One Nigth

Onda

A pergunta de Grover reverberou em meu corpo por quase meia hora. Ainda meio alheia aos acontecimentos ao meu redor, tento guardar a sete chaves todos aqueles sentimentos que invadiram meu corpo desde a dúvida até o parto. A verdade é que eu me envergonhava de ter sentindo aquelas coisas, de ter tido aqueles  pensamentos. Então, tudo começou a parecer muito demais para mim, a vontade de ir embora consome meu corpo.

-Annie? - ouço a voz grossa mas ao mesmo tempo suave de Percy.

Me volto para os olhos verde-mar que me olham preocupados e sei nesse exato momento que ele sabe, ou pelo menos imagina, o que eu estou sentindo agora. Conforme Percy aproxima sua mão da minha, permito-me ser preenchida pela calmaria que ele sempre me trás; permito-me voltar no tempo em uma noite qualquer, há três anos atrás.

A nada sutil mudança em seus olhos me faz dar o próximo passo. Beijo-o com todo meu ser deixando todo o desejo reprimido enfim saísse. Percy tem gosto de água salgada me levando instantaneamente ao mar, sinto a leve brisa de verão atravessando meu corpo quando suas mãos encontraram minha cintura, sinto a areia quentinha sob meus pés quando ele começa a deixar beijos pelo meu pescoço e sinto a força do mar quando vejo novamente seus olhos, tão obscuros pelo desejo. É assim que sei que estou prestes a ser consumida por um furacão.

Balanço a cabeça fortemente quando percebo que minha mente voltou para o único dia onde vi Percy ser um mar revolto ao invés da calmaria na qual estou acostumada. Vejo-o franzir as sobrancelhas ao perceber meu gesto mas, no momento, não há nada que eu possa dizer.

-Mamãe, o tio Jason vai me levar pra ver os bonecos dele de super-homem, tá bom? 

Ouço a voz de minha criança me chamar e automaticamente um sorriso se forma em meu rosto. Mesmo com tantas dúvidas e motivos para desistir, eu fico feliz por nunca tê-lo feito. Sou grata a Annabeth do passado por me dar os melhores momentos ao lado da pessoa que mais amo neste mundo. 

Sem esperar pela minha resposta, vejo o loiro entrar na casa de mãos dadas com meu filho e percebo que Leo terá um rival para disputar a preferencia de Lucca; sei que meu amigo não vai gostar nada disso. 

-Percy.- chama Reyna. - Porque você não mostra pra Annie a obra de arte que eu fiz no seu quarto?

Olho-o intrigada e  o próprio oceano me convida silenciosamente. Em questão de segundos estamos adentrando seu quarto.

-Uau.- Digo. - Isso é realmente a sua cara.

O moreno ri e me convida a sentar em sua cama, o que eu faço sem pestanejar. Ambos absortos em meio a decoração azul, sentindo a paz e a calmaria adentrarem em nosso coração. 

-Você ainda não viu a melhor parte.- Diz ele.

Antes que possa se quer responder, Percy me empurra de forma que eu deite em sua cama e uma vontade de perguntar o que raios ele está fazendo me invade, porém é rapidamente substituída pela surpresa. No teto, uma pintura com as cores do mar estão, trazendo a sensação de estarmos dentro de uma onda. Consigo imaginar claramente ele aqui, deitado, olhando por horas e horas para o teto, apenas deixando essa sensação de paz invadir seu ser.

-Gostou? - pergunta ele.

Percebo apenas agora que Percy está de lado, apoiado em seu braço enquanto seus olhos verde-mar estão fixos em mim. Seus lábios estão formando um sorriso de canto que me faz querer prova-los novamente.

-Gostei. - digo em um sussurro fraco.

Percy parece entender o motivo pelo meu sussurro porque seu sorriso se abre ainda mais. De forma lenta e dolorosa ele se aproxima de mim até ficarmos a meros centímetros um da boca do outro.