•Capítulo 6• {Marie}

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Eu estava concentrada lendo meus arquivos dos casos humanos e fazendo anotações, até baterem na minha porta. Fala sério! Já passou das onze da noite, quem em sã consciência de que temos que acordar cedo ainda estaria acordado a essa hora? Você, uma vozinha na minha cabeça respondeu e imediatamente me repreendi, eu tinha bons motivos para estar acordada nesse horário. Eu simplesmente tinha que ler os arquivos e resolver tudo mais rápido que aqueles idiotas, assim, eu ganharia deles e... Não tem ninguém competindo, a vozinha na minha cabeça retrucou e a mandei se calar. Enfim, eu seria melhor e... Você está ficando maluca, a vozinha disse e a xinguei mentalmente.

Voltaram a bater na porta e me sobressaltei, acho que acabei me distraindo.

— Entre. — autorizei, e a porta se abriu imediatamente, revelando Havena do lado de fora do quarto, ela estava com uma pequena pilha de arquivos nos braços.

— Por que demorou tanto pra me mandar abrir? — ela perguntou curiosa e então olhou em volta no quarto, quando seus olhos bateram nos arquivos espalhados pelo quarto, o mural com anotações na parede, garrafas vazias de energético, ela me olhou como se eu tivesse ficado louca. — Não precisa responder, eu já entendi.

Ela andou até a minha escrivaninha bagunçada e colocou seus arquivos em meio a minha bagunça.

— Não vá misturar os seus com os meus. — Avisei, prestando bem atenção onde ela havia colocado os seus arquivos.

— Quantas garrafas disso já bebeu? — ela perguntou enquanto pegava as garrafas vazias de energético espalhadas pelo quarto e eu fingi que não a ouvi.

— Quantas garrafas já bebeu? — ela repetiu e eu olhei para o teto, ignorando-a.

— Marie Peterson. — ela chamou com autoridade e dessa vez olhei automaticamente, era simples, se alguém me chama pelo nome completo sei que estou em apuros.

— Quantas garrafas dessa porcaria você bebeu? — ela disse novamente, dessa vez com um tom mais mandão, e eu evitei olhar os olhos dela.

— Três garrafas. — respondi hesitante.

— Três garrafas? — a voz de Havena era um sussurro.

— Três garrafas, mas sem contar essa — comecei, levantando a garrafa quase vazia ao meu lado, no criado-mudo. — que já está no fim.

— Você tomou quatro garrafas de energético. — a voz de Havena ficou um pouco mais fina, tanta era a sua incredulidade.

— Juro que estou me segurando pra não te bater agora. — ela disse, calma demais. Ela ia começar o sermão, eu sentia isso. E não ia ser silencioso.

— Mas jimaitzuru ukmaon yumuke onmihnron, ukmuke onktons. — ouvi Havena sussurrar o feitiço familiar na língua bruxa baixinho. Senti o ar em volta do quarto mudar rapidamente e depois voltar ao normal, isso eram efeitos da magia. Esse era um feitiço que eles chamavam de feitiço silencioso, se eu não me engano, agora ninguém do lado de fora do quarto poderia ouvi-la gritar comigo, a não ser que ela retirasse o feitiço. O idioma bruxo era, na verdade, um idioma antigo há muito tempo esquecido que a deusa Magá ensinou as bruxas a falar, os feitiços eram todos falados nessa língua, raríssimos feéricos sabiam falá-lo, eu mesma, inteligente que sou, só sabia poucas palavras.

Sangue e MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora