Guerreira

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Capítulo 45

(Asha)

Os meus olhos retornaram a se abrir já acostumados com a pouca luz que as labaredas me provinham.

Senti duas mãos descendo até o meu tornozelo que agora tinha se tornado um monte de ossos quebrados fazendo meus pelos se arrepiarem com a magia que começava a circundar na minha pele.

Movi o meu pé levemente sentindo ainda dor com o movimento quando a fêmea de longos cabelos prateados se afastou de mim; aparentemente, a curandeira tinha rejuntado os meus ossos, mas a carne continuava inflamada.

- Não faça movimentos bruscos. Precisa descansar. 

Ela disse se levantando e me encarando com suas orbes tão negros quanto o meu cabelo apesar das rugas que as circundavam.

- Eu acho que não tenho muito opção considerando a situação em que me encontro, não é? Respondi mostrando as algemas nos meus pulsos que se encontravam avermelhados por causa do sangue ressecado.

- Se serve de consolo...

A curandeira continuou com uma expressão de compaixão.

- O rei pediu para a contar que não continuará aqui por muito tempo. Disse que algo que ele queria apareceu enquanto você dormir.

Senti o meu coração afundar 

Não. Não. Não. Não

Eu não podia ter desmaiado. Fui fraca.

Queria chorar com a minha falta de vigilância que me custou dar mais uma coroa para Rômulo, mas isso não resolveria os meus problemas.

Preciso sair daqui. Não vou resistir por muito tempo. 

Provavelmente, Rômulo deve ter pego as duas coroas secundárias. 

Se eu conseguir voltar para Atlhantis e tomar a coroa principal ainda pode existir uma chance de salvar Prynthia. Mas precisaria ser rápida.

- ESPERE!

Gritei fazendo a curandeira parar ao pé da escada e me observar calmamente.

- Você poderia me dizer quanto tempo fiquei desacordada? 

- Não me disseram isso, mas pelo estado de inflamação deve ser no mínimo uns dois dias.

- Eu estou com fome... 

Falei fazendo questão de expor o mal estar.

- Você poderia pedir que trouxesse alguma comida para mim? Por favor.

A fêmea meneou a cabeça como se estivesse avaliando o que poderia a custar se sugerisse algo para o meu bem estar.

- Tudo bem. Ela retrucou com incerteza.

- Obrigada pela sua gentileza.

 Disse com um sorriso observando a curandeira fechar a porta e me deixar novamente sozinha.

O pedido da refeição, além de garantir que eu tenha um pouco mais de força para escapar, vai os avisar que acordei e mandarão um guarda para me vigiar. 

O meu disfarça estava assegurado.

Olhei para a estrutura metálica que me prendia encarando o meu maior problema.

Pense, Asha. Pense.

Ficava repetindo para mim mesma procurando espremer alguma ideia da minha mente sem obter sucesso.

Na primeira vez que me libertei delas, Victor usou a sua própria magia para as romper cortando o seu efeito; mas, infelizmente, não poderia contar com o meu próprio poder e duvidava que o guarda que surgiria em breve me oferecia algum auxílio.

Corte de Ondas e MarésOnde histórias criam vida. Descubra agora