Estevan- Doutor! Rápido, o paciente está entrando em choque!
Diana gritou ao fundo do corredor chamando-me. O paciente, um homem de cinquenta anos havia sofrido uma parada cardíaca em sua casa, e foi trazido às pressas para o hospital a dois dias. Havíamos estabilizado a sua condição mas confesso que não havia esperança de que saísse dessa em plenas condições para voltar a viver uma vida normal. Já havia avisado aos seus familiares. Nunca fui um homem de fé, e por isso sempre alertava de antemão, que se preparassem para o pior. Diferentemente de outros colegas de profissão que sentiam por seus pacientes e familiares. Eu não sentia isso. Aprendi com meu pai nessa profissão, que também era médico, cardiologista muito respeitado em toda a região, que faríamos tudo o que estivessem em nosso alcance, mas que nunca acreditasse em milagres. Meu pai, Doutor Estevan Fields, fundador do hospital San Martin na cidade de Michigan.
Eu sou Estevan Fields Filho, agora único dono desse império que meu pai construiu, e como ele, sou muito rígido com as regras aqui do hospital, assim como sou na vida pessoal.
Romances aqui dentro são proibidos. Flertes também. Não admito gracinhas entre eles ou comigo. Não me importo com o que fazem, meus funcionários, fora daqui contanto que isso não os atrapalhe ou disperse. Isso também vale para com os pacientes. Expressamente proibido qualquer tipo de relacionamento que não seja estritamente profissional. A primeira enfermeira que vi flertando com um paciente, infelizmente foi desligada de nosso quadro de funcionários.
Em minha vida pessoal, costumo ser muito sozinho. Gosto de privacidade. Sou divorciado a um ano e tenho a guarda de meu filho Anton, de três anos de idade. Graças à ajuda de Maria, minha governanta, Anton tem o amor que a mãe dele não soube dar. Com minha vida agitada, se torna difícil uma presença constante na vida do meu pequeno Anton, mas faço o possível para acompanhar seu crescimento. O que anda me preocupando, é que Maria está com idade avançada e infelizmente muito doente. Por mais que eu tente prolongar a vida dela, está ficando cada dia mais difícil. Maria tem um câncer raro, sem cura. Pago todo o tratamento dela, já que ela também é parte de minha família. Sinceramente, eu não sei o que farei sem ela na minha vida e na de Anton, mas sei que esse dia chegará e meu pequeno passará mais uma vez pela dor da perda. Talvez eu devesse procurar alguém para ajudar Maria, e assim já ir se familiarizando com os afazeres domésticos. Difícil vai ser conseguir alguém em que eu confie plenamente como confio em Maria.
- Bolsa máscara, depressa.
- Pronta.
- desfibrilador na potência máxima....afastar!
- Não responde!
- Mais uma vez! - afastar...
- Não responde, doutor!
- Administrar epinefrina! - Vamos...vamos...vamos!
O suor escorria pela lateral de meu rosto, enquanto minhas mãos faziam o possível para salvar aquele homem. Mas foi em vão. Perdi mais um paciente. Saí da sala do CTI cabisbaixo, sentindo-me impotente e inútil, mais uma vez. Já nem pedia ajuda aos céus ajuda pois sabia que não viria.
Caminhei lentamente até a sala de espera, onde se encontravam a esposa e seus dois filhos. Precisava enfim, dar a má notícia a eles.
- Senhora Newmann?
- Sim doutor.
- Seu esposo entrou em choque. Fiz tudo o que estava em meu alcance mas infelizmente ele não resistiu.
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São Ordens Médicas
Romance**ATENÇÃO** Contém tema adulto e linguagem imprópria. Recomendável para maiores de 18 anos. Um médico descrente e rigoroso cria suas próprias regras. Só não contava que ele mesmo iria quebrá-las... É melhor seguir as ORDENS MÉDICAS! Ou o doutor pode...