morada

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"COMO CORTAR PELA RAIZ SE JÁ DEU FLOR

COMO INVENTAR UM ADEUS SE JÁ É AMOR"

Eloise Bridgerton sabia algumas coisas nessa vida. Sua persuasão, sua própria verdade, suas tentações. Entretanto, nunca pensou que, em um dia qualquer, se esbarasse em algo tão penetrante que a desestabilizasse.

Em um dia de junho, daqueles que o sol aparece para marcar sua presença, ele surgiu como algo arrebatador, no meio de arbustos, e naquele instante Eloise sabia estar perdida, algo que nunca passou por suas certezas. Aos 28 anos, acreditava estar para sempre na vida de solteirice - diferente de Penelope, sua melhor amiga, que estava agora namorando seu irmão Colin, ou de qualquer um dos irmãos mais velhos e até mesmo Francesca que se apaixonou dessa maneira duas vezes.

O nome dele era Phillip Crane.

No lugar de troca de olhares, eles trocaram informações sobre flores. No lugar de números de telefones, trocaram e-mails para continuar uma conversa sobre algo tão simples. Enquanto Crane caminhava para seu escritório, perdido no meio de folhagens verdes, Eloise ouviu sua própria mãe suspirar, tirando seu próprio sentimento do peito. Enquanto olhava o cartão em sua mão, Eloise se preocupava em como realmente falar com o homem que com gesto tão simples, quase a levará sua alma junto.

- Um "olá" será suficiente, querida. - disse sua mãe ao encará-la. Eloise sorriu timidamente para a mãe, enquanto mirava aquela velha cabana que Crane se encontrava no momento. Formigamentos percorriam seu corpo e se perguntava se suas irmãs poderiam lhe explicar a razão de tais efeitos em seu corpo.

Deus, estava parecendo uma adolescente e sua primeira paixão escolar.

  xXx

Phillip Crane sabia o que era amar. Amava seu irmão antes de sua morte; amou Marina Thompson e, principalmente, amava seus filhos Oliver e Amanda.

Entretanto, nunca pensou em se transformar tanto por uma simples troca de olhares e uma conversa simples sobre flores. Em todo seu trabalho como botânico, nunca pensou que algo lhe traria um sorriso no rosto tão rapidamente como Eloise Bridgerton. Aqueles olhos o enfeitiçaram com um brilho anormal em sua alma.

- Qualquer coisa, basta me mandar um e-mail, ou ligar para cá. - disse na esperança de ser sutil na arte de um flerte. - Ou, se preferir, mande cartas que responderei pessoalmente.

Enquanto caminhava de volta para seu escritório no meio das folhagens, percebeu que deseja encontrar as flores mais belas para entregar àquela mulher que o deixou sem ar, que parecia estar se segurando em palavras para não dizer nada errado. Suas feições tão delicadas que pareciam esculpidas. Ele estava enamorado, perdidamente enamorado por alguém que conversou por minutos.

- Que sorriso bobo é esse, Crane? - perguntou um funcionário que mal lembrava o nome no momento. E, se fosse sincero, não queria compartilhar suas próprias descobertas românticas com ninguém.

   xXx

Em sua defesa, Eloise começou a escrever um e-mail para Phillip Crane. Tentou ser extremamente formal, depois informal, algo mais sutil..., porém, tudo resultava em frustração. Entretanto, quando pegou aquele papel esquecido em uma caixa, a escrita fluiu, deixou de ser algo difícil. Escreveu "Para Phillip" com delicadeza, em sua melhor letra.

xXx

Ao receber a carta dela, Phillip não pode conter o sorriso no rosto. Fez de sua missão enviar outra com endereço de sua casa e enviar junto ramalhetes de violetas brancas, como promessa que há algo ali. De alguma forma, ele sabia que não era algo passageiro e que Eloise também sentiu uma conexão (a carta pessoal significava isso).                    

Escrever o nome "Eloise Bridgerton" no papel soou correto - e uma parte dele queria testar, igual um adolescente, seu sobrenome junto ao dela. Ao explicar as violetas brancas e seu significado, além de comentar parte de sua vida pessoal, lhe pareceu correto. Se sentia em uma versão dos anos 1800, e talvez estivesse em sua mente.

Seja como fosse, acreditava no potencial de evoluir para algo a mais que apenas troca de cartas.

xXx

Quando recebeu a carta de Phillip, um sorriso bobo apareceu em seu rosto.

- Está tudo bem? - perguntou Penelope à Eloise, que assentiu. A amiga deu uma olhada no que a amiga segurava e sorriu. Sabia de poucos detalhes, apenas o que Violet Bridgerton contou as noras e filhas sobre o rapaz em um jantar qualquer.

Desta vez, Eloise apreciava cravos vermelhos enviados por Phillip. Antes, ele havia enviado frésias, hibiscos, violetas brancas e margaridas, flores pelas quais buscou significado e se apaixonada cada vez mais pelo botânico. Eloise se sentia nos céus a cada carta enviada ao rapaz, e por todos os detalhes escritos, tanto os pessoais (como saber que ele era viúvo com dois filhos gêmeos de oito anos), quanto sobre profissional (que ele desejava escrever um grande manual botânico).

Ela mesma se apresentava e se sentia confortável ao escrevê-lo sobre sua vida.

- Estou ótima, na realidade. - Eloise disse à amiga e se apegou ao papel.

xXx

Não demorou muito para se encontrarem novamente, fora dos portões dos jardins. Livres de incertezas, eles caminharam juntos pelas ruas de Londres tímidos por não saberem agir perto do outro.

- Então, - disse Phillip tentando encaixar sua mão na dela ao estarem perto do restaurante escolhido para o encontro, sem saber começar uma conversa.

- Tudo bem estarmos nervosos, não é? É diferente. - Eloise disse entrelaçando os dedos com os dele. Seus sorrisos se completavam. Suas respirações eram sincronizadas.

- Posso fazer algo que desejo desde que te olhei? - perguntou Phillip à dama. Ela assentiu e se aproximou de seu rosto sabendo exatamente o que ele dizia. Enquanto ela envolveu seus braços no pescoço dele, Phillip colocava suas mãos, delicadamente, no rosto de Eloise. O beijo foi algo monumental para ambos, com a fricção dos lábios em perfeita harmonia.

Os lábios de ambos de entreabriram para que as línguas explorassem o interior das bocas. Dançavam, se embebedavam da essência do outro. Era pura magia (algo que nenhum jamais havia sentido anteriormente na vida amorosa). Era algo inédito, fervor puro.

Quando se separaram, as faces emolduravam sorrisos. Suas mãos se entrelaçaram novamente e, por fim, chegaram ao destino selecionado. Nada poderia estragar o momento deles. Nada poderia fazê-los desistir de algo tão puro como o sentimento que os envolvia.


FIN.

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