A flor que desabrocha na adversidade.

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As luzes cintilavam em suas retinas conforme ela observava os prédios, o céu, os carros, a arquitetura, a paisagem, o caos e a calmaria da cidade de Nova Iorque. A mulher decidiu passear no meio da noite, pela cidade mais brilhante e movimentada do mundo; pela cidade que nunca dorme, assim como ela. Em sua condição, as luzes e os movimentos excessivos da cidade a estavam deixando um pouco tonta e enjoada, e as noites mal dormidas pareciam bater em sua porta quando sentiu uma onda de sonolência invadir o seu corpo. Mas não desistiria do seu objetivo, o objetivo que ela tinha criado há 5 minutos, e continuou a sua caminhada até que chegasse ao seu destino. Demorou alguns minutos para finalmente tocar a campainha, martirizando-se pelo ato logo em seguida, pelo horário e pela forma como ela iria apresentar-se à outra pessoa. Ou até mesmo pela vergonha de algo que ela não sabia, ou sabia mas não há coragem suficiente para narrar.

A imagem angelical da mulher loira, de brilhantes olhos azuis tão cintilantes quanto as luzes que ela havia visto há pouco, com os cabelos despenteados e os olhos vermelhos e inchados de sono e um robe preto cobrindo a sua roupa de cama se fez presente em suas retinas cansadas. Olivia Benson sentiu vontade de chorar, não sabendo exatamente o porquê, mas mordeu o seu lábio inferior para suprimir o soluço que escaparia de sua boca, e antes que Alex Cabot pudesse expressar verbalmente a sua preocupação, Olivia pediu: - Posso entrar? - solicitou com a face de uma criança abandonada. Uma mulher abandonada, pelo parceiro, especificamente. E Alex abriu mais a porta, dando passos para trás fazendo com que Olivia caminhasse até o apartamento luxuoso do bairro nobre de Nova Iorque.

Percebendo o estado de Olivia, a promotora ajudou-a com o cardigan quentinho que estava preso ao seu corpo, revelando para Alex a mesma roupa que ela havia visto Olivia mais cedo: a calça preta e a blusa azul de cetim. - Tá tudo bem, Liv? - mesmo sabendo que não estava, ela se prontificou em perguntar, colocando o casaco da amiga no local destinado próximo à porta de entrada.

A detetive não respondeu nada, apenas caminhou até o sofá e sentou-se permanecendo de costas para a promotora. Não estava sendo mal educada ou ignorando a pergunta de Alex, estava apenas tentando controlar o choro que se formou em sua garganta para que não escapasse. A tentativa falhou no exato momento em que a loira, percebendo que alguma coisa estava acontecendo, sentou-se ao lado de Olivia e posicionou uma das mãos nas costas dela. Pareceu instantâneo como a junção do vermelho e azul causa o roxo de forma instantânea numa mistura homogênea, mas o choro de Olivia era tão heterogêneo que, quando começou, ela não conseguiu parar. Os soluços escapavam de sua boca como pedidos de socorro, que Alex prontamente atendeu abraçando a mulher por trás, como podia, posicionando o queixo no ombro dela e descansando a própria cabeça na cabeça dela. As mãos segurando os braços de Olivia que enlaçavam o próprio corpo. - Todo mundo pensa que eu estou destruída somente por causa do Elliot. Não é isso, Alex. - começou sua explicação, que estava sendo seguida por uma Alex bastante atenciosa e compreensiva, que apenas lhe oferecia um carinho, um abraço e um par de ouvidos para ouvir seus lamentos. Mesmo que de certo modo ela estivesse estranhando ver Olivia chorar, coisa que ela jamais havia visto em todos os anos que conviveu com aquela mulher. - Eu... - Ela começou mas não teve coragem de continuar. - Eu estou grávida, Alex. - confessou, fechando os olhos logo em seguida como se uma bomba fosse explodir diante dos seus olhos. Como se a bomba em si não fosse o fato dela estar grávida.

A bomba explodiu diante dos olhos de Alex, que gaguejou uma, duas, três vezes antes de finalmente pensar para dar uma resposta mais agradável para a amiga. Exceto que não havia nada de agradável ali, o clima tenso lhe deixava sem sequer saber dizer se Olivia Benson estava feliz porque teria um bebê. - Você tá feliz com isso, Liv? - teve o cuidado de perguntar, afastando sua cabeça um pouco da dela somente para olhar para a morena, e Olivia espelhou seu ato, e as duas ficaram a poucos centímetros de distância uma da outra.

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