Kiyuki e Ikki - O inicio

O encontro

O homem mais velho, humilhado por uma criança de oito anos, sem alguma evidência de alma no seu corpo, ficou de joelhos no chão, com o olhar perdido sob a poeira, enquanto que apenas ouvia os passos de Kiyuki, lentos e firmes, ecoarem pelo corredor degradado e com um odor característico. A porta de grades fechou-se, e Kiyuki, girava um kunai, fino e afiado, no seu dedo indicador, ao mesmo tempo que erguia a sua cabeça para percorrer em volta da arena, procurando um estímulo sensorial, que atraísse a sua atenção... Um ruído como se fossem passos, do lado direito das bancadas semi-destruídas da arena, captou o movimento súbito de um lançamento daquele mesmo kunai naquele lugar... Mas a criança não havia acertado. Não demorou para perceber, que era uma distração. Rápido e estupidamente flexível, ele virou o tronco para trás baixando-o ao mesmo tempo, para se desviar do pontapé aéreo de Wosaki, um dos mais reconhecidos mercenarios, e o melhor ninja do covil. O albino pulou no ar, para tomar algum impulso para se afastar, e, aterrar já com dois kunais em suas mãos, e um olhar firme e decidido... Não levaria a derrota para o seu quarto hoje.Wosaki, aterrou graciosamente à frente do pequenino, que muito concertado, analisava-o. O homem mais velho, e por arrasto mais experiente, soltou uma risada nasal curta, uma resposta ao esforço do albino.

—Esse teu olhar... Não pensas que vais vencer-me, não é? Não te iludas. —Comentou, confiante da sua posição, do seu poder, e, no grande abismo que o separava de um simples pirralho... O que não contava, era a inteligência absurda do jovem...

—Só preciso de te fazer sangrar, não é? Não deve ser difícil. —Espevitado, respondeu, mas num tom de voz firme, sem mexer um músculo, e esse foi o seu erro: Wosaki numa rajada imensa de vento, chegou perto do menino num piscar de olhos, e Kiyuki, não teve tempo de reagir muito menos de se defender... Ele cruzou os braços em frente ao rosto, e, sentiu o seu corpo ser esmagado contra as paredes da arena. Foi um estrondo gigantesco, a poeira dos restos de pedra que caíam sobre ele, subia aos céus. O homem mais alto, caminhou calmamente até a criança que estremecendo, tentava levantar-se, não dando o braço a torcer. Wosaki ergueu o sobrolho, espantado pela persistência do de olhos turquesas... Mas essa admiração não cobria a impiedade que habitava o seu coração... Com o punho fechado, desferiu vários golpes no rosto, e no estômago do ômega, que apesar de estar a sofrer, não gritava, ou gemia de dor. Ele ergueu devagar a mão, e o seu superior, parou, e observou, sem dar muita importância, o que ele procurava comunicar.

—O quê? —Riu. —Ainda achas que tens alguma chance contra mim, Kiyuki? Para... Estás a ser patético.

—Eu tenho. —Ergueu o rosto. O sangue no canto dos seus lábios, e a escorrer pela sua narina esquerda, não eram nada temíveis, comparado com o olhar negro que este tinha... Wosaki engoliu em seco, ficando na desamparado, cheio de dúvidas... Não entendia onde ele queria chegar. O pequenino fechou a sua mão e a puxou... E foi naquele instante que o mais velho percebeu, e viu, sob a luz do luar, o reflexo fino e quase invisível, do fio de pesca que estava preso desde o início, no punho do menino. A adaga que foi atirada no início, e ficou presa entre duas pedras, foi puxada com toda a força, e acertou diretamente no ombro esquerdo do outro, que grunhiu de dor, levando a sua mão até o local ferido...

—Seu pequeno verme... —Quase que rosnou para a criança, que no chão, sorria vitorioso... Acabando por tossir uma boa dose de sangue, afinal, era apenas uma criança humana... A sua resistência ainda não havia atingido um bom nível para aguentar aquele tipo de impacto. Kiyuki, depois da batalha, foi reconhecido pelos mestres que comandavam a ordem. Teve direito a agir de forma independente e fora das muralhas em nome da ordem, sob a condição de seguir as missões que lhe seriam atribuídas. Foi promovido aos assassinos de elite, e tornou-se o mais novo ninja da comunidade... Podia sentir, a pouco e pouco o gosto da liberdade... O destino, e as estrelas, conspiravam para que a sua vida mudasse, e fosse reconstruída... Para que a felicidade lhe fosse retornada. No dia seguinte, recebeu a sua primeira missão: Assassinar um antigo cliente, que, até hoje, não havia pago a sua dívida... Foi-lhe dito que este habitava numa casinha na floresta, para se esconder da ordem... Mas infelizmente, os dias para ele estavam contados.