Negando a si mesmo

Capítulo 1.

você precisa de ajuda?
- ah sim, você sabe onde fica a sala 23A?
- é no segundo andar, eu posso te levar até lá. Aliás, prazer Matheus Henrique, mas pode me chamar de Henri.
- prazer, Maria Vitória, mas me chamam de Mavi. Você também é calouro ?
- Não, não, eu sou veterano, terceiro semestre de Jornalismo e Comunicação, você?
- Letras e Literatura.

- um ótimo curso. Aqui está a sua sala.

-Bem, Obrigada
- precisando é só chamar Mavi. Tchau
A sala era gigante, já havia alguns alunos esperando o início da aula. Senti vergonha ao ver todos me observando, mas era o primeiro dia e quem não observa o aluno novo. Me sentei próxima a porta, qualquer coisa é só correr, pensei.
Nossa primeira aula é Introdução à Língua Portuguesa I, o professor Carlos Alberto é Mestre em Línguas e Comunicação, reconhecido por seus estudos sobre Desenvolvimento da Língua Materna e a Comunicação entre indivíduos. A aula é boa, ele tem uma oratória que faz a gente querer saber mais. Logo no primeiro dia já temos um trabalho para ser desenvolvido no semestre, o tema é Literatura, o que é? - esse assunto me deixa feliz. Meu sonho sempre foi ir para a faculdade, sempre estudei muito para conseguir uma bolsa, cursar o ensino superior é caro.
Temos sala ambiente, na troca de sala consigo observar mais a faculdade, é um prédio lindo, é um conceito Vitoriano com um ar de modernidade, ainda não consigo acreditar que estou aqui. É um sonho se realizando.
- Aqui é lindo mesmo, só toma cuidado pra não esbarrar em ninguém enquanto caminha olhando para o teto. - ouço alguém dizer em tom brincalhão ao meu lado.
Quando olho é Henri
- O que faz aqui ? - Pergunto.
- eu vou para a sala 27C e você? - Diz ele.
- Eu também vou para lá. - falo enquanto tento entender porque cursos diferentes teriam aulas juntos.
Ao chegarmos lá, a professora já está a nossa espera. Ela é jovem, muito jovem para ser professora, tem cabelos curtos com pontas irregulares e um estilo despojado. Qualquer um em sã consciência reconheceria ela, é Mônica San Marino, a Comunicadora que discute moda Consciente na Internet.
- Bom dia - Diz ela.
- Sei que muitos já sabem quem eu sou, e alguns ainda estão incrédulos, mas vou me apresentar. Sou Mônica San Marino, tenho 29 anos e vou dar a matéria de Teoria da Comunicação. Vocês podem estar se perguntando o que Letras e Literatura tem em comum com a minha matéria e o porquê de estarem tendo aula com veteranos de outro curso. - Completa a Professora.
A sala tem um ar moderno, diferente da primeira, estamos sentados em duplas. Eu e Henri  nos sentamos juntos porque entramos na sala ao mesmo. Toda a sala está sentada em duplas. Agora com ele ao meu lado posso observar seus detalhes. Seu maxilar definido da destaque a sua boca bonita, daquelas que você quer observar enquanto a pessoa fala, os olhos tem um tom castanho que é possível ver sua pupila. Seus cabelos são brilhosos, parecem macios e tem uma cor escura que não sei o nome, destaca sua pele de bebê  que parece nunca ter tomado sol, ele é mais alto que eu, uns 15 centímetros.
A professora explica os fundamentos da matéria e como vai funcionar as avaliações durante o semestre e logo em seguida somos dispensados. São 11h30 ainda tenho algum tempo até o meu horário de trabalho, eu sou técnica em informática e trabalho em uma empresa de software, não é ruim mas quero ser reconhecida pelo meu trabalho como Escritora, quero viajar o mundo autografando livros e falando as pessoas que os sonhos delas podem se realizar. Antes de ir embora caminho pela faculdade para conhecer o espaço, passo pela biblioteca, banheiros e laboratórios; Ando com a sensação de dever cumprido, aqui estou eu, aos 20 anos estudando na Universidade Carlos Drummond de Andrade, a melhor do país na área de Literatura, Comunicação e Artes Cênicas. Me sinto feliz e realizada por ter sido aprovada no vestibular, só preciso me dedicar e estudar, trabalhando das 14h00 as 20h00 não vai ser nada fácil mas eu vou conseguir.
Já estou no estacionamento quando vejo Henri entrando em seu carro, ele tem uma Land Rover preta, é linda e ao lado do carro dele está o meu, uma Pajero  verde militar.
Caminho em direção ao meu carro, e já estou abrindo a porta, quando ouço:
- Esse carro é seu ?
- sim,- respondo
- Não sabia que você dirigia – Henri comenta.
- Digo o mesmo- respondo num tom descontraído.
- Porque você não me esperou no fim da aula?
- Bem, eu não sabia o que você iria fazer.
- Conhecer um pouco da minha amiga nova. – Ele fala sorridente.
Sorrio sem saber o porquê .
 - Me desculpa mas eu estou com pressa, poderíamos conversar outro dia ?