Saint Prince – 1785
Saint Prince, pequena vila no litoral do Estado da Louisiana, ainda aspirava a sensação de liberdade, desde que pouco menos de dez anos antes, os colonos lograram libertar-se de sua metrópole, a Inglaterra, depois de um logo período econômico e político nas mãos dos europeus.
Para uns, detalhes relevantes, já que era sinal de liberdade, emancipação, para outros nenhuma diferença. Para a mulher cruzou a escuridão rapidamente com um bebê no colo era assim. Aspirando o cheiro de peixe, vômito... fez uma careta de nojo pelo resto de bebidas e alimentos estragados... o cheiro salgado do mar de todo o mundo... a madeira úmida e a bagunça daquele lugar marginalizado...
A criança choramingou inquieta sentindo o que lhe estava para acontecer. Olhou para a sombra da carruagem onde a esperava para decidir-se... cobriu a cabeça com e elegante capa de chuva escura, levou o bebê lourinho enrolado na manta clara e felpuda.
- Espere aqui, por favor. – disse a moça encapuzada caminhando em direção ao píer onde um imenso navio estava ancorado. Sem se importar que o vestido carregava do chão vestígios do local, ela caminhou lentamente pelo chão de madeira até a prancha que levava à entrada do navio.
- Por favor, ande logo, mademoiselle... – disse a moça, ao longe, com incontrolável sotaque francês, mais uma figura, herança da ajuda da França na liberdade daqueles estados.
A moça subiu pela prancha úmida, devagar para não escorregar na madeira úmida e entrou no imenso navio, onde só se podia ouvir o grito eufórico de homens bêbados, ao fundo. Caminhou até a cabine de controle e lá o encontrou.
O ambiente estava escuro... ela conhecia cada canto dali... a madeira marrom avermelhada das paredes... os locais onde se colocavam as lamparinas...
Ela conhecia cada canto daquele imenso navio.
- O que faz aqui? – a voz a interpelou, engrolada, ébria demais devido ao consumo de mais da metade da garrafa de conhaque. A moça evitou olhá-lo nos olhos e fitou as mãos adornadas por alguns anéis, o mais proeminente um de ouro, com uma pedra azul turquesa que ela sabia lembrar a cor dos olhos dele. Parou na única letra preta desenhada, um "H" – Decidiu?
- Não... posso! Deve ficar com ele. – disse colocando a criança sobre de um sofá, de couro, antigo.
- Como "não pode" e "devo ficar com ele", mulher? Não estamos falando de um vestido que não te cabe mais! Você é a mãe! – disse o homem saindo das sombras para que ela o visse. Estava na casa dos trinta anos, embora ela soubesse que era o preço da vida sob vento e marés do além-mundo... o rosto queimado pelo sol e vento, intensos, tinha os cabelos espessos e amarelos, despenteados, sem o chapéu tricórnio, preto, na cabeça, jogado de qualquer jeito num dos cantos...
A fitou com seus profundos olhos azuis, tão parecidos com o mar que ele tanto amava e tinha como lar.
- Não posso ficar com ele. – ela insistiu e empurrou a criança que então parecia se sentir jogada "fora" - Você tem que fugir... estão chegando... é melhor que parta... – disse a moça parecendo trêmula.
O homem a fitou profundamente, não necessário qualquer pele a mostra... a intimidade... olhou para o bebê, resultado desses momentos... um bebê lourinho com seus lindos olhos azuis acinzentados...
O homem então ergueu-se e em meia passada alcançou seu bebê... as vestimentas rudes e quase desleixadas, contrastando com a delicadeza e tamanho daquela criança... segurou-o entre os braços e começou a gritar ordens.
- HOMENS... – gritou fazendo com que a cantoria e a bebedeira no porão próximo e no de que, parasse – IÇAR VELAS! AGORA... ESTÃO VINDO POR NÓS... – então ele passou a gritar e gritar na língua que ela sabia ser de sua terra natal, os homens passando a se movimentar, por ela como se não fosse nada, o bebê começou a berrar pela separação.
- Diga-lhe que eu sempre vou amá-lo! – ela disse sentindo as lagrimas banhando o rosto.
- Uma mãe que ama seu filho não o abandona por um casamento de conveniência! – uma fúria cinzenta brilhou em seus olhos.
- VOCE É O PAI! NÃO PODERIA ESTAR PRESENTE! O QUE EU DIRIA QUANDO PERGUNTASSE POR VOCE? QUE É UM BANDIDO?
- E o que eu direi quando perguntar da mãe? – o homem perguntou com ironia.
A moça abaixou a cabeça tristonha.
- Eu o amo e se pudesse iria com você, mas sei o que você faria... e eles nunca nos deixariam ser feliz, de verdade.
- ENTÃO VÁ LOGO! – ele virou-se e falou por cima dos ombros – Cuidarei eu mesmo do meu filho e direi que você morreu.
A moça o olhou choroso.
- Por favor, David...
- VÁ LOGO ANTES QUE SE COMPROMETA! – gritou o homem, agora frio chamando em seguida uma mulher para que desse aos cuidados necessários para o bebê.
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CORAÇÃO DE PIRATA
Romance"- Por favor, Júlia... não vá... a tempestade... nossos canhões... vamos sair daqui rapidamente! - Isso mesmo. Prepare nossos canhões... esses homens têm que entender, de uma vez por todas, que não os tememos... estarei de volta...Assim, saltou na á...