu calado.

– Como assim? Meu pai nunca disse nada sobre isso. Eu cresci com ele me ensinado o quanto é importante falar a verdade. E um garoto aparece, diz que é meu irmão e que está apaixonado por mim. Não faz sentido!

Rafael olhou para os lados, incomodado por eu ter gritado. Ele trincou os dentes e vociferou com raiva:

– Então ele é um tremendo hipócrita!

– Não fala assim dele! – Rebati. – E o que te faz pensar que ele é seu pai também, hein?

Rafa suspirou e fechou os olhos, tentando ficar calmo. Ele me olhou, como se estivesse pedindo para eu fazer o mesmo. Contei lentamente até dez e me senti mais leve.

– Está mais calma? – Ele perguntou, agora com uma voz suave.

– Sim... – Respondi cansada.

O amor em 140 caracteres [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora